Publication year: 2017
RESUMO:
Introdução: Diabetes Mellitus (DM) se constitui em problema de saúde de elevada magnitude por sua prevalência e morbimortalidade e é considerada uma emergência mundial para a saúde do século XXI. Tradicionalmente a pesquisa sobre DM enfatiza a doença e suas complicações. No entanto, nas últimas décadas a atenção ofertada à doença tem se deslocado para dimensões socioculturais e emocionais dos pacientes e aos recursos existentes para enfrentamento do diagnóstico da doença. Resiliência e Qualidade de Vida emergem como construtos que apontam para um novo modelo de compreensão do processo saúde-diabetes-cuidado, pela dimensão da saúde e não somente da doença. Objetivo geral:
Identificar a relação entre resiliência e qualidade de vida de pessoas com DM. Método:
Estudo descritivo, de abordagem quantitativa, desenvolvido no período de 2014 a 2016, em uma unidade básica de saúde e um ambulatório de especialidades de um centro hospitalar público, no município de Macapá-AP. Amostra de 202 adultos com DM tipo 1 e tipo 2, do tipo probabilístico estratificada, com alocação proporcional e seleção aleatória simples. Os dados foram coletados por meio de entrevista aplicada pela pesquisadora nos locais do estudo. As variáveis investigadas foram as sociodemográficas e clínicas, além da aplicação das escalas de resiliência para adulto-RSA e de qualidade de vidaDiabetes - 39. Para análise estatística descritiva e inferencial, foi utilizado o programa de análise estatística Statistical Package for the Social Sciences (SPSS), versão 22 para Windows. Pesquisa aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa com seres humanos da Universidade Federal do Amapá, parecer nº 990.066/2015, conforme a Resolução do Conselho Nacional de Saúde 466/2012. Resultados:
Foram sistematizados em três manuscritos, a saber: 1. Tecendo interface entre características sociodemográficas, clínicas e de promoção da saúde para pessoas com Diabetes Mellitus: discutem-se as características sociodemográficas mais relevantes da população à luz das propostas da promoção da saúde, sendo estas: etnia parda, faixa etária (53.6±11.8), situação trabalhista ativa, tempo de diagnóstico menos de cinco anos. 2. Resiliência e Qualidade de Vida de pessoas com Diabetes Mellitus à luz da Promoção da Saúde:
a população pesquisada apresentou percepção ruim da QV, porém demonstrou resiliência fortalecida. Os resultados revelaram que há relação entre resiliência e qualidade de vida. 3. Relação entre resiliência, qualidade de vida e características sociodemográficas/clínicas de pessoas com Diabetes Mellitus: constatou-se que as variáveis sexo, grau de escolaridade, atividade física e glicemia capilar foram preditoras à percepção da qualidade de vida. O grau de escolaridade foi a única característica sociodemográfica que apresentou correlação para resiliência e qualidade vida. A característica de resiliência com maior potencial de influência na qualidade de vida foi a percepção de si mesmo. Conclusão:
As pessoas com DM com maior resiliência têm melhor percepção de QV. Os construtos ofereceram possibilidades de apreender as reais necessidades de saúde das pessoas com DM e se apoiam nas bases teóricas da promoção da saúde, possibilitando captar elementos para o cuidado de pessoas com DM.
ABSTRACT:
Introduction: Diabetes Mellitus (DM) is a significant health problem due to its prevalence and morbimortality, being considered world health emergency in the 21st century. Traditionally, research on DM stresses the disease and its complications. However, in the past decades, disease attention has been moved towards patients sociocultural and emotional dimensions as well as the existing resources to cope with the disease diagnosis. Resilience and Quality of Life emerge as the constructs which point to a new model of understanding the health-diabetes-care process through the health dimension, not only through the disease dimension. General objective:
To identify the relation between resilience and quality of life in people suffering from DM. Method:
Quantitative, descriptive study carried out at a primary healthcare unit, and at a specialty outpatient clinic in the municipality of Macapá Amapá State, Brazil, between 2014 and 2016. Probabilistic, multi-staged sampling with quantity-based allocation and simple random selection entailed 202 adults suffering from type 1 and type 2 DM. Data were collected by means of an interview applied by the researcher in the studied settings. Sociodemographic and clinical variables were investigated, besides the application of the RSA (Resilience Scale for Adults) and the Diabetes-39 Assessment Questionnaire for Quality of Life. For the descriptive, inferential statistical analysis, the Statistical Package for the Social Sciences (SPSS), 22.0 for Windows was used. Research was approved by the Ethics Board on research with human beings of the Federal University of Amapá, opinion n. 990.066/2015, according to Resolution 466/2012 of the National Health Council. Results:
They were systematized in three manuscripts, as follows: 1. Building an interface between sociodemographic, clinical profile and health promotion for people with Diabetes Mellitus: the most significant sociodemographic features of the population are discussed in light of health promotion proposals: mixed race, age ranging 53.6 ± 11.8 years, working, time of diagnosis of less than five years. 2. Resilience and Quality of Life of people suffering from Diabetes Mellitus in light of Health Promotion:
the researched population revealed poor perception of their quality of life, although they showed strengthened resilience. Results evidenced a relationship between resilience and quality of life. 3. Relation between resilience, quality of life and sociodemographic/clinical profile of people with Diabetes Mellitus: it was evidenced that sex, educational level, exercising and CBG variables were predictors to the perception of the quality of life. Educational level was the only sociodemographic feature which evidenced correlation to resilience and quality of life. The resilience feature with the greatest potential to influence quality of life was self-perception. Conclusion:
People suffering from DM with higher resilience have better perception of quality of life. The constructs enabled to apprehend the real health needs of people with DM, and are grounded in the theoretical foundations of health promotion, which allows to apprehend elements to care for people with DM.