Felicidade no trabalho e eventos potencialmente traumáticos: Um estudo com enfermeiros Açorianos
Publication year: 2021
O presente estudo integrado no projeto INT-SO: Dos contextos de trabalho à saúde ocupacional dos profissionais de enfermagem, um estudo comparativo entre Portugal, Brasil e Espanha, pretende identificar os nÃveis de felicidade no trabalho e trauma psicológico, identificar a sua relação em função de variáveis sociodemográficas e socioprofissionais e analisar a variação entre felicidade no trabalho e trauma psicológico. Desta forma, desenvolveu-se um estudo quantitativo, descritivo, correlacional e transversal, com 113 enfermeiros de uma Unidade Hospitalar e de uma Unidade de Saúde de uma ilha dos Açores, selecionados através de uma técnica de amostragem não probabilÃstica e amostra de conveniência. Foi aplicado um questionário sociodemográfico e profissional, a Shorted Happiness at Work Scale (SHAW) (Salas-Vallina & Alegre, 2018a; Queirós et al., 2020) e a Impact Event Scale Revised (IES-R) (Weiss & Marmar, 1997; Matos, Pinto-Gouveia, & Martins, 2011). A análise dos dados foi baseada em estatÃstica descritiva e inferencial. Verificou-se que os enfermeiros apresentavam nÃveis moderados de felicidade no trabalho, apresentando médias superiores na dimensão de engagement. Relativamente ao trauma, todos os enfermeiros vivenciaram pelo menos um incidente crÃtico que marcou o seu percurso profissional, sendo que a situação de morte e o perÃodo de há mais de 12 meses foram os mais referenciados. Encontraram-se nÃveis baixos de trauma psicológico, com valores superiores na subescala de pensamentos intrusivos, sendo a sua prevalência de 23,9%. Enfermeiros do sexo masculino, com 61 ou mais anos, sem dependentes a cargo e que realizavam atividades de lazer apresentaram valores superiores na dimensão de satisfação com o trabalho. Enfermeiros com filhos, que não realizavam atividades de lazer, com 16 ou mais anos de experiência profissional, com horário fixo e vÃnculo definitivo apresentaram nÃveis superiores de trauma psicológico; e os enfermeiros gestores apresentaram valores superiores na subescala de hiperativação. Identificou-se também uma relação negativa fraca entre a dimensão de satisfação com o trabalho e o trauma psicológico. Tendo em conta a falta de condições laborais dos enfermeiros e as cargas emocionais negativas que experienciam, torna-se necessário conhecer as suas necessidades e aplicar estratégias que potenciem a felicidade no trabalho e previnam/diminuam o desenvolvimento de trauma psicológico. Há que consciencializar, formar e treinar os profissionais para possÃveis situações traumáticas nos locais de trabalho, bem como perceber o que os mantém motivados, felizes e saudáveis, através da saúde ocupacional.
There is a global need for improvement in nurses' working environments and conditions,
mainly in terms of workload and material and human resources. Furthermore, during the
provision of care, large negative emotional feelings arise, resulting from stressful situations,
difficult decision-making and adverse events.
The present study integrated in the project INT-SO: From work contexts to occupational
health of nursing professionals, a comparative study between Portugal, Brazil and Spain,
aims to identify the levels of happiness at work and psychological trauma, to identify their
relationship in function of socio-demographic and socio-professional variables and to
analyze the variation between happiness at work and psychological trauma.
In this way, a quantitative, descriptive, correlational and cross-sectional study was
developed, with 113 nurses from a Hospital Unit and a Health Unit from an island in the
Azores, selected through a non-probabilistic sampling technique and convenience sample.
A sociodemographic and professional questionnaire, the Shorted Happiness at Work Scale
(SHAW) (Salas-Vallina & Alegre, 2018a; Queirós et al., 2020) and the Impact Event Scale
Revised (IES-R) (Weiss & Marmar, 1997; Matos, Pinto-Gouveia, & Martins, 2011) were
applied. Data analysis was based on descriptive and inferential statistics.
It was found that nurses present moderate levels of happiness at work, with higher mean
scores in the dimension of engagement. Regarding trauma, all nurses experienced at least
one critical incident that marked their professional career, with the patient’s death
situation and the period of more than 12 months being the most referred. Low levels of
psychological trauma were found, with higher values in the subscale of intrusive thoughts,
with a prevalence of 23.9%. Male nurses, aged 61 or more, without dependents and who
performed leisure activities showed higher values in the dimension of job satisfaction.
Nurses with children, who did not perform leisure activities, with 16 or more years of
professional experience, with fixed schedule and definitive employment contract,
presented higher levels of psychological trauma; and nurse managers showed higher values
in the hyperactivation subscale. A weak negative relationship was also identified between
the dimension of job satisfaction and psychological trauma.
Bearing in mind the nurses' lack of working conditions and the negative emotional burdens
they experience, it is necessary to know their needs and apply strategies that enhance
happiness at work and prevent/reduce the development of psychological trauma. It is
necessary to raise awareness, form and train professionals for possible traumatic situations
in the workplace, as well as to understand what keeps them motivated, happy and healthy,
through occupational health.