Segurança do doente em psiquiatria: Processo de gestão

Publication year: 2021

Nos dias que correm a promoção da segurança tem sido um centro de investimento por parte das Instituições prestadoras de cuidados de saúde e, por arrasto, por parte dos seus profissionais. Os enfermeiros assumem um papel decisivo nesses cuidados de saúde prestados à população pois estão munidos de competências nas áreas da gestão do risco, clínico e não clínico, tendo responsabilidade na promoção de ambientes seguros. O presente trabalho tem como finalidade contribuir para melhorar a segurança dos doentes de foro psiquiátrico.

Foram delineados os seguintes objetivos:

compreender o processo de gestão desenvolvido no serviço de psiquiatria para garantir a segurança do doente; conhecer as preocupações específicas dos enfermeiros sobre as questões de segurança do doente em psiquiatria; identificar os processos de segurança descritos pelos enfermeiros na assistência em psiquiatria; identificar como os enfermeiros priorizam os riscos de segurança específicos dos doentes em psiquiatria; identificar instrumentos para controlo da segurança dos doentes. Trata-se de um estudo qualitativo fundamentado na teoria de Donabedian e James Reason, realizado através de entrevista semiestruturada a vinte e sete enfermeiros (generalistas, especialistas e gestores) de um hospital psiquiátrico da região norte de Portugal, com uma amostra por conveniência. A análise de conteúdo desenvolveu-se a partir do modelo de análise de Bardin, com recurso ao software ATLAS.ti.

Da análise dos dados foi possível reconhecer a relação entre a qualidade e a segurança evidente nas condições de segurança expostas pelos participantes e que refletem os constituintes do modelo de Donabedian:

estrutura, processo e resultado.

Para a monitorização da segurança identificaram três categorias:

escalas, satisfação do utente e auditorias. Na abordagem ao erro seis categorias, que se distribuem de acordo com a sua natureza sistémica ou individual articulando-se com a proposta de Reason. As intervenções e estratégias dos enfermeiros são maioritariamente de natureza sistémica e menos individual, o que demonstra uma intervenção direcionada para a mudança. Estes revelaram ainda grande adesão à notificação de eventos adversos (EAs) e a preocupação em se analisar e procurar ações de prevenção de incidentes futuros. Nas áreas indicadas como prioritárias para a segurança dos utentes identificaram-se dezasseis categorias que evidenciaram conhecimento dos principais problemas de segurança relatados na literatura. Acreditamos ter agrupado informações que cooperarão para desenvolver ações escoradas de monitorização, coadjuvar a melhoria continua e os processos de tomadas de decisão dos enfermeiros.