Publication year: 2022
ntrodução:
O Brasil avança no processo para se aceitar como uma sociedade multicultural, acreditando na ampla presença da população preta, parda e indígena. Além disso, deve lidar com altos fluxos migratórios provenientes de todos os continentes e a crescente população em situação de rua, em nível nacional e local, que merece uma abordagem holística. Por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), é garantido o acesso à saúde integral, universal e gratuita para toda a população, sem discriminação, sendo a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) uma porta de entrada ao referido serviço para as populações mais vulneráveis. Portanto, os profissionais da saúde, em qualquer nível de atenção, e particularmente o enfermeiro, precisam compreender a diversidade cultural e, idealmente, terem a capacidade para responder à mesma. A competência cultural e compassiva remete à capacidade de prestar cuidados culturalmente adequados e congruentes, facilmente aceitos pela população com a finalidade de aliviar o sofrimento humano. Objetivo:
Compreender o processo de construção da competência cultural e compassiva de enfermeiros que cuidam de populações vulneráveis numa Unidade de Pronto Atendimento em Belo Horizonte, Brasil. Metodologia:
Trata-se de um estudo conduzido pela abordagem qualitativa, do tipo de estudo de caso único, ancorada no referencial teórico do Modelo do Desenvolvimento da Compaixão Culturalmente Competente da enfermeira Irena Papadopoulos. O estudo foi realizado em uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA), localizada na cidade de Belo Horizonte (MG), Brasil. Participaram 18 enfermeiros que atuavam na UPA. Os dados foram coletados por meio de entrevista individual guiada por roteiro semiestruturado e observação da prática profissional, no período de outubro de 2020 a janeiro de 2021. Os dados foram submetidos à análise de conteúdo temática, proposta por Bardin, com auxílio do software ATLAS.ti, versão 9. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UFMG, sob o parecer de número 4.249.999. Resultados:
A análise dos dados permitiu compreender que o desenvolvimento da compaixão culturalmente competente é um processo subjetivo, contínuo e não linear. Além disso, possibilitou a construção de três categorias analíticas: A primeira foi “Construção da compaixão culturalmente competente em enfermeiros que cuidam de populações vulneráveis”. Para a construção desta categoria, optou-se pela apresentação de três famílias: (a) Um olhar para dentro de si: o reconhecimento da identidade cultural; b) Caminhos a percorrer: da lacuna ao conhecimento cultural; c) A escuta atenta como cuidado essencial de enfermagem; e, d) competência cultural e compassiva como oportunidade infinita de crescimento). A segunda categoria foi “Compaixão Culturalmente Competente da enfermagem durante a pandemia por COVID-19 na Unidade de Pronto Atendimento”, composta por três famílias: a) Processo de desconstrução pessoal e profissional; b) Fortalecimento dos laços profissionais baseado na compaixão; e, c) “Aproximações aos desafios da enfermagem para preservar o Cuidado Compassivo e Culturalmente Competente”, composta por três famílias: a) Consolidação de habilidades compassivas no mundo globalizado; b) A formação profissional culturalmente competente como um processo incessante; e c) Alguns dilemas éticos no cuidado compassivo no início da vida.
Introduction:
Brasil has been moving toward accepting itself as a multicultural society by acknowledging the vast presence of African American, Indigenous and Mestizo populations, while dealing with high migratory rates from every continent, and the increasing homeless population nationwide. All of these populations deserve an integral approach. Through the Unified Healthcare System (S.U.S. in portuguese), access, universality and free healthcare its guaranteed for all population, without discrimination. The Emergency Care Unit (UPA) is the main entrance to the referred healthcare system for the most vulnerable population. Nevertheless, healthcare practitioners in every level, especially nurses, need to comprehend and furthermost respect cultural diversity. Cultural competence is the capacity to provide cultural adequate and congruent care, easily accepted by the population. Aim:
Understanding the process of construction of cultural competent compassion by nurses in main care of vulnerable population at the Emergency Care Unit (UPA) in Belo Horizonte, Brasil. Methods:
Study conducted by qualitative approach, single case type, anchored in the theoretical framework of the Model for the Development of Culturally Competent Compassion by nurse Irena Papadopoulos. This study was carried out in an Emergency Care Unit (UPA), located in the city of Belo Horizonte (MG), Brazil. Eighteen nurses who worked at the UPA participated. Data was collected through individual online interviews guided by a semi-structured script and observation of the professional practice, from October 2020 to January 2021. The data were subjected to thematic content analysis, proposed by Bardin, with the help of ATLAS.ti software, version 9. The research was approved by the UFMG Research Ethics Committee, under the number 4,249,999. Results:
Data analysis shows that the development of culturally competent compassion is a subjective, continuous and non-linear process. In addition, it enables the construction of three categories: “Building culturally competent compassion in nurses who care for vulnerable populations” is the first category. we opted for presenting three subcategories a) a look inside themselves: the recognition of cultural identity; b) Paths to be followed: from the gap to cultural knowledge; and c) Attentive listening as essential nursing care, cultural and compassionate competence as an endless opportunity for growth. The second category, "Cultural and compassionate competence of nursing during the COVID-19 pandemic in the Emergency Care Unit", is composed of three subcategories: a) Personal and professional deconstruction process; b) Strengthening professional ties based on compassion; and, c) Holistic care strategy for patients with COVID-19 and their families. Finally, “Approaches to the challenges of nursing to preserve Compassionate and Culturally Competent Care””, composed of three subcategories: a) Consolidation of compassionate skills in a globalized world; b) Culturally competent professional training as an incessant process; and c) Some ethical dilemmas in early-life compassionate care.