Publication year: 2021
Introdução:
O Sistema Único de Saúde (SUS) possui uma rede de atenção cuja Atenção Básica (AB) é o ponto fundamental para ordenar os serviços e coordenar o cuidado. A fim de enfrentar os desafios de implementação do SUS e da AB, o Ministério da Saúde (MS) construiu políticas públicas como diretrizes para a gestão dos serviços e o cuidado. Uma delas é a Política Nacional de Humanização (PNH), que propõe o Apoio Institucional (AI) enquanto um dispositivo de intervenção transformador das práticas, a partir de um "modo de fazer", articulando as unidades da rede de saúde e valorizando o diálogo com as equipes. Uma outra política que se articula a essa é a Política Nacional de Educação Permanente em Saúde (PNEPS), constituindo-se enquanto estratégia para o desenvolvimento das relações e mudança das práticas nos serviços de saúde. No entanto, essas políticas propõem práticas que divergem dos modos tradicionais de se operar junto às equipes e requerem estratégias de acompanhamento do trabalho em saúde que favoreçam processos analíticos voltados para os usuários e suas necessidades de saúde. Há que se produzir dispositivos e práticas para o AI e a Educação Permanente em Saúde (EPS). Desta forma, temos como questão norteadora desta pesquisa: Quais ações têm sido realizadas pelas apoiadoras institucionais do Departamento Regional de Saúde (DRS) de Araraquara para a implementação dessas políticas? Quais facilidades e/ou dificuldades encontradas por estas atoras para exercer suas funções junto às equipes? Objetivo: O objetivo geral desta pesquisa é analisar as ações desenvolvidas pelas profissionais que compõem o quadro de apoiadora de humanização e articuladora de EPS, buscando identificar aspectos (des)favoráveis (potências e desafios) encontrados por estas atoras para o exercício de suas funções. Percurso Metodológico:
Trata-se de um estudo de abordagem qualitativa, articulado a um projeto de pesquisa finalizado em 2018, intitulado: "Apoio Institucional e Educação Permanente em Saúde em uma Região de Saúde do interior de São Paulo: uma pesquisa intervenção" (Processo FAPESP N° 2016/15199-5). A pesquisa foi desenvolvida em Araraquara e contou com a participação de 35 profissionais, mediante assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) - Protocolo nº CAEE - 68438217.8.0000.5393. As participantes deste estudo foram as apoiadoras de humanização e as articuladoras de EPS, indicadas pelos gestores municipais e que atuam junto às equipes de saúde da atenção básica dos 24 municípios pertencentes ao DRS III. Para a produção dos dados foram utilizados dois encontros de análise de práticas, gravados em mídia digital, com média de duas horas de duração, e transcritos na íntegra. Estes dados foram sistematizados e codificados automaticamente através do Software:
NVivo. O referencial teórico está pautado em autores do campo da saúde coletiva, convergentes com as políticas públicas de saúde que embasam este estudo: a PNH e a PNEPS. Resultados:
Na análise dos dados foram identificados dois grandes eixos: As ações desenvolvidas pelas apoiadoras e articuladoras (ações em prol da organização da rede de atenção, ações educativas e ações diagnósticas que norteiam o trabalho); Os aspectos que facilitam (apoio da gestão; o conhecimento e as experiências para a superação das dificuldades encontradas) ou que dificultam (a categoria profissional, os conflitos, realizar reuniões de equipe, despreparo para lidar com grupo, entender o seu papel e o sentimento de estar sozinho) ao realizarem suas funções com as equipes. Considerações Finais:
O presente estudo teve o propósito de contribuir para o aprimoramento de práticas que qualifiquem o cuidado e o SUS, por meio do apoio institucional e de ações de EPS, tendo a PNH e a PNEPS como pilares de sustentação para o exercício destas funções. As ações para a organização da rede assistencial dos municípios e de atualização dos profissionais são exercidas pelas apoiadoras institucionais. Há dificuldades na lida com conflitos e na intermediação com a gestão. O AI em conjunto com a EPS revelaram-se como importantes ferramentas para integrar as equipes de saúde e a gestão, por facilitarem a troca de práticas e saberes. Somado a isso, os encontros de análise de práticas se mostraram como outra potente ferramenta de trabalho mobilizadora de mudanças nos diversos contextos. Entendemos que a análise e divulgação de práticas concretas contribui para o avanço de debates e reflexões quanto aos modos de produzir saúde no âmbito do SUS
Introduction:
The Unified Health System (UHS) has a care network whose Primary Health Care (PHC) is the fundamental point to order services and coordinate care. In order to face the challenges of implementing UHS and PHC, the Ministry of Health (MH) built public policies as guidelines for the management of services and care. One of them is the National Humanization Policy (NHP), which proposes Institutional Support (IS) as an intervention device that transforms practices, based on a "way of doing", articulating the units of the health network and valuing dialogue with the teams. Another policy that is linked to this is the National Policy on Permanent Education in Health (NPPEH), which constitutes a strategy for the development of relationships and changes in practices in health services. However, these policies propose practices that diverge from the traditional ways of operating with teams and require strategies for monitoring health work that favor analytical processes aimed at users and their health needs. Devices and practices for IS and Permanent Health Education (PHE) must be produced. Thus, the guiding question of this research is: What actions have been taken by institutional supporters of the Regional Department of Health (RDH) of Araraquara for the implementation of these policies? What facilities and/or difficulties did these actors find to exercise their functions with the teams? Objective: The general objective of this research is to analyze the actions developed by the professionals who make up the framework of supporters of humanization and articulators of PHE, seeking to identify (un)favorable aspects (powers and challenges) found by these actors for the exercise of their functions. Methodological Path:
This is a study with a qualitative approach, articulated with a research project completed in 2018, entitled: "Institutional Support and Permanent Health Education in a Health Region in the interior of São Paulo: an intervention research" (Process FAPESP No. 2016/15199-5). The research was carried out in Araraquara and had the participation of 35 professionals, who signed the Informed Consent Term - Protocol CAEE 68438217.8.0000.5393. The participants of this study were the supporters of humanization and the articulators of PHE, indicated by the municipal managers and who work with the primary care health teams in the 24 municipalities belonging to the RDH III. For the production of data, two meetings of analysis of practices were used, recorded in digital media, with an average duration of two hours, and transcribed in full. These data were systematized and coded automatically through the Software:
NVivo. The theoretical framework is based on authors from the field of collective health, converging with the public health policies that support this study: the NHP and the NPPEH. Results:
In the data analysis, two main axes were identified: The actions developed by the supporters and articulators (actions in favor of the organization of the care network, educational actions and diagnostic actions that guide the work); Aspects that facilitate (management support; knowledge and experiences to overcome the difficulties encountered) or that make it difficult (professional category, conflicts, holding team meetings, unpreparedness to deal with a group, understanding their role and feeling of being alone) when carrying out their duties with the teams. Final Considerations:
This study aimed to contribute to the improvement of practices that qualify care and the UHS, through institutional support and PHE actions, with the NHP and NPPEH as supporting pillars for the exercise of these functions. Actions for the organization of the healthcare network in the municipalities and for the updating of professionals are carried out by institutional supporters. There are difficulties in dealing with conflicts and in intermediating with management. The IS together with the PHE proved to be important tools to integrate the health and management teams, as they facilitate the exchange of practices and knowledge. Added to this, the practice analysis meetings proved to be another powerful work tool that mobilized changes in different contexts. We understand that the analysis and dissemination of concrete practices contributes to the advancement of debates and reflections on ways to produce health within the scope of the UHS