Supervisão de enfermagem na atenção hospitalar: potencialidades e limitações na perspectiva de enfermeiros brasileiros
Nursing supervision in hospital care: Potentialities and limitations from the perspective of Brazilian nurses
Publication year: 2020
A supervisão é um instrumento gerencial com potencial para impactar positivamente a assistência de enfermagem. Entretanto, muitos enfermeiros adotam uma prática voltada à fiscalização e punição, distante de uma abordagem educativa e da concepção de desenvolvimento da equipe e integralidade do cuidado, que requerem medidas mais participativas e integradoras de supervisão. Diante desse contexto, este estudo teve por objetivo analisar a supervisão de enfermagem no âmbito hospitalar, segundo a perspectiva de enfermeiros brasileiros. Trata-se de estudo exploratório, de natureza quantitativa, de mensuração de opinião, estruturado, com utilização da técnica Delphi, por meio de plataforma eletrônica (Google Forms), com enfermeiros de instituições hospitalares e docentes universitários da área de administração em enfermagem, indicados por seus pares por serem considerados referência/experts em supervisão de enfermagem, atuantes nas cinco regiões geográficas do país. Os dados coletados foram analisados por meio de estatística descritiva, na própria plataforma. A pesquisa cumpriu os preceitos da Resolução 466/12. Foram realizadas duas rodadas de opiniões, com início em setembro de 2018 e finalização em janeiro de 2019, com 209 e 130 participantes, respectivamente. Na primeira rodada, cinco de doze questões e, na segunda rodada, seis de sete questões, alcançaram consenso superior a 75%. Na concepção dos participantes, a supervisão é um instrumento que permite gerenciar pessoas, recursos materiais e equipamentos, além de orientar e capacitar a equipe, proporcionando ambiente participativo, reflexivo e crítico para qualificar o cuidado, e requer conhecimentos, habilidades e atitudes éticas. Os participantes elencaram limitações para o exercício da supervisão, como: despreparo para exercer a supervisão; falta de critérios institucionais para ocupação dos cargos gerenciais, que pode repercutir negativamente no desempenho da equipe; sobrecarga de trabalho; dimensionamento incorreto da equipe; falta de compromisso dos membros da equipe com o cuidado e com os objetivos da organização; falta de diálogo; colaboração, de apoio dos níveis superiores da instituição; uso exagerado do controle, tanto por parte de alguns enfermeiros para com a equipe, quanto dos níveis superiores para com o enfermeiro, cerceando a autonomia profissional. Para viabilizar o uso da supervisão de enfermagem na prática, foi sugerido dar maior ênfase à temática, desde a graduação. E em educação permanente, maior interação entre os serviços de saúde e universidades por meio de parcerias; envolvimento da equipe por meio de processos de trabalho mais horizontalizados, colaborativos e participativos; melhorias das condições de trabalho da equipe de enfermagem, com dimensionamento adequado de pessoal e provisão dos recursos materiais; além de implementação da supervisão clínica para apoiar e desenvolver as competências do enfermeiro para a prática da supervisão. Ao analisar as questões que não obtiveram consenso na primeira rodada, e a que permaneceu sem alcançar o consenso estabelecido na segunda, fica realçado o afastamento entre o preconizado pela literatura e o desenvolvido, de fato, na internalidade das instituições hospitalares. Para mudar esse cenário, além do interesse e da parte que compete às instituições de saúde e de ensino, emerge a necessidade do protagonismo do enfermeiro para incorporar o conhecimento produzido, assumindo também o desafio de fazer acontecer.
Supervision is a managerial instrument with the potential to positively impact nursing care. However, many nurses adopt their practice aimed at inspection and punishment, far from an educational approach and the concept of team development and integrality of care, which require more participatory and integrating supervision measures. Thus, this study aimed to analyze nursing supervision in the hospital environment, from the perspective of Brazilian nurses. This is an exploratory, quantitative study, of opinion measurement, structured, using the Delphi technique, through an electronic platform (Google Forms), with nurses from hospital institutions and university professors in the area of nursing administration, indicated by their peers for being considered reference/experts in nursing supervision, working in the five geographic regions of the country. The collected data were analyzed using descriptive statistics on the platform. The study complied with Resolution 466/12. Two rounds of opinions were held, starting in September 2018 and ending in January 2019, with a total of 209 and, 130 participants, respectively. In the first and second round, five out of twelve questions and six out of seven questions, respectively, reached a consensus of over 75%. In the participants' conception, supervision is an instrument that allows people, material resources and equipment to be managed, in addition to guiding and training the team, providing a participative, reflective and critical environment to qualify care, and requires knowledge, skills and ethical attitudes. The participants listed limitations for supervision, such as unpreparedness to exercise it, lack of institutional criteria for occupying managerial positions, which can have a negative impact on team performance, work overload, incorrect team sizing, lack of commitment by members of the team with the care and objectives of the organization, lack of dialogue, collaboration, support from the higher levels of the institution, exaggerated use of control, both by some nurses towards the team, and by the higher levels towards the nurses, curtailing professional autonomy. To enable the use of nursing supervision in practice, they suggested giving more emphasis to the topic, since undergraduate study and, in continuing education, more interaction between health services and universities through partnerships; team involvement through more horizontal, collaborative and participatory work processes; improvements in the working conditions of the nursing team, with appropriate team sizing and provision of material resources, and implementation of clinical supervision to support and develop nurses' skills for supervision practice. When analyzing the issues that did not reach consensus in the first round and the one that remained without reaching the consensus established in the second one, it is highlighted the gap between what is recommended by the literature and what is truly developed inside hospital institutions. To change this scenario, in addition to the interest and the part that belongs to the health and educational institutions, the need for the role of nurses to incorporate the knowledge produced emerges, also assuming the challenge of making it happen.