Publication year: 2020
Antecedentes:
A relação entre fatores sociodemográficos e as desigualdades em saúde é tema relevante para análise dos comportamentos de saúde. Conhecer essa relação constitui importante contribuição para o adequado enfretamento das doenças crônicas. Nesse sentido, este trabalho objetivou analisar os comportamentos de saúde da população brasileira, a partir dos dados da Pesquisa Nacional de Saúde (2013), segundo a situação de domicílio e as diferentes gerações. Métodos:
Trata-se de estudo de delineamento transversal com o uso de dados secundários provenientes da Pesquisa Nacional de Saúde (2013). A PNS utilizou amostra aleatória simples por conglomerados, com representatividade para o Brasil, suas macrorregiões, população urbana e rural, e capitais. Identificou-se a prevalência de indicadores de alimentação saudável (consumo recomendado de frutas e hortaliças, consumo regular de peixes e feijão) e não saudável (consumo regular de refrigerantes e suco artificial, doces, carnes com excesso de gordura, substituição de refeições por lanches) na população brasileira segundo situação de domicílio – urbana e rural. Foram estimadas as prevalências (%) e modelos de regressão logística foram ajustados para estimar odds ratio (OR) e intervalos de confiança (IC 95%). Identificou-se ainda, as diferenças nos comportamentos de saúde da população brasileira, relacionados ao consumo alimentar, uso abusivo de álcool, tabagismo e prática de atividade física no lazer e de acordo com as diferentes gerações (tradicionalistas, baby-boomer, geração X, geração Y e geração Z). Foram estimadas as prevalências (%) e realizada regressão de Poisson para estimar Razão de Prevalência (RP) e intervalos de confiança (IC 95%). Resultados:
Em relação aos indicadores de alimentação de acordo com a situação de domicílio, observou-se nas áreas rurais maior consumo regular de feijão (OR= 1,20; IC95%: 1,14-1,26) e de carne com excesso de gordura (OR= 1,48; IC95%: 1,42-1,55); e menor consumo de refrigerantes (OR = 0,55; IC95%: 0,52-0,59) e de substituição de refeições por lanches (OR= 0,59; IC95%: 0,51-0,66). Por outro lado, foi menor o consumo recomendado de frutas e hortaliças (OR= 0,89; IC95%: 0,85-0,96) e regular de peixes (OR= 0,88; IC95%: 0,84-0,92). Em relação aos comportamentos de saúde analisados segundo as gerações, observou-se que a gerações com representantes mais velhos, os Tradicionalistas e Baby-boomers apresentaram melhores comportamentos de saúde relacionados à alimentação, com maiores prevalências de consumo de frutas e hortaliças e menores de refrigerantes e sucos artificiais, além de menores prevalências de consumo abusivo de álcool. Por outro lado, as gerações mais jovens - as Gerações Y e Z, em comparação aos Tradicionalistas, apresentaram maiores prevalências do hábito de não fumar e eram mais ativos no lazer. Conclusão:
Observou-se diferenças no consumo alimentar de brasileiros residentes em áreas rurais e urbanas, assim como nos comportamentos de saúde nas diferentes gerações. Brasileiros residentes nas áreas rurais relataram maior chance de manter um padrão alimentar tradicional, com o consumo de marcadores de alimentos minimamente processados, especialmente feijão; e menor consumo de marcadores de alimentos ultraprocessados; apesar do menor consumo de frutas e hortaliças, e de peixes. As diferenças identificadas conforme a situação do domicilio e as diferente gerações investigadas denotam a importância de fomentar políticas de promoção da saúde que respeitem e valorizem as tradições, e considerem as diferenças culturais, valorizando seus aspectos positivos e reforçando a necessidade de alinhamento com os objetivos de saúde.
Background:
The relationship between sociodemographic factors and health inequalities is a relevant topic for the analysis of health behaviors. Knowing this relationship is an important contribution to the adequate coping with chronic diseases. In this sense, this study aimed to analyze the health behaviors of the Brazilian population, based on data from the National Health Survey (2013), according to the situation of the home and the different generations. Methods:
This is a cross-sectional study using secondary data from the National Health Survey (2013). The PNS used a simple random sample by conglomerates, with representativeness for Brazil, its macro-regions, urban and rural population, and capitals. The prevalence of healthy eating indicators (recommended consumption of fruits and vegetables, regular consumption of fish and beans) and unhealthy (regular consumption of soft drinks and artificial juice, sweets, excess fat meats, replacement of meals with snacks) in the Brazilian population according to household situation - urban and rural. Prevalences (%) were estimated and logistic regression models were adjusted to estimate odds ratios (OR and confidence intervals (95% CI). Differences in the health behaviors of the Brazilian population, related to food consumption, alcohol abuse, smoking and physical activity during leisure and according to the different generations (traditionalists, baby-boomers, generation X, generation Y and generation Z). Prevalence (%) was estimated and Poisson regression was performed for to estimate Prevalence Ratio (PR) and confidence intervals (95% CI). Results:
Regarding the food indicators according to the situation at home, higher regular consumption of beans was observed in rural areas (OR = 1.20 ; 95% CI: 1.14-1.26) and meat with excess fat (OR = 1.48; 95% CI: 1.42-1.55); and lower consumption of soft drinks (OR = 0.55; 95% CI: 0.52-0.59) and replacement of meals with snacks (OR = 0.59; 95% CI %: 0.51-0.66) On the other hand, the recommended consumption of fruits and vegetables was lower (OR = 0.89; 95% CI: 0.85-0.96) and regular fish (OR = 0.88; 95% CI: 0.84-0.92). Regarding the health behaviors analyzed according to the generations, it was observed that the generations with older representatives, the Traditionalists and Baby-boomers showed better health behaviors related to food, with a higher prevalence of consumption of fruits and vegetables and less of soft drinks and artificial juices, in addition to lower prevalence of alcohol abuse. On the other hand, the younger generations - Generations Y and Z, compared to Traditionalists, had a higher prevalence of the habit of not smoking and were more active at leisure. Conclusion:
Differences were observed in the food consumption of Brazilians living in rural and urban areas, as well as in health behaviors across different generations. Brazilians living in rural areas reported a greater chance of maintaining a traditional dietary pattern, with the consumption of minimally processed foods, especially beans; and lower consumption of ultra-processed foods; despite the lower consumption of fruits and vegetables, and fish. The differences identified according to the situation of the home and the different generations investigated denote the importance of promoting health promotion policies that respect and value traditions, and consider cultural differences, valuing their positive aspects and reinforcing the need to align with the objectives of health.