As feridas invisíveis dos heróis de guerra – narrativas de Veteranos Portugueses após experiência traumática em contexto de guerra: Um estudo qualitativo

Publication year: 2022

Introdução:

A Perturbação de Stress Pós-Traumático (PSPT) surge pela primeira vez integrado no DSM-III em 1980, essencialmente graças a movimentos organizados, de entre os quais os Ex-combatentes da Guerra do Vietname. Esta problemática que tem sido bastante estudada, principalmente nos EUA e outros países europeus, ao contrário do que acontece em Portugal. Os fatores de risco para o desenvolvimento de distress psicológico e stress pós-traumático estão associados a várias características pessoais, familiares e sociais, pelo que, o entendimento acerca da vulnerabilidade, bem como, o reconhecimento dos fatores protetores promove a adequação das intervenções. A resolução do trauma ou crescimento pós-traumático são importantes para a preservação do autocuidado, gestão da doença crónica e mesmo qualidade de vida, pois diminui o estado de vigilância permanente e mesmo as insónias ou pesadelos frequentemente indicados.

Objetivos:

Este estudo parte da necessidade de saber como se manifesta a PSPT no período pós-guerra e quais são as estratégias desenvolvidas pelas pessoas para crescer em matéria de ajustamento e saúde mental.

Metodologia:

Este estudo seguiu uma abordagem qualitativa, exploratória e descritiva. A amostra foi composta por 12 veteranos de guerra da guerra colonial portuguesa com diagnóstico ou critérios de diagnóstico de PSPT. Foram utilizados dois tipos de amostragem, a amostragem não probabilística por conveniência e tipo bola de neve. A técnica de colheita de dados foi uma entrevista semiestruturada, executada com base num guião pré-elaborado.

Resultados:

Os resultados obtidos vão de encontro aos encontrados na bibliografia. A exposição a combate parece ser o principal fator de risco para o desenvolvimento de PSPT, porém, a falta de apoio especializado no regresso a casa foi uma agravante no desenvolvimento desta perturbação.

Conclusão:

Foi possível concluir que para todos os participantes desta investigação a experiência de guerra foi penosa e deixou marcas profundas. Quem regressou vivo é recebido com desprezo por uma Pátria que não reconhece o sacrifício destes homens. Contudo, apesar destes eventos traumáticos, existem aqueles que hoje são capazes de nomear aspetos positivos que a guerra lhes trouxe para as suas vidas. Conclui-se ainda a pertinência da narrativa das vivências traumáticas como forma de tratamento e desenvolvimento de crescimento, tal permite uma reorganização e integração nas memórias nas suas autobiografias.

Introduction:

Post-traumatic Stress Disorder (PTSD) appears for the first time in DSM-III in 1980, essentially thanks to organized movements, among which the ex-combatants of Vietnam Wae. This is a problem that has been extensively studied, especially in the USA and other European countries, unlike in Portugal. Risk factors for the development of psychological distress and PTSD are associated with several personal, family and social characteristics, therefore, the understanding about the vulnerability, as well as the recognition of the protective factors promotes the adequacy of interventions. Resolving a trauma and traumatic growth events are important for the preservation of self-care, chronic disease management and even quality of life because it reduces the state of permanent surveillance and even the insomnia or nightmares frequently indicated.

Aim:

This study starts from the need to know how PTSD manifests itself in the post-war period and what are the strategies developed by people to grow in terms of adjustment and mental health.

Methodology:

This study followed a qualitative, exploratory and descriptive approach. The sample consisted of 12 war veterans from the Portuguese Colonial War with diagnosis or diagnostic criteria of PTSD. Two types of sampling were used, non probability convenience and snowball type sampling. The data collection technique was a semi-structured interview, carried out based on a pre-prepared script.

Results:

The results obtained are in line with those found in the bibliography. Combat exposure seems to be the main risk factor for the development of PTSD, however, the lack of specialized support in the return home was an aggravating factor in the development of this disorder.

Conclusion:

It was possible to conclude that for all participants in this investigation the war experience was painful and left deep marks. Whoever returned alive is received with contempt by their Homeland that does not recognize the sacrifice of these men. However, despite these traumatic events, there are those who today are able to name positive aspects that the war brought to their lives. It is also concluded the relevance of the narrative of traumatic experiences as a form of treatment and development of growth, to which allows a reorganization and integration of those memories in their autobiographies.