Coinfecção tuberculose-HIV em unidades prisionais: análise dos fatores associados ao desfecho dos casos
Tuberculosis-HIV coinfection in prison units: Analysis of factors associated with the outcome of cases
Publication year: 2020
O objetivo geral foi analisar as ações de saúde ofertadas às pessoas privadas de liberdade com coinfecção tuberculose-HIV, bem como os fatores associados ao desfecho do tratamento da tuberculose no estado de São Paulo.
Objetivo específico I:
analisar a assistência prestada aos indivíduos com coinfecção tuberculose-HIV em unidades prisionais, segundo a Coordenadoria Regional, a partir de um estudo transversal entre 2016-2018, utilizando-se um questionário estruturado aplicado a 112 diretores ou profissionais de saúde de 168 unidades prisionais. Os dados foram analisados por distribuição de frequência e análise de correspondência múltipla. Do total, 92,9% dos participantes referiram busca ativa de sintomáticos respiratórios, 89,3% oferta de tratamento diretamente observado para todos os casos de tuberculose, 95,5% teste anti-HIV para todos os detentos, 92,9% acompanhamento do HIV em serviços especializados e 59,8% oferta de antirretrovirais para os casos de coinfecção. Identificou-se associação entre as Coordenadorias Noroeste e Central, deficiência de recursos humanos e baixa realização de ações para o diagnóstico e acompanhamento dos casos.Objetivo II:
identificar os fatores de risco sociodemográficos, clínicos e de acompanhamento para a coinfecção tuberculose-HIV entre detentos, a partir de um estudo do tipo caso-controle, período de 2015-2017, cujos dados foram obtidos do TB-WEB e analisados por meio de distribuição de frequência e análise bivariada, testando a associação da variável dependente (casos - coinfectados tuberculose-HIV x controles - tuberculose não coinfectados com HIV) com as variáveis independentes (sociodemográficas e clínicas) pelo cálculo do odds ratio e valor de p. Fatores de risco para a coinfecção tuberculose-HIV: idade entre 26 e 84 anos, notificação em hospitais, baciloscopia e cultura de escarro negativa, raio-X sugestivo de outra patologia, forma clínica extrapulmonar e mista, alcoolismo.Fatores de proteção:
sexo masculino, ensino fundamental e médio. Identificou-se alto percentual de óbito entre os coinfectados.Objetivo III:
identificar os fatores associados ao desfecho desfavorável do tratamento de tuberculose em pessoas privadas de liberdade com coinfecção por HIV, a partir de estudo do tipo caso-controle, período de 2015-2017 em unidades prisionais do estado de São Paulo.População de estudo:
casos novos de tuberculose coinfectados com HIV com desfecho favorável (controles - cura) e desfavorável (casos - abandono e óbito) do tratamento. Realizou-se regressão logística para as variáveis sociodemográficas (modelo 1), de detecção e clínicas (modelo 2) e de acompanhamento (modelo 3). Obteve-se um modelo múltiplo, conservando variáveis com p<0,05. Na análise univariada, apresentaram associação com o desfecho desfavorável: as variáveis escolaridade (modelo 1), tratamento auto-administrado/sem informação e início da terapia antirretroviral (modelo 3). No modelo múltiplo, o tratamento auto-administrado apresentou maior chance para o desfecho desfavorável (OR 5,0; IC95% 2,2-11,49) quando comparado ao tratamento diretamente observado. A chance de desfecho desfavorável entre aqueles que iniciaram terapia antirretroviral após o diagnóstico da tuberculose foi 60% (OR 0,4; IC95% 0,2-0,83) menor quando comparada aos que iniciaram terapia antirretroviral antes do diagnóstico da tuberculose. A identificação das ações ofertadas aos detentos e dos fatores associados ao desfecho dos casos podem subsidiar o delineamento e avaliação de estratégias para o enfrentamento da TB e HIV/aids no sistema prisional.
This study aims to analyze the health actions offered to people deprived of liberty with tuberculosis-HIV coinfection, as well as the factors associated with the outcome of tuberculosis treatment in the state of São Paulo. For objective I - to analyze the care provided to individuals with tuberculosis-HIV co-infection in prison units, according to the prisons' Regional Coordination, based on a cross-sectional study between 2016-2018, using a structured questionnaire applied to 112 directors or health professionals from 168 prison units. The data were analyzed by frequency distribution and multiple correspondence analysis. Of the total, 92.9% of participants reported active search for respiratory symptoms, 89.3% offer of treatment directly observed for all cases of tuberculosis, 95.5% anti-HIV test for all inmates, 92.9% follow-up HIV in specialized services and 59.8% supply of antiretrovirals for cases of co-infection. An association was identified between the Northwest and Central Coordination Offices, lack of human resources, and low performance of actions for the diagnosis and monitoring of cases. Objective II - to identify sociodemographic, clinical, and follow-up risk factors for tuberculosis-HIV co-infection among inmates, a case-control study was carried out at the period 2015-2017, which data were obtained from TB-WEB and analyzed through frequency distribution and bivariate analysis, testing the association of the dependent variable (cases - tuberculosis-HIV co-infection x controls - tuberculosis not co-infected with HIV) with the independent variables (sociodemographic and clinical) by calculating the odds ratio and p-value. Risk factors for tuberculosis-HIV coinfection: age between 26 and 84 years, notification in hospitals, sputum smear microscopy, and culture, X-ray suggestive of another pathology, extrapulmonary, and mixed clinical form, alcoholism.