Publication year: 2019
Enquadramento:
O Acidente Vascular Cerebral (AVC) representa, atualmente a primeira causa de morte em Portugal, constituindo um dos problemas mais importantes de saúde pública, pelas graves consequências que acarreta, contribuindo para um elevado índice de incapacidade e dependência funcional e, consequentemente, de forma significativa, para uma diminuição da Qualidade de Vida (QV). O enfermeiro de família surge neste contexto como um interveniente com papel ativo, enquanto educador da pessoa após AVC e do cuidador principal/família, de forma a minimizar as incapacidades, promover o autocuidado e a sua readaptação, contribuindo para a melhoria da sua QV. Objetivo:
Avaliar a qualidade de vida da pessoa após AVC, em contexto domiciliário. Métodos:
Estudo de natureza quantitativa, descritivo-correlacional e transversal, numa amostra não probabilística, constituída por 24 pessoas com AVC referenciadas numa Equipa de Cuidados Continuados Integrados (ECCI) da região Centro de Portugal. Após a obtenção das autorizações e do consentimento informado, procedeu-se à colheita de dados através de um questionário de caraterização sociodemográfica e perfil clínico, aplicação do Índice de Barthel e da Escala Stroke Specific Quality of Life: SS-QoL (para avaliar a qualidade de vida da pessoa após AVC, validada e testada para a população Portuguesa por Malheiro, Nicola e Pereira (2009). O tratamento estatístico foi efetuado informaticamente, recorrendo ao programa de Statistical Package for Science Social (SPSS), versão 24. Resultados:
No presente estudo a amostra é maioritariamente do sexo masculino (75%), com uma média de idade de 71 anos, em que a maioria (87,5%) sofreu um AVC Isquémico, com hemiparesia à esquerda (33,3%) e com dependência grave (54,2%). Constatou-se, também, que percecionam pior Qualidade de Vida, nos domínios: “trabalho/produtividade” (5,41%), “papel familiar” (5,54%) e “energia” (6,87%). Os resultados do estudo sugerem que a QV foi influenciada pela variável sexo no domínio “personalidade” (p=0,047) e “trabalho/produtividade” (p=0,050), pela variável com quem vive no domínio “papel social” (p=0,046), pelas habilitações literárias no domínio “trabalho/produtividade” (p=0,046) e “autocuidado” (p=0,050), pelo tipo de AVC no domínio “energia” (p=0,006), pelo tipo de comprometimento neurológico no domínio “mobilidade” (p=0,038), pelo Índice de Barthel nos domínios “mobilidade” (p=0,012), “função do membro superior” (p=0,000), “trabalho/produtividade” (p=0,002) e “autocuidado” (p=0,000). Conclusões:
Os resultados encontrados neste estudo apontam para a necessidade de uma intervenção do Enfermeiro de Família junto das pessoas após AVC em contexto domiciliário, que permita desenvolver estratégias de cuidados que otimizem a capacidade funcional da pessoa, com diferentes níveis de dependência, promovam o autocuidado e a reintegração familiar e social, de modo a melhorar a QV da pessoa e dos que a rodeiam.