Ações do enfermeiro em urgência e emergência hospitalar, na perspectiva da prática interprofissional colaborativa
Nursing actions in emergency and hospital emergency, from the perspective of collaborative interprofessional practice

Publication year: 2017

Introdução:

Nos serviços de urgência e emergência hospitalares, a complexidade das necessidades de saúde exige cada vez mais o trabalho colaborativo em equipes interprofissionais, sendo necessária a identificação das ações para a construção das competências específicas, comuns e colaborativas. Essa identificação clarifica os papéis e fortalece o trabalho colaborativo nas equipes de urgência e emergência.

Objetivos:

identificar as ações específicas, comuns e colaborativas dos enfermeiros em urgência e emergência hospitalar de um hospital público do Estado de São Paulo.

Método:

Pesquisa descritiva, exploratória e de abordagem qualitativa, que utilizou como categorias conceituais as competências, conforme a definição de Zarifian (2003); as competências complementares, comuns e colaborativas de Barr (1998); as competências para a prática interprofissional colaborativa, propostas pelo Canadian Interprofessional Health Collaborative (CIHC) de 2010, e a definição de equipe de referência e apoio matricial segundo Campos & Domitti (2007). Para a coleta de dados foram realizadas entrevistas individuais e semiestruturadas com os enfermeiros que atuam no Pronto-Socorro de um hospital público do estado de São Paulo. Para a análise do material proveniente das entrevistas foi utilizada a técnica de análise temática de Bardin (2011). Os dados das entrevistas foram analisados para identificação do conjunto de ações específicas, comuns e colaborativas.

Resultados:

Os achados revelam que os enfermeiros desempenham mais ações voltadas para a gestão e articulação do cuidado, comparando-se à prática centrada na família e no paciente, que ainda é pouco realizada pelos enfermeiros. A clarificação dos papéis e a importância do saber comum destaca que o enfermeiro reconhece o seu próprio papel, porém tem dificuldade em reconhecer os papéis dos demais profissionais da equipe. A comunicação é a principal ferramenta utilizada pelo enfermeiro dentro das ações específicas, comuns e colaborativas, e está mais relacionada à comunicação instrumental e tecnicista, ou seja, à passagem de informação entre profissionais, o que mostra a necessidade de uma comunicação mais ampla, com a troca de experiências, compartilhamento de informações, entendimento mútuo e a confiança entre os profissionais. A dinâmica do setor de urgência e emergência dificulta a realização de reuniões e encontros de equipe interprofissional de urgência e emergência, portanto se faz necessária a implantação de protocolos e fluxos de atendimento para o entendimento mútuo dos processos estabelecidos, o que facilitaria o trabalho interprofissional em equipe e em colaboração dentro do Pronto-Socorro.

Conclusões:

Espera-se que a identificação das ações possa levar à construção de um quadro de competências específicas, comuns e colaborativas para o enfermeiro em urgência e emergência, e clarifique o papel do enfermeiro no contexto das equipes interprofissionais, fortalecendo a colaboração e contribuindo para o desenvolvimento de novas práticas de saúde neste cenário.

Introduction:

In both urgent care and hospital emergency room services, the complexity of the health needs urges more collaborative work among interprofessional teams, which is necessary to identify the actions in order to build specific, common and collaborative skills. This identification clarifies the roles and strengthens the collaborative work in urgent and emergency teams.

Objectives:

Identify the specific, common and collaborative actions of nurses in hospital emergency care at a public hospital in the State of São Paulo.

Method:

Descriptive, exploratory and qualitative approach, which adopted as conceptual categories the competences, as defined by Zarifian (2003); the complementary, common and collaborative skills of Barr (1998); competencies for collaborative interprofessional practice, proposed by the Canadian Interprofessional Health Collaborative (CIHC) in 2010, and the definition of reference team and matrix support according to Campos and Domitti (2007). For data collection, individual and semi-structured interviews were conducted with nurses who work in the emergency room of a public hospital in the state of São Paulo. For the analysis of the material collected from the interviews, the technique of thematic analysis of Bardin (2011) was employed. The interview data were analyzed to identify the set of specific, common and collaborative actions.

Results:

The findings show that nurses perform more actions related to management and care coordination, rather than focus on family and patient issues, which are still not carried out by nurses. The clarification of roles and the importance of common knowledge highlight that nurses recognize their own role, but have difficulty in recognizing the roles of other members from the staff. Communication is the main tool used by the nurse among the specific, common and collaborative actions, and it is more related to the instrumental and technical communication, i.e. passage of information between professional, which shows the need of a broader communication, with exchange of experiences, information sharing, mutual understanding and trust among professionals. The dynamics of the urgent and emergency sectors make it difficult to hold meetings with the interprofessional teams, and those are necessary to implement protocols and service flows for the mutual understanding of established processes, which would facilitate the interprofessional work in team and in collaboration within the first-aid station.

Conclusions:

It is expected that the identification of actions can lead to the construction of a specific competency framework, common and collaborative, for nurses in emergency care, and also clarify the role of the nurse in the context of interprofessional teams, strengthening collaboration and contributing to the development of new health practices in this setting.