Publication year: 2022
Introdução:
Identificado pela primeira vez em dezembro de 2019 na cidade de Wuhan, província de Hubei na China Central, o SARS-CoV-2, responsável pela doença COVID-19, rapidamente se disseminou por todo o mundo, levando a Organização Mundial de Saúde a decretar, em março de 2020, um estado de pandemia, o que exigiu a todos os países uma resposta nacional urgente. Em Portugal, como em quase todo o mundo, as medidas de contenção adotadas como forma de prevenir a propagação da doença ficaram marcadas socialmente pela quarentena ou pelo confinamento social obrigatório, o que implicou a mudança nas rotinas de vida diária, a separação das pessoas das suas famílias e da comunidade em geral. Como consequência destas medidas e, com base no conhecimento sobre o impacto das situações epidémicas anteriores, antecipa-se que a experiência de isolamento, a incerteza e as preocupações em relação ao que o futuro reserva terão um impacto psicológico significativo, a curto e longo prazo, na saúde mental das populações que vivenciam a pandemia. Objetivos:
O presente trabalho de investigação surge da necessidade de estudar correlações entre ansiedade, sintomatologia depressiva e comorbilidades em pessoas infetadas com SARS-CoV-2 ou que estiveram em isolamento profilático. Para tal, foram delineados os seguintes objetivos: caracterizar sob o ponto de vista sociodemográfico e clínico a população em estudo; avaliar sinais e sintomas de ansiedade e depressão após infeção pelo SARS-CoV-2; identificar os sintomas predominantes nas pessoas após infeção pelo SARS-CoV-2; analisar a representação que as pessoas infetadas têm sobre o suporte social; identificar focos de atenção em enfermagem de saúde mental e psiquiatria que permitam definir uma estratégia de ajuda às pessoas infetas pelo SARS-CoV-2 que possuam comorbilidades e vivenciem ansiedade ou sintomatologia depressiva. Metodologia:
Este estudo seguiu uma abordagem quantitativa, não experimental, transversal e do tipo correlacional, inerente à questão de investigação: “A presença e gravidade dos sintomas depressivos e de ansiedade podem variar em função da presença prévia ou concomitante de comorbilidades após a infeção pelo SARS-CoV-2?”. A amostra, selecionada com recurso a uma técnica de amostragem não probabilística por redes, é constituída por 337 elementos e os dados trabalhados no estudo foram colhidos através de um questionário sociodemográfico e do Brief Symptoms Inventory (BSI) – Inventário de Sintomas Psicopatológicos, validado para a população portuguesa. Resultados/Discussão: Da análise dos dados foi possível reconhecer que além dos problemas de ordem fisiológica já bem conhecidos, e dos quais se destacam mialgias e astenia, os níveis de ansiedade e depressão na população após infeção por SARS-CoV-2 tem vindo a agravar, assim como a presença de comorbilidades se tem tornado evidente. No entanto, os dados sugerem que o suporte social recebido durante o isolamento, quer seja de familiares e amigos como dos serviços de saúde, ajudou a diminuir a intensidade do mal-estar experienciado. Simultaneamente, o suporte social recebido por parte de familiares e amigos durante o isolamento favoreceu uma perceção global e genérica da qualidade de vida após infeção positiva, ou seja, os indivíduos que receberam este tipo de suporte social sentem-se mais otimistas em relação ao seu futuro. Os dados dizem-nos também que existem evidências significativas entre as dimensões da sintomatologia psiquiátrica e a presença de sintomas após 90 dias, isto é, as dimensões da sintomatologia psiquiátrica são mais evidentes nos indivíduos que após 90 dias da infeção por SARS-CoV-2 ainda manifestam sintomatologia compatível com a infeção.
Introduction:
First identified in December 2019 in Wuhan City, Hubei Province in Central China, SARS-CoV-2, responsible for the COVID-19 disease, quickly spread throughout the world, prompting the World Health Organization to enact, in March 2020, a state of pandemic, which demanded an urgent national response from all countries. In Portugal, as in almost the whole world, the restraints measures adopted as a way to prevent the spread of the disease were socially marked by quarantine or mandatory social confinement, which implied a change in daily life routines, the separation of people from their families and from the community at large. As a result of these measures, and based on knowledge of the impact of past epidemic situations, it is anticipated that the experience of isolation, uncertainty and concerns about what the future holds will have a significant psychological impact in the short and long terms, in the mental health of populations experiencing the pandemic. Objectives:
This research work arises from the need to study correlations between anxiety, depressive symptoms and comorbidities in people infected with SARS-CoV-2 or who were in prophylactic isolation. To this end, the following objectives were outlined: to characterize the study population from a sociodemographic and clinical point of view; to assess signs and symptoms of anxiety and depression after SARS-CoV-2 infection; to identify the predominant symptoms in people after SARS-CoV-2 infection; to analyse the representation that infected people have about social support; to identify focuses of attention in mental health nursing and psychiatry that allow to define a strategy to help people infected by SARS-CoV-2 who have comorbidities and experience anxiety or depressive symptoms. Methodology:
This study followed a quantitative, non-experimental, cross-sectional and correlational approach, inherent to the research question: “May the presence and severity of depressive and anxiety symptoms vary depending on the prior or concomitant presence of comorbidities after SARS infection CoV-2?”. The sample, selected by using a non-probabilistic sampling technique by networks, consists of 337 elements and the data worked on the study were collected through a sociodemographic questionnaire and the Brief Symptoms Inventory (BSI) - Brief Symptoms Inventory, validated for the Portuguese population. Results/Discussion: From the data analysis, it was possible to recognize that, in addition to the well-known physiological problems, in which myalgias and asthenia stand out, the levels of anxiety and depression in the population after SARS-CoV-2 infection have been worsening. However, the data suggest that the social support received during isolation, whether from family and friends or from health services, helped reduce the intensity of the discomfort experienced. Simultaneously, the social support received from family and friends during isolation favoured a global and generic perception of quality of life after positive infection, that is, individuals who received this type of social support feel more optimistic about their future. The data also tell us that there is significant evidence between the dimensions of psychiatric symptomatology and the presence of symptoms after 90 days, that is, the dimensions of psychiatric symptomatology are more evident in individuals that 90 days after SARS-CoV-2 infection still manifest symptoms compatible with the infection. Conclusion:
Overall, the results found are in line with the literature consulted.