Estratégias não farmacológicas utilizadas pelo enfermeiro ao cuidar da criança com dor
Publication year: 2016
O controlo da dor é hoje, indissociável da prática de cuidados do enfermeiro não apenas
como questão ética mas também como uma condição indispensável para a humanização dos
cuidados. O enfermeiro desempenha um papel fundamental na gestão da dor pediátrica pela sua
relação de proximidade perante a criança e família. Ele tem ao seu alcance estratégias não
farmacológicas, que são intervenções autónomas do enfermeiro, e são um recurso importante
para o alívio da dor.
Com este estudo pretende-se analisar a utilização de estratégias não farmacológicas pelo
enfermeiro ao cuidar da criança com dor, em contexto hospitalar. Faz-se um estudo descritivo,
de natureza quantitativa recorrendo-se ao questionário. Optou-se por uma amostra nãoprobabilística de conveniência, constituída por 33 enfermeiros dos serviços de Pediatria,
Unidade de Neonatologia e Urgência Pediátrica do Centro Hospitalar Cova da Beira.
Os resultados obtidos indicam que os enfermeiros utilizam com frequência estratégias
não farmacológicas no alívio da dor na criança. Utilizam frequentemente e sempre, a
informação preparatória (48,5%), o toque terapêutico (36,4%), sucção não nutritiva (30,3%), a
distração (30,3%), a massagem (36,4%), posicionamento (57,6%), a aplicação de calor ou frio
(39,4%). A musicoterapia raramente é utilizada e o método canguru também é pouco utilizado.
O posicionamento e a informação preparatória são as que se destacam quanto à sua utilização.
São utilizadas sempre, estratégias não farmacológicas antes da realização de procedimentos
dolorosos, na punção venosa (51,5%), terapêutica intramuscular (48,5%), realização de pensos e
punção capilar (30,3%). Mas são raramente utilizadas na aspiração nasofaríngea e na entubação
nasogástrica (42,4%) e na algaliação (36,4%).
Em termos gerais, grande parte dos enfermeiros raramente tem dificuldades na
utilização de estratégias não farmacológicas no controlo da dor na criança. No entanto,
agrupando os casos em que os enfermeiros responderam regularmente, frequentemente e
sempre, verifica-se que a maioria dos enfermeiros ainda tem dificuldades na utilização das
estratégias não farmacológicas perante a recetividade por parte da criança e adolescente (54,6%)
e na recetividade por parte dos pais ou substituto parental (51,5%). Os recursos materiais
(54,5%) e a disponibilidade de tempo (57,6%) são também apontados como fatores que
dificultam a utilização de estratégias não farmacológicas no controlo da dor.
Considera-se importante o desenvolvimento de ações formativas para que haja maior
conhecimento de todos os documentos que suportam a prática na área da dor, à medida que são
produzidos, a sensibilização para pesquisas em plataformas científicas e o desenvolvimento de
protocolos nos serviços.
Nowadays pain control is indivisible from the nursing care practice, not only as an
ethical issue, but also as an indispensable condition to humanising care. A nurse has a
fundamental role in managing paediatric pain because of his close relationship with the child
and his family. There are non-pharmacological strategies available, which are the nurse’s
autonomous interventions, and those are an important resource to relieve pain.
The aim of this study is to analyse the use of non-pharmacological strategies by nurses,
in hospital environment. A descriptive study of a quantitative nature is done, using a
questionnaire. A non-probabilistic sample was used, composed by 33 nurses of the Paediatric
Department (internment), the Neonatology Unit and the Paediatrics Emergency from the Cova
da Beira Hospital Centre.
The results obtained, indicate that nurses frequently use non-pharmacological strategies
in relieving children’s pain. The following strategies are used frequently /always: preparatory
information (48,5%), therapeutic touch (36,4%), non-nutritional sucking (30,3%), distraction
(30, 3%), massage (36,4%), positioning (57,6%), applying heat or cold (39,4%). Music therapy
is rarely used and the kangaroo method is also scarcely used. Positioning and preparatory
information are the ones which stand out in their use. Non-pharmacological strategies are
always used before the execution of painful procedures, such as venepuncture (51,5%),
intramuscular therapeutic (48,5%), cleaning and dressing wounds and lancing (30,3%).
However, they are rarely used in nasopharyngeal aspiration and nasogastric intubation (42,4%)
and indwelling catheters (36,4%).
In general, most of the nurses rarely have difficulties in using non-pharmacological
strategies on pain control in children. However, grouping the cases in which nurses responded
regularly, often and always, it is found that most nurses still have difficulties in the use of nonpharmacological strategies before the receptivity on the part of children and adolescents (54,6
%) and in receptivity on the part of parents or parental substitute (51,5%). Material resources
(54,5 %) and time available (57,6 %) are also mentioned as factors that hinder the use of nonpharmacological strategies for managing pain.
It is considered important the development of training actions to allow a major
knowledge of all the documents that support nursing practice in the field of pain as they are
being produced, the sensitization to online researches and the development of protocols in the
departments