Hábitos tabágicos nos enfermeiros de uma ULS da Região Centro de Portugal
Publication year: 2019
O tabagismo é uma problemática transversal a toda a população, sendo considerado um
grave problema de saúde pública. Diversos estudos demonstram uma elevada prevalência de
consumidores de tabaco entre profissionais de saúde. Estes, em particular os enfermeiros, têm na
luta contra os hábitos tabágicos um papel crucial. A este grupo profissional também poderá estar
associado níveis de stresse ocupacional elevados, podendo o consumo de tabaco ser um dos
fatores associados ao alívio do stresse.
Pretendeu-se com este estudo conhecer os hábitos tabágicos dos enfermeiros de uma ULS
da região centro de Portugal, avaliar o grau de dependência à nicotina e a motivação para a
cessação tabágica, averiguar a existência de relação entre as características sociodemográficas e
do contexto laboral com o grau de dependência à nicotina e a motivação para a cessação tabágica,
verificar se existe relação entre as características sociodemográficas e do contexto laboral com
ser ou não fumador, avaliar o stresse ocupacional dos enfermeiros e averiguar a existência de
relação entre o stresse ocupacional nos enfermeiros e o grau de dependência à nicotina e a
motivação para a cessação tabágica.
O estudo apoiou-se numa metodologia quantitativa, descritiva e transversal. A população
alvo foram todos os enfermeiros de uma ULS da região centro de Portugal. Utilizou-se um
protocolo de colheita de dados distribuído a todos os enfermeiros que trabalhavam nas unidades
de saúde em estudo, via correio eletrónico institucional, que esteve disponível online entre 15 de
julho de 2017 a 5 de março de 2018. Dos 208 respondentes, 71,6% eram do sexo feminino com
média idade de 40,5 anos, sendo que 19% referiu ter fumado pelo menos um cigarro na última
semana. Os fumadores iniciaram o consumo, em média, aos 18,5 anos e consumiam há 17,5 anos.
Dos fumadores, 52,5% apresentava um grau de dependência à nicotina muito baixa e 95%
manifestou baixa motivação. Concluiu-se que uma menor motivação para a cessação tabágica está
associada um maior grau de dependência à nicotina. Os resultados indicaram que os fumadores
que vivem ou convivem com fumadores têm menor motivação para a cessação tabágica.
A maioria dos enfermeiros (75%) manifestou moderado a elevado stresse ocupacional,
nas dimensões lidar com utentes, excesso de trabalho e carreira e renumeração. Os resultados
indicaram que à medida que o nível de stresse aumentava o grau de dependência à nicotina e o
consumo de tabaco também aumentavam, mas sem evidência estatística que a motivação para a
cessação tabágica estivesse associada aos níveis de stresse.
Este estudo permitiu conhecer a realidade dos hábitos tabágicos e do stresse ocupacional
da comunidade de enfermeiros em estudo. Tal possibilita a otimização de estratégias/atividades
para mitigar a problemática do tabagismo/stresse ocupacional melhorando a qualidade da saúde
dos enfermeiros e da comunidade, com ganhos em saúde, indo ao encontro das competências
descritas pela OE para o Enfermeiro Especialista em Enfermagem Comunitária e de Saúde
Pública.
Tobacco smoking affects the general population and is considered a serious public health
problem. Several studies have shown a high prevalence of tobacco users among health
professionals. Being that, the nurses have in the fight against smoking habits a crucial role. This
professional group may also be associated with high levels of occupational stress and smoking
could be one of the factors associated with stress relief.
The purpose of this study was to know the smoking habits of nurses from an ULS in the
central region of Portugal, assess the degree of nicotine dependence and the motivation for
smoking cessation, investigate the existence of a relationship between the sociodemographic
characteristics and the work context with the degree of nicotine dependence and the motivation
for smoking cessation, to verify if there is a relation between the sociodemographic characteristics
and the work context with or without smoking, assess the occupational stress of nurses and to the
existence of a relationship between occupational stress in nurses and the degree of nicotine
dependence and the motivation for smoking cessation.
The study was quantitative, descriptive and cross methodology. The target population
were all nurses from an ULS in the central region of Portugal, a data collection protocol was used
and distributed by institutional email to all nurses working in the health units concerned and was
available online between July 15, 2017 to March 5, 2018. From 208 respondents, 71.6% were
female with an average age of 40.5 years, and 19% reported having smoked at least one cigarette
in the last week. Smokers began consumption, on average, at 18.5 years and 17.5 years for
consumption time. From the smokers, 52.5% had a very low degree of nicotine dependence and
95% had low motivation. It has been concluded that a lower motivation for smoking cessation is
associated with a greater degree of nicotine dependence. The results indicated that smokers who
live or coexist with smokers have lower motivation for smoking cessation.
The majority of nurses (75%) showed moderate to severe occupational stress, in the
dimensions dealing with users, overwork and career and renumbering. The results indicated that
as the stress level increased the degree of nicotine dependence and tobacco consumption also
increased, but without statistical evidence that the motivation for smoking cessation were
associated with stress levels.
This study allowed to know the reality of the smoking habits and the occupational stress
of the community of nurses under study. Such results enable the optimization of
strategies/activities that can mitigate the problem of smoking/occupational stress improving the
quality of health of nurses and the community, with health gains, meeting the competencies
described by OE for the Nurse Specialist in Community Nursing and Public Health.