Precauções básicas do controlo da infeção: Contributos para a melhoria das práticas em contexto pré-hospitalar
Publication year: 2022
Os cuidados de saúde em ambiente pré-hospitalar devem cumprir as recomendações baseadas em evidência, impondo-se a necessidade de implementar uma prática segura que minimize a transmissão de agentes infeciosos para os doentes ou para o próprio prestador de cuidados. As precauções básicas do controlo da infeção são medidas fundamentais para prevenir a transmissão de agentes potencialmente infeciosos, a aplicar em todas as situações de cuidados de saúde, nomeadamente no pré-hospitalar. O estudo tem como finalidade analisar os aspetos organizacionais do contexto pré-hospitalar e avaliar os conhecimentos dos profissionais de saúde (bombeiros, técnicos de emergência do pré-hospitalar, médicos e enfermeiros) no âmbito das precauções básicas do controlo da infeção e das medidas de isolamento. Trata-se de um estudo do tipo observacional, descritivo, correlacional e transversal, com uma amostra de 317 profissionais, de ambos os sexos e média de idade de 37.9 (DP=7.04), que exercem funções em Portugal Continental. O instrumento de colheita de dados foi construído especificamente para este estudo, com base na revisão da literatura e inclui três domínios: caraterização sociodemográfica e profissional, organização do serviço no âmbito do controlo de infeção, conhecimentos relacionados com as precauções básicas do controlo da infeção e as medidas de isolamento. Os resultados revelaram, a nível organizacional, fatores favoráveis ao controlo de infeção, nomeadamente, estratégias de sensibilização para a higiene das mãos e etiqueta respiratória, assim como disponibilidade de equipamento de proteção individual e de solução antissética de base alcoólica, embora com margem para melhoria na organização dos profissionais dedicados ao controlo de infeção. Em termos formativos a maioria dos participantes teve formação em controlo de infeção nos últimos cinco anos, no entanto, essa formação não se espelha nos conhecimentos demonstrados. Os resultados revelaram que os participantes detêm um conhecimento globalmente suficiente em relação às precauções básicas, com um valor médio de 10,3 (DP=1.88), para um total de 15 questões, traduzindo 68.86% de respostas corretas, contudo, o conhecimento foi insuficiente em relação às medidas de isolamento, com um valor médio de 3.1 (DP=1.96), para um total de oito questões, e uma percentagem de apenas 38,75% de respostas corretas. Foi ainda estudada a associação entre variáveis com resultados estatisticamente pouco significativos. As necessidades formativas identificadas pelos participantes vão ao encontro dos défices de conhecimentos revelados. Os resultados obtidos apontam áreas formativas emergentes no âmbito dos conhecimentos referentes às precauções básicas e às medidas de isolamento, e traduzem a necessidade de implementar um plano de formação abrangente, incluindo todos os grupos profissionais com o intuito de melhorar os conhecimentos e facilitar a sua translação para a prática clínica. Futuramente será oportuno a realização de mais estudos que incluam também auditorias às práticas, para facilitar uma compreensão mais completa das necessidades formativas.
Health care in a pre-hospital setting must comply with the evidence-based recommendations, imposing the need to implement a safe practice that minimizes the transmission of infectious agents to patients or to the care provider. Standard Precautions are crucial measures to prevent the transmission of potentially infectious agents, and to apply in all health care situations, namely in pre-hospital care. The study aims to analyse the organizational aspects of the pre-hospital setting and to assess the knowledge of health professionals (firefighters, pre-hospital emergency technicians, doctors and nurses) within the scope of basic precautions and isolation precautions. It is an observational, descriptive, correlational and cross-sectional study, with a sample of 317 professionals, of both genders, and an average age of 37.9 years (SD=7.04), who work in mainland Portugal. The instrument used for data collection was developed specifically for this study, based on the literature review, and includes three domains: sociodemographic and professional characterization, service organization in the context of infection control, knowledge related to standard precautions and isolation precautions. Results showed, at an organizational level, factors favourable to infection control, namely awareness strategies for hand hygiene and respiratory etiquette, as well as availability of personal protective equipment and alcohol-based antiseptic solution, although with room for improvement in the organization of professionals dedicated to infection control. Regarding training, most participants received training in infection control in the last five years; however, this training is not reflected in the knowledge professionals showed. Results evidences that participants have a globally sufficient knowledge about standard precautions, with an average score of 10.3 (SD =1.88), for a total of 15 questions, translating 68.86% of correct answers, however, knowledge was insufficient in what concerns the isolation precautions, with an average score of 3.1 (SD =1.96), in a total of eight questions, a percentage of only 38.75% of correct answers. It was also studied the association between variables, with statistically non-significant results. The training needs identified by the participants fall in line with the revealed knowledge deficits. The obtained results point out emerging formative areas within the scope of knowledge regarding standard precautions and isolation precautions, and translate the need to implement a comprehensive training plan, including all professional groups, aiming to improve knowledge and ease its translation for clinical practice. In the future, it will be important to carry out more studies that also include audits of practices, in order to facilitate a more complete understanding of the training needs