Literacia em saúde numa Comunidade da Região Centro
Publication year: 2018
O conceito de Literacia em Saúde tem sido mencionado em diversos estudos, podendo
desempenhar um papel determinante na manutenção e melhoria das condições de saúde. Os
serviços de saúde consideram-no extremamente importante, sobretudo, na área de cuidados de
saúde primários e saúde pública. Um inadequado nível de Literacia em Saúde pode ter
implicações significativas na saúde individual/coletiva, podendo estar perante um contexto de
desigualdades em saúde, com implicações na gestão de recursos e ganhos em saúde. O Governo
Português em 2016 estabeleceu como prioridade promover a saúde, criando o Programa
Nacional para a Saúde, Literacia e Autocuidados.
Este estudo tem como objetivos:
conhecer o nível de Literacia em Saúde de uma comunidade da região centro, identificar as áreas prioritárias de intervenção de acordo com a Literacia em Saúde e identificar fatores que influenciam o nível de Literacia em Saúde. Desenvolveu-se um estudo descritivo, correlacional, transversal e quantitativo. Definida como população alvo os utentes de uma Unidade Local de Saúde (ULS) da região centro, a amostra foi constituída por 343 utentes com uma média de idade de 48.7 anos, sendo 61.2% do sexo feminino e 38.8% do sexo masculino. Para avaliar o nível de Literacia em Saúde utilizouse o Questionário Europeu de Literacia para a Saúde Health Literacy Survey in Portuguese (HLS-EU-PT), validado por Saboga-Nunes e Sørensen em 2013. Para o tratamento estatístico utilizou-se o programa de tratamento estatístico Statistical Package for the Social Science (SPSS), na versão 23 de 2016. As técnicas estatísticas aplicadas foram frequências (absolutas e relativas), medidas de tendência central (média aritmética, média ordinal e mediana), medidas de dispersão ou variabilidade (valor mínimo, valor máximo e desvio padrão), coeficientes (alpha de Cronbach e de Spearman) e testes estatísticos (U de Mann-Whitney, teste Kruskal-Wallis, significância do coeficiente de correlação de Spearman e Kolmogorov-Smirnov, como teste de normalidade). Observou-se que 73.2% da população apresenta um nível de Literacia em Saúde geral problemático ou inadequado e apenas 7.3% apresenta um nível excelente.Os fatores identificados que influenciam o nível de Literacia em Saúde foram:
idade, estado civil, condição perante o trabalho, residência, nível académico, rendimento do agregado familiar e como classifica a sua saúde. A comunidade da região centro possui níveis de Literacia em Saúde muito limitados, o que aponta para a necessidade dos profissionais de saúde, entidades de saúde, governo e sociedade em geral, investirem na educação da comunidade aos vários domínios, capacitando o indivíduo e a comunidade para a gestão da sua saúde. Neste contexto, o enfermeiro especialista em enfermagem comunitária e de saúde pública, como elemento ativo na comunidade, desempenha um papel primordial na capacitação do indivíduo e da comunidade para a tomada de decisão sobre o seu processo de saúde. Com estes resultados, sugeriu-se intervenções nas diferentes dimensões da Literacia em Saúde, dando principal ênfase na área prevenção da doença, o que pode ter implicações favoráveis na gestão de recursos e ganhos em saúde.
The concept of Health Literacy has been mentioned in several studies and may play a
determining role in maintaining and improving health conditions. The health services consider it
extremely important, especially in the area of primary health care and public health. An
inadequate level of Health Literacy can have significant implications for individual / collective
health, and may be faced with a context of health inequalities, with implications for resource
management and health gains. The Portuguese Government established, in 2016, as a priority to
promote health, creating the National Program for Health, Literacy and Self-Care.