Enfermeiros de Cuidados de Saúde Primários e Interrupção Voluntária da Gravidez
Publication year: 2016
Durante séculos e na maior parte dos países, a prática da Interrupção Voluntária da
Gravidez (IVG), foi efetuada clandestinamente. Hoje, é um procedimento legal efetuado em
vários países, tendo sido pela primeira vez legalizado em 1920 na antiga União Soviética e
depois no Japão, sendo a Suécia o primeiro país europeu a legalizar o aborto sob algumas
condições em 1938. Em Portugal a IVG é efetuada desde 2007, após publicação da lei n.º
16/2007 de 17 de Abril.
Segundo a OMS (1995), o aborto inseguro é considerado um sério problema de saúde
pública e cada país deve adotar medidas que minimizem as consequências deste ato. Em
Portugal esta lei veio permitir dar assistência médica a este grupo de mulheres.
O aborto provocado tem sido apontado por alguns autores Portugueses como
consequência de motivos de ordem pessoal, económicos e familiares e de suporte social
(Fernandes, 2014).
Pretende-se com a realização deste estudo identificar as representações dos enfermeiros
de CSP, sobre comportamentos de fecundidade e forma de utilização de cuidados de saúde
reprodutiva e PF das mulheres que efetuam IVG.
Para atingir os objetivos, definiu-se um estudo descritivo simples, recorrendo-se à
abordagem qualitativa com uma amostra por conveniência, constituída por um total de dez
enfermeiros da UCSP Covilhã. A colheita de dados foi efetuada no mês de setembro 2014,
através da realização de entrevistas semiestruturadas validadas com os participantes. Os aspetos
éticos e critérios de rigor científico foram assegurados durante a investigação.
Os resultados revelam que, segundo as representações dos enfermeiros CSR os fatores
que mais influenciam os comportamentos de fecundidade são, as formas de utilização de
métodos contracetivos diretamente influenciáveis pela área das motivações pessoais no caso das
adolescentes / universitárias “mais novas”, o “não uso de métodos contracetivos”, o de não
efetuarem PF e não utilizarem os CSR. No caso das mulheres “mais velhas” é a área dos
conhecimentos e dos fatores monetários que mais influenciam os comportamentos de
fecundidade.
Relativamente às representações dos fatores que influenciam a utilização dos CSR e PF,
estes estão divididos em duas áreas: o relacionamento profissional /utente e a organização de
serviços.
Conclui-se que o relacionamento de empatia/profissionalismo/utente permite melhorar a
prestação de CSR, contudo segundo as representações dos enfermeiros estes revelam que as
mulheres sentem-se constrangidas nas consultas de PF quando são observadas por um médico.
Segundo os enfermeiros em estudo, na área de organização de serviços foram
identificadas algumas lacunas que influenciam a utilização dos CSR e PF, nomeadamente as
consultas de enfermagem e médicas não se realizarem conjuntamente em algumas extensões do
centro de saúde, comprometendo a interdisciplinaridade na prestação de CSR, assim como a
inexistência de alguns métodos contracetivos, dificultando o acesso gratuito a todos os métodos.
Quanto à área hospitalar segundo as representações dos enfermeiros, o que dificulta a utilização
dos CSR é o tempo de espera para marcação de consultas.
Face aos resultados obtidos considera-se que ainda há muito trabalho para fazer nos
CSR e PF, para tal, os profissionais de saúde têm um papel muito importante na área de apoio e
formação para a saúde destes grupos de mulheres, conjugado os esforços entre os diferentes
grupos profissionais e instituições para a concretização do potencial máximo de saúde da
população alvo, privilegiando o efetivo trabalho em equipa e em parceria (OE, 2015).
For centuries and in most countries, the practice of voluntary interruption of pregnancy
(VIP), was conducted clandestinely. Today, it's a legal procedure performed in several countries
and was first legalized in 1920 in the former Soviet Union and then in Japan, and Sweden the
first European country to legalize abortion under certain conditions in 1938. In Portugal the VIP
is made since 2007, after publication of Law No. 16/2007 of 17 April.
According to WHO (1995), unsafe abortion is considered a serious public health
problem and each country should adopt measures to minimize the consequences of this act. In
Portugal this law has allowed to give medical care to this group of women.
Induced abortion has been touted by some Portuguese authors as a result of personnel
reasons, economic and family and social support (Fernandes, 2014).
The aim of this study to identify the representations primary health care of nurses on
fertility behavior and manner of use of reproductive health care and family planning (FP) of the
women who perform VIP.
To achieve the objectives, we set up a simple descriptive study, using for the qualitative
approach with a convenience sample consisting of a total of ten nurses from primary health care
unit of the Covilha. Data collection was conducted in September 2014 by carrying out semistructured interviews validated with the participants. The ethical aspects and scientific rigor
criteria were provided during the investigation.
The results show that, according to the representations of nurses reproductive health
care (RHC) the factors that most influence the behavior of fertility are the ways of using
contraception directly influenced by the area of personal motivations in the case of teenagers /
university students "younger", "no use of contraception, "the FP fail to make and do not use the
RHC. For women "older" is the area of knowledge and monetary factors that most influence the
behaviors of fertility.
With regard to representations of the factors influencing the use of RHC and FP, these
are divided into two areas: the professional / user relationship and service organization.
It was concluded that the relationship of empathy / professional / user improves the
provision of RHC, however according to the representations of nurses reveal that these women
feel constrained in FP queries when they are seen by a doctor.
According to the nurses study in the area of service organization we identified some
gaps that affect the use of RHC and FP, including nursing and medical consultations are not
held together in some health center extensions, committing interdisciplinarity in providing
RHC, as well as the absence of some contraception, hindering free access to all methods. As for
the hospital area according to the representations of nurses, which hinders the use of RHC is the
waiting time for appointments.
In view of the results it's considered that there is still much work to do in RHC and FP,
to this end, health professionals play an important role in the area of support and training for the
health of these women's groups, combined efforts between different professional groups and
institutions to achieve the maximum health potential of the target population, favoring the
effective teamwork and partnership (OE, 2015).