Alterações de saúde, resiliência e qualidade de vida de discentes de graduação em enfermagem no primeiro ano letivo
Health changes, resiliency and quality of life of nursing degree students after the first academic-year

Publication year: 2017

Introdução:

Diferentes pesquisas apontam que os estressores acadêmicos podem impactar na saúde dos discentes de enfermagem. Por outro lado, sabe-se que alguns indivíduos são capazes de se adaptar a situações de adversidade (resiliência), apresentando melhores condições de saúde. No entanto, pouco se sabe se tais alterações estão relacionadas ao ingresso no curso superior, pois poucas pesquisas analisam tais alterações longitudinalmente, bem como as relações simultâneas entre os fenômenos de saúde e o papel da resiliência na melhoria da saúde dos discentes.

Objetivos:

identificar se ocorrem alterações na saúde, nos níveis de resiliência e na qualidade de vida de discentes após um ano do ingresso no curso de graduação em enfermagem; e analisar como se dão as relações simultâneas de causalidade entre estresse psicoemocional, sintomas depressivos, qualidade do sono e resiliência na explicação da qualidade de vida dos discentes um ano após o ingresso no curso.

Método:

Essa pesquisa organiza-se em duas etapas de abordagem quantitativa: metodológica (Calibração) e longitudinal. Na Fase 1, coletaram-se os dados com alunos do 2o, 3o e 4o anos (respectivamente 4o,6o e 8o semestres) de uma universidade estadual de São Paulo. Na etapa seguinte, a coleta ocorreu com os alunos do 1o ano (1o e 2o semestres de 2016) no início das aulas e ao final do ano letivo com os instrumentos já calibrados em duas universidades de São Paulo, uma estadual e outra federal. Nessas etapas, aplicaram-se os seguintes instrumentos: Formulário para caracterização sociodemográfica e acadêmica; Instrumento para Avaliação do Estresse em Discentes de Enfermagem, Center for Epidemiologic Studies Depression Scale, Índice de Qualidade de Sono de Pittsburgh; Escala de Resiliência de Wagnild & Young; e o Instrumento de Avaliação de Qualidade de Vida. Utilizou-se a análise fatorial confirmatória para a calibração dos instrumentos e o teste ANOVA para modelos mistos para analisar as alterações de saúde, resiliência e qualidade de vida ao longo do ano letivo. A Modelagem de Equações Estruturais foi utilizada para compreender as relações de dependência entre as variáveis.

Resultados:

A estrutura fatorial e a consistência interna foram satisfatórias para explicar os fenômenos. 110 discentes participaram da calibração dos instrumentos e 117 compuseram a fase longitudinal em março e 100 em dezembro de 2016. Verificou-se aumento significativo do estresse psicoemocional em todos os domínios do instrumento; redução da duração e da qualidade subjetiva do sono; e aumento do estresse psicoemocional geral e dos sintomas depressivos. O modelo hipotetizado final presentou boa qualidade de ajuste e de resíduos. O estresse psicoemocional reduziu a qualidade do sono e aumentou a intensidade dos sintomas depressivos, os quais diminuíram a qualidade de vida direta e indiretamente (através do estresse). A resiliência reduziu os níveis de estresse e sintomas depressivos e melhorou a qualidade do sono.

Conclusão:

O ambiente acadêmico de enfermagem apresenta potencial para doenças, com impacto à qualidade de vida. O estresse psicoemocional é o preditor dos fenômenos analisados e a resiliência um fator protetor contra o estresse. Sugere-se que as instituições repensem seus elementos curriculares, promovam a resiliência e criem espaços de promoção à saúde dos alunos.

Introduction:

Several investigations highlight that academic stressors may impact on the health status of undergraduate nursing students. On other hand, the previous literature confirms that few individuals are able of adapting to adverse situations and, so, present a better health condition. However, it is not clear if the changes in health status are related to the nursing degree program once: few studies have longitudinally assessed health status changes; the simultaneous relations among health phenomena; and the potential role of resilience on nursing students health.

Objectives:

to identity if the health status, resilience and quality of life of nursing degree students change after the first academic-year; and to assess how the simultaneous relations of causality among psycho-emotional stress, depressive symptoms, sleep quality and resilience are arranged to explain the quality of life of nursing degree students after the first academic-year.

Method:

this research is organized in two phases, both of quantitative approach: Phase 1-methodologic (tools calibration) assessment; and Phase 2- longitudinal study. In the Phase 1, data were gathered from students enrolled in the 2nd, 3rd and 4th academic years (respectively 4th,6th, and 8th semesters) of a state university of Sao Paulo. In the next phase, we gathered the data from 1st year (1st and 2nd semesters of 2016) students at the starting of classes and one year after the first data collection with the calibrated instruments in two universities of Sao Paulo- one state and other federal. In these phases, we applied the following instruments: demographic and academic form; Instrument for stress evaluation in nursing students, Center for Epidemiologic Studies Depression Scale, Pittsburgh Sleep Quality Index; Connor-Davidson Resilience Scale; and the Instrument for Quality of Life Assessment. We used the confirmatory factor analysis to calibrate the instruments and the ANOVA for mixed models to assess the changes in health status across the first academic year. The Structural Equation Modelling was applied to evaluate the dependency relations among the variables.

Results:

the factorial structure and the internal consistency were satisfactory to explain the phenomena. 110 students attended the instruments calibration phase. In the longitudinal phase, 117 students were included in March and 100 in December 2016. We found a significant increase of psycho-emotional stress in all instruments domains; a decrease of duration and subjective quality of sleep; and an increase of general psychoemotional stress and depressive symptoms. The final hypothesized model showed good adjustment for quality and residues indexes. The psycho-emotional stress reduced the sleep quality and increased the depressive symptoms, which decreased the quality of life directly and indirectly (Through the stress). Resilience relieved the stress levels and the depressive symptoms and improved the sleep quality.

Conclusion:

the nursing academic environment has potential for illnesses, with impact on quality of life. The psycho-emotional stress is predictor of the assessed phenomenon and resilience is a protective factor against stress. We suggest that the teaching institutions rethink the curricular elements, promote the resilience and create spaces for students health promotion.