Carga de trabalho dos enfermeiros de família relacionada com os cuidados à família no âmbito do papel parental
Publication year: 2022
No contexto dos cuidados de saúde primários (CSP) em Portugal, o enfermeiro de família assume a prestação de cuidados à família como unidade de cuidados, no âmbito do papel parental, promovendo a sua capacitação para o desempenho do mesmo. No exercício profissional, tem o dever de garantir a segurança e qualidade dos cuidados, de acordo com as dotações seguras dos cuidados de enfermagem, que contemplam a influência da carga de trabalho. Foi realizado um estudo para identificar as intervenções que os enfermeiros de família realizam no âmbito do papel parental, determinar o tempo gasto em cada uma dessas intervenções e no seu conjunto, e analisar a relação entre a composição familiar, classe social e perceção da funcionalidade da família e o tempo gasto nas intervenções realizadas. Trata-se de um estudo descritivo-correlacional, de natureza quantitativa, cuja amostra não probabilística acidental incluiu 170 famílias inscritas nas Unidades de Saúde Familiar (USF) e Unidades de Cuidados de Saúde Personalizados (UCSP) de um Agrupamento de Centros de Saúde (ACeS), inserido numa Unidade Local de Saúde (ULS) da região norte de Portugal, a quem foi aplicado o formulário “IACTENFF – Consulta de Enfermagem à Família_CE”, entre Maio e Julho de 2021. Destacou-se uma maior intervenção dos enfermeiros de família na vertente do conhecimento do papel, sobretudo na avaliação do conhecimento e ensino sobre o desenvolvimento infantil e o padrão alimentar. Em média, foram necessários 20,46 minutos por consulta, para o enfermeiro de família realizar o conjunto de intervenções no âmbito do papel parental. Desse tempo, 13,53 minutos foram dedicados a intervenções sobre o conhecimento do papel, 5,28 minutos sobre comportamentos de adesão, 1,55 minutos sobre consenso, conflito e saturação do papel e 0,10 minutos sobre a adaptação da família à escola. As famílias com mais filhos e com filho mais velho com mais idade implicaram maior gasto de tempo do enfermeiro de família nas intervenções associadas aos comportamentos de adesão. No caso de famílias com nível socioeconómico superior, o tempo gasto pelo enfermeiro de família foi superior em todas as dimensões operativas do papel parental. Nas famílias com perceção de disfuncionalidade familiar, o enfermeiro de família gastou mais tempo para intervir sobre o “conhecimento do papel”, “comportamentos de adesão” e “consenso, conflito e saturação do papel”. Estes resultados podem contribuir para a construção de uma matriz orientadora de dotação segura para os enfermeiros de família.
In the context of primary health care (CSP) in Portugal, the family nurse assumes the provision of care to the family as a care unit, within the scope of the parental role, promoting their capacity to perform the same. In professional practice, it has the duty to ensure the safety and quality of care, according by safe staffing of nursing care, which includes workload's influence. A study was carried out to identify the interventions that family nurses perform within the scope of parental role, determine the time spent on each of these interventions and as a whole, and analyze the relationship between family composition, social class and the family functionality perception and the time spent in the interventions performed. This is a descriptive-correlational study of a quantitative nature, whose accidental nonprobabilistic sample included 170 families enrolled in the Family Health Units (USF) and Personalized Health Care Units (UCSP) of a Health Centers Group (ACeS), inserted in a Local Health Unit (ULS) in the northern region of Portugal, to whom the “IACTENFF – Consulta de Enfermagem à Família_CE” form was applied, between May and July of 2021. A greater intervention of family nurses within role knowledge was highlighted, especially in knowledge evaluation and teaching about child development and eating patterns. On average, the family nurse took 20,46 minutes per consultation to carry out the set of interventions within the scope of the parental role. Of this time, 13,53 minutes were devoted to interventions on role knowledge, 5,28 minutes on adherence behaviors, 1,55 minutes on consensus, conflict and role saturation and 0,10 minutes on the family's adaptation to the school. Families with more children and an older child with more age involved more time spent by the family nurse on interventions associated with adherence behaviors. In the case of families with higher socioeconomic status, the time spent by the family nurse was higher in all parental role operative dimensions. In families with family dysfunction perception, the family nurse spent more time to intervene on “role knowledge”, “adherence behaviors” and “consensus, conflict and role saturation”. These results can contribute to a guiding matrix construction of safe staffing for family nurses.