Publication year: 2017
Introdução:
Um dos aspectos primordiais para o controle da tuberculose é a adesão ao tratamento. Tendo em vista as condições precárias de vida que os doentes em geral apresentam, incentivos relacionados ao suporte social e destinados ao alcance da cura têm sido recomendados e instituídos por órgãos governamentais. Neste sentido, este estudo teve o objetivo de analisar como profissionais de saúde da atenção básica percebem a influência de tais medidas na adesão ao tratamento da tuberculose em algumas Coordenadorias de Saúde do Município de São Paulo. Materiais e Métodos:
Estudo exploratório e descritivo, com corte transversal e de abordagem qualiquantitativa. Amostra representativa de enfermeiros e médicos da Atenção Primária à Saúde de três Supervisões de Vigilância em Saúde do Município de São Paulo foi entrevistada, por meio de questionário semiestruturado, no período de maio a julho de 2015. O referencial teórico do estudo está posto na concepção da Determinação Social do Processo Saúde-Doença e em um dado conceito de adesão. Os dados quantitativos foram armazenados em banco de dados e os qualitativos (depoimentos dos profissionais) foram submetidos à técnica de análise de discurso. Os procedimentos éticos foram resguardados. Resultados:
Entrevistou-se 86 profissionais, 60,5% enfermeiros e o restante eram médicos. A maior parcela (88,4%) afirmou conhecer as políticas de saúde municipais voltadas à para TB; 91,8% sabiam sobre a oferta de incentivos pelo Município; 90,7% referiram que o Tratamento Diretamente Observado contribui para a adesão ao tratamento; 65,1% apontaram não ter participado de capacitação sobre a doença; e apenas 39,5% souberam informar sobre indicadores relacionados à TB. Identificou-se, nos depoimentos, que incentivos como cesta básica e vale-transporte são muito relevantes para a cura do paciente quando associados ao vínculo com a equipe, principalmente porque os pacientes geralmente apresentam difíceis condições de vida. Porém, os incentivos não influenciam a adesão no caso de usuários de drogas ilícitas ou álcool, moradores de rua, pacientes com maior poder aquisitivo e aqueles que deixam de cuidar da própria saúde. Conclusão:
Os incentivos constituem medida que ajuda na adesão ao tratamento da TB, principalmente quando associados ao vínculo entre a equipe de saúde e os pacientes. Considera-se que tais incentivos contribuem para o enfrentamento do tratamento, podem ser utilizados como estratégia paliativa, mas as intervenções dos profissionais de saúde e dos gestores devem ser orientadas a transformar a situação da TB, o que significa apoiar os processos que ajudem a mudar as condições de vida dos pacientes.
Introduction:
One of the main aspects for the tuberculosis control is the adherence to the treatment. Usually TB patients come from a poor living conditions background and in general, incentives related to the social support to achieve the cure have been recommended and instituted by government agencies. Thus, this study aimed to analyze how primary health care professionals perceive the influence of such measures on adherence to the tuberculosis treatment in some of the Health Coordinations in São Paulo City. Materials and Methods:
This is an exploratory and descriptive study, cross-sectional and quali-quantitative approach. Representative sample of nurses and physicians of Primary Health Care from three Surveillance Health Division of São Paulo city were interviewed through semi-structured questionnaire from May to July 2015. The Social Determination of the Health-Disease Process and an adherence concept were used as a theoretical framework. Quantitative data were filed in the database and qualitative (professionals speeches) were submitted to a discourse analysis technique. Ethical procedures were respected. Results:
We interviewed 86 professionals, 60.5% nurses and the others were physicians. The majority (88.4%) knew about the municipal health policies for TB; 91.8% about the provision of incentives by the municipality; 90.7% reported that the Directly Observed Treatment contributes to the treatment adherence; 65.1% indicated not having participated in training about the disease; and only 39.5% were able to report on TB-related indicators. From the speeches it was identified that incentives such as food package and transportation are very relevant to the patient's healing when combined with the bond to the team, especially because patients usually have difficult living conditions. However, the incentives do not influence the adherence in the case of users of illicit drugs or alcohol, the homeless, patients with higher purchasing power and those who fail to take care of their own health. Conclusion:
The incentives contribute to the TB treatment adherence, especially when associated with the link between health staff and patients. Those incentives help to face treatment, they can be used as a palliative strategy, but the interventions of health professionals and managers should be instructed to transform TB situation, what means to give support to the processes to change the patients life conditions.