Qualidade dos cuidados ao doente com AVC: O impacto da implementação do protocolo FESS ( Fever; Sugar; Swallow)

Publication year: 2020

Introdução:

O acidente vascular cerebral (AVC) é considerado a segunda causa de morte a nível mundial e a principal responsável pela incapacidade adquirida. A febre, a hiperglicemia e a disfagia são complicações frequentes nos doentes com AVC e indicadores de pior prognóstico. O estudo QASC (Quality in Acute Stroke Care), na Austrália, concluiu que a iniciativa de Enfermagem na implementação de protocolos para avaliar e gerir a febre, a hiperglicemia e a deglutição contribui para a redução da morte e a dependência após AVC. O presente documento apresenta os resultados de um estudo que teve por objetivo avaliar o impacto da implementação dos protocolos FeSS (Fever, Sugar, Swallow) nos doentes com AVC internados numa Unidade de AVC de uma instituição da zona Centro de Portugal.

Metodologia:

Estudo quantitativo, descritivo-comparativo, longitudinal prospetivo, quase experimental. As amostras foram constituídas por 46 doentes antes da implementação do protocolo e por 42 doentes após a implementação do protocolo.

Resultados e Conclusões:

Verificou-se uma reduzida percentagem de cumprimento do protocolo FeSS mesmo após a sua implementação. Ainda assim, destaca-se uma relação estatisticamente significativa (p<0,05) entre os grupos relativamente ao cumprimento do protocolo de monitorização da temperatura, com maior número de doentes monitorizados de acordo com o protocolo no segundo grupo. Foi constatado que existem diferenças estatisticamente muito significativas dos valores do índice de Barthel entre o momento da alta e três meses após o AVC, tanto nos doentes em que foi implementado o protocolo FeSS como nos que não foi aplicado. Os doentes dos dois grupos apresentaram valores significativamente mais elevados do índice de Barthel após 3 meses da ocorrência do AVC. Relativamente aos valores da escala de Rankin modificada (funcionalidade) entre o momento da alta e o dos três meses após o AVC, constatou-se que não existem diferenças estatisticamente significativas em ambos os grupos. Em conclusão podemos referir que, na amostra estudada, não se verificaram benefícios significativos nos graus de independência e funcionalidade dos doentes com AVC com a implementação do protocolo FeSS.

Introduction:

Stroke is considered the world’s second leading cause of death and foremost responsible for acquired disability. Fever, hyperglycaemia and dysphagia are frequent complications in stroke patients and indicators of poorer prognosis. The QASC (Quality in Acute Stroke Care) study, in Australia, concluded that Nursing’s initiative in implementing protocols to manage fever, hyperglycaemia, and swallowing dysfunction contribute to a reduced death rate and incapacity after stroke. This document presents the results of a study that aimed to evaluate the impact of the implementation of FeSS protocols (Fever, Sugar, Swallow) on stroke patients admitted to the Stroke Unit of an institution in the central region of Portugal.

Methodology:

Longitudinal prospective, descriptive comparative quantitative study, almost experimental. The samples are built out of a universe of 46 patients admitted before the implementation of the protocol and 42 patients after the implementation of the protocol.

Results and conclusions:

There was a reduced percentage of compliance with the FeSS protocol even after its implementation. Nevertheless, a statistically significant relationship (p<0.05) stands out in compliance with the temperature monitoring protocol, with a higher number of patients monitored according to the protocol in the second group. It was found that there are statistically very significant differences in Barthel index values between the time of discharge and the three months after stroke, both in patients the whom the FeSS protocol was followed and those where no specific protocol was applied. Patients in both groups have significantly higher Barthel index values 3 months after the stroke. Regarding the values of the modified Rankin scale (functionality) between the moment of discharge and the three months after having a stroke, it was found that there are no statistically significant differences between both groups. In conclusion, we can mention in this study, the implementation of the FeSS protocol did not translate into significant benefits in the degrees of independence and functionality of stroke patients.