Grupos de Terapia Ocupacional como estratégia de cuidado em saúde mental: a percepção de familiares cuidadores de pessoas com diagnóstico de esquizofrenia
Occupational Therapy Groups as a mental health care strategy: the perception of family caregivers of people diagnosed with schizophrenia
Publication year: 2021
A esquizofrenia é um transtorno mental crônico que pode alterar a cognição, as relações afetivas, o funcionamento ocupacional e tornar a pessoa dependente para a realização de atividades de vida diária, como o autocuidado e a higiene pessoal. Após a Reforma Psiquiátrica, junto à rede substitutiva de saúde mental, a família assume papel relevante no cuidado do parente acometido pelo referido transtorno. Contudo, na maioria das vezes o familiar cuidador se mostra despreparado ao se deparar com as dificuldades cotidianas do parente sob seus cuidados, seja na oferta do auxílio necessário para o desempenho ocupacional ou no modo em lidar com as crises. Desta forma, considerando as proposições da literatura científica sobre programar estratégias psicossociais de atenção ao cuidador e ao grupo familiar, este estudo teve como objetivo analisar, na perspectiva dos familiares cuidadores, como os Grupos de Terapia Ocupacional os auxiliam nos cuidados de pessoas com diagnóstico de esquizofrenia. Pesquisa de natureza qualitativa descritiva, realizada em uma Associação de apoio à pessoa com transtorno mental de um município do interior do estado de São Paulo, Brasil. Teve como participantes seis familiares cuidadores de pessoas com diagnóstico de esquizofrenia de suas próprias famílias, usuárias da referida Associação, que passaram por intervenções por meio de Grupos de Terapia Ocupacional, em cinco encontros semanais, com duração de cinquenta minutos, que foram gravados, com abordagem predominante sobre aspectos da vida ocupacional, e responderam, também, um Questionário Autoaplicável, com questões respondidas antes e depois das intervenções com os referidos Grupos. Os dados coletados através dos Grupos e de parte do Questionário Autoaplicável (especialmente sobre as contribuições grupais), foram transcritos e analisados à luz da análise de conteúdo. Os resultados mostraram que os conteúdos provenientes do Questionário Autoaplicável e dos Grupos de Terapia Ocupacional se diferenciaram em três aspectos, dando origem a três categorias, sendo elas: 1) Ocupações, 2) Papel de Cuidador e 3) Percepções sobre os Grupos de Terapia Ocupacional, que possibilitaram a identificação das dificuldades vivenciadas pelas participantes a partir do olhar delas próprias. Assim, foi possível considerar que na perspectiva das familiares cuidadoras, os Grupos de Terapia Ocupacional as auxiliaram nos cuidados de seus familiares com diagnóstico de esquizofrenia à medida que forneceu escuta e informações referentes ao transtorno mental, as auxiliando na elaboração de estratégias para enfrentamento de dificuldades cotidianas com o seu familiar. Proporcionou uma maior percepção do papel desempenhado no grupo familiar através das ocupações e promoveu o cuidado para elas mesmas, que demonstraram se perceberem mais instrumentalizadas após a participação nos Grupos em questão, facilitando as tarefas de cuidados. Como limitações, pode-se apontar o número relativamente pequeno de encontros grupais, como também, o número relativamente pequeno de participantes. Entende-se, portanto, que realizações de estudos envolvendo Grupos de Terapia Ocupacional com um número maior de encontros, e voltados a um número maior de familiares cuidadores de seus parentes com esquizofrenia, podem mostrar resultados ainda melhores e com benefícios a mais familiares com características semelhantes à das participantes da presente pesquisa
Schizophrenia is a chronic mental disorder that can alter cognition, personal relationships, occupational functionality, and lead a person to depend on others for daily activities performance, such as self-care and personal hygiene. With the Psychiatric Reform and the substitute mental health network, the family assumed an important role in the care of the relative affected by the referred disorder. However, most of the time, the family caregivers are unprepared to support the relative under their care, either in offering the help needed for occupational performance or when dealing with the relative in crises. Thus, considering the propositions of the scientific literature about planning psychosocial strategies of care to support the family caregivers, this study aimed to analyze how Occupational Therapy Groups assist them in the care of people diagnosed with schizophrenia, from the perspective of family caregivers. Qualitative and descriptive research was carried out in an Association to support people with mental disorders in a city of the state of São Paulo, Brazil. In this study, we included six family caregivers, from people diagnosed with schizophrenia in their own families, and users of that Association, who underwent interventions through Occupational Therapy Groups, in five weekly meetings. Meetings lasted fifty minutes, were recorded, and the predominant approach was on aspects of occupational life. The subjects answered a Self-Applicable Questionnaire, with questions answered before and after the interventions with the referred Groups. The data collected from the Groups and part of the Self-Applicable Questionnaire (especially on group contributions), were transcribed and analyzed in the light of content analysis. The results showed that the contents of the Self-administered Questionnaire and the Occupational Therapy Groups differed in three main aspects, namely: 1) Occupations, 2) Role of Caregiver and 3) Perceptions about Occupational Therapy Groups, which allowed for the identification of the difficulties experienced by the participants from their perspective. Therefore, from the perspective of family caregivers, the Occupational Therapy Groups helped them to care for their relatives with a diagnosis of schizophrenia. The groups provided listening and information regarding the mental disorder, helping them to elaborate strategies to face difficulties with your relative. Furthermore, the groups provided a greater perception of their role in the family group through occupations and promoted self-care so the caregivers perceived themselves to be more instrumentalized after participating in the groups, facilitating care tasks. As limitations, one can point out the relatively small number of group meetings, as well as the relatively small number of participants. In conclusion, Occupational Therapy Groups have great potential to improve the care and benefit more caregiving family members, especially with a greater number of meetings and the inclusion of greater number of family caregivers of their relatives with schizophrenia