Publication year: 2022
Resumo:
Trata-se de estudo do tipo quantitativo de coorte prospectivo, realizado em Unidade Básica de Saúde e domicílios que fazem parte da área de abrangência, em Curitiba, Paraná. O estudo objetivou analisar os efeitos do distanciamento e isolamento social gerados pela pandemia Covid-19 nos sintomas depressivos e na fragilidade em idosos da atenção primária à saúde. Participaram da 1ª onda idosos de ambos os sexos, com idade (maior ou igual) 60 anos, na condição de idoso não frágil e sem sintomas depressivos (n=147). Posteriormente, ao acompanhamento médio de 763 dias, classificou-se os idosos na 2ª onda (n=85) de acordo com o grau de adesão ao distanciamento e isolamento social durante a pandemia da Covid-19. Observou-se as coorte de expostos (n=26) e não expostos (n=59) e os desfechos sintomas depressivos e fragilidade física. Coletaram-se os dados em 2 tempos: em 2019 (1ª onda), por meio do Miniexame do Estado Mental, questionários sociodemográfico e clínico, escala de depressão do Center for Epidemiological Studies, e testes do fenótipo da fragilidade física; e em 2021 (2ª onda), acrescentou-se a escala do grau de adesão ao distanciamento e isolamento social. Realizou-se as análises mediante estatísticas descritivas, teste de associação (nível de significância de 5%), curvas de sobrevida e regressão de riscos proporcionais (intervalo de confiança 95%). Oitenta e cinco idosos concluíram a linha de seguimento, e manteve-se na 2ª onda o alto percentual de multimorbidades (80%), doenças cardiovasculares (70,6%), exclusivamente na 2ª onda a polifarmácia (43,5%), houve aumento da incontinência urinária e etilismo (11,8% e 7%, respectivamente). Quanto ao desfecho, 14,1% desenvolveram sintomas depressivos, 51,8% dos idosos tornaram-se pré-frágeis, 2,3% frágeis e 45,9% permaneceram não frágil. Observou-se o predomínio de idosos com baixo grau de adesão ao distanciamento e isolamento social (69,4%), e não houve associação entre o distanciamento e isolamento social e desenvolvimento dos sintomas depressivos (p=0,748) e alteração da fragilidade física (p=0,5). Idosos com renda familiar superior a 4 salários mínimos tiveram menor tempo de sobrevida para a fragilidade física (p=0,0337) e sintomas depressivos (p=0,0232), quando comparados aos de renda familiar de 2 a 4 salários mínimos. Os idosos casados ou em união estável apresentaram menor tempo de sobrevida para os sintomas depressivos, quando comparados aos solteiros, separados, divorciados ou viúvos (p=0,0115). Os idosos que estão trabalhando ou são pensionistas têm 60% de risco a menos de desenvolverem sintomas depressivos e 72% de risco a menos de serem pré-frágeis e frágeis quando comparados aos que não trabalham. Os idosos solteiros, separados, divorciados ou viúvos possuem 57% de risco a menos de desenvolverem sintomas depressivos e 62% de risco a menos de serem pré-frágeis e frágeis quando comparados aos casados. Conclui-se que, não houve associação entre o distanciamento e isolamento social e o desenvolvimento dos sintomas depressivos e a alteração da fragilidade física. Considera-se relevante para a enfermagem gerontológica investir em um plano de cuidado direcionado aos fatores sociodemográficos, que podem influenciar ou predizer o desenvolvimento de sintomas depressivos e alteração da fragilidade física nos idosos da atenção primária a saúde.
Abstract:
This is a quantitative prospective cohort study, carried out in a Basic Health Unit and its households that are part of the coverage area, in Curitiba, Paraná. The study aimed to analyze the effects of distancing and social isolation generated by the Covid-19 pandemic on depressive symptoms and frailty in elderly people in primary health care. Elderly people of both sexes, aged ( maior ou igual) 60 years, in the condition of non-frail elderly and without depressive symptoms participated in the 1st wave (n=147). Subsequently, after an average follow-up of 763 days, the elderly were classified in the 2nd wave (n=85) according to the degree of adherence to social distancing and isolation during the Covid-19 pandemic. The cohort of exposed (n=26) and non-exposed (n=59) and depressive symptoms and physical frailty outcomes were observed. Data were collected in 2 stages:
in 2019 (1st wave), through the Mini-Mental State Examination, sociodemographic and clinical questionnaires, the Center for Epidemiological Studies depression scale, and physical frailty phenotype tests; and in 2021 (2nd wave), the scale of the degree of adherence to social distancing and isolation was added. Analyzes were performed using descriptive statistics, association test (5% significance level), survival curves and proportional hazards regression (95% confidence interval). Eighty-five elderly people completed the follow-up line, and the high percentage of multi-morbidities (80%), cardiovascular diseases (70.6%) remained in the 2nd wave, exclusively polypharmacy in the 2nd wave (43.5%), increase in urinary incontinence and alcohol consumption (11.8% and 7%, respectively). As for the outcome, 14.1% developed depressive symptoms, 51.8% of the elderly became pre-frail, 2.3% frail and 45.9% remained non-frail. There was a predominance of elderly people with a low degree of adherence to social distancing and isolation (69.4%), and there was no association between social distancing and isolation and the development of depressive symptoms (p=0.748) and changes in physical frailty (p=0.5). Elderly people with a family income of more than 4 minimum wages had a shorter survival time for physical frailty (p=0.0337) and depressive symptoms (p=0.0232), when compared to those with a family income of 2 to 4 minimum wages. Married elderly or in a stable relationship had a shorter survival time for depressive symptoms, when compared to single, separated, divorced or widowed (p=0.0115). Elderly people who are working or are pensioners have a 60% lower risk of developing depressive symptoms and a 72% lower risk of being pre-frail and frail compared to those who do not work. Elderly people who are single, separated, divorced or widowed have a 57% lower risk of developing depressive symptoms and a 62% lower risk of being pre-frail and frail when compared to married ones. It is concluded that there was no association between social distancing and isolation and the development of depressive symptoms and changes in physical frailty. It is considered relevant for Gerontological Nursing to invest in a care plan focused on sociodemographic factors, which can influence or predict the development of depressive symptoms and changes in physical frailty in the elderly in primary health care.