Caracterização das lesões em desportos de combate: Kickboxing e Muaythai

Publication year: 2022

O Kickboxing e o Muaythai pela sua técnica individual, exigem a concretização de movimentos amplos para a manutenção do equilíbrio, agilidade e resistência muscular. A frequência e intensidade exigida pela prática destas modalidades, podem predispor o atleta a possíveis lesões musculosqueléticas, bem como a alterações posturais e ocorrência de traumas.

Objetivo:

Analisar as lesões ocorridas durante a prática de desportos de combate e os fatores que lhe estão associados.

Método:

Realizamos um estudo transversal analítico, numa população de 400 atletas que praticam kickboxing, muaythai ou ambos, obtendo-se uma amostra de 128 atletas de ambos os sexos, com idades compreendidas entre os 15 e os 45 anos e residentes em Portugal Continental e Ilhas, que se disponibilizaram a participar no estudo. Como instrumento de recolha de dados foi elaborado um questionário fechado para a caraterização sociodemográfica, hábitos de vida, contexto desportivo e histórico de lesão desportiva. O questionário foi inserido na plataforma informática Google Forms, onde se gerou um link de convite, facultado ao Presidente da Federação Portuguesa de Kickboxing e Muaythai, que após contactar os treinadores pertencentes aos clubes de kickboxing e muaythai, enviou via email o link do questionário para preenchimento aos seus atletas. Estes, após consentirem participar no estudo acederam ao questionário. O estudo obteve o parecer favorável nº 66/2021 da Comissão de Ética do Instituto Politécnico de Bragança, assim como da Federação Portuguesa de Kickboxing e Muaythai. Para todas as variáveis foi determinada a frequência absoluta e relativa, bem como a média e desvio padrão para as variáveis contínuas. Foram utilizados os testes ANOVA e Tukey para a comparação múltipla de variáveis, o valor de significância foi de 0,05.

Resultados:

A amostra do estudo é maioritariamente do sexo masculino (84; 65,6%), com maior prevalência do estado civil solteiro (79; 61,7%) e nacionalidade portuguesa (124; 96,8%), com uma média de idades de 28,23 anos no sexo feminino e 30,13 anos no sexo masculino. O peso foi significativamente mais elevado nos homens bem como a altura. O IMC médio foi de 24 kg/m2. A prevalência de lesões foi de 49,2%. Verificou-se associação estatisticamente significativa, entre o número de lesões com o sexo masculino, a altura do(a) atleta, com a prática das duas modalidades em simultâneo, nos atletas que realizam maior número de treinos por semana, com o escalão sénior em competição e na classe profissional e também nos atletas que praticam a modalidade há mais de dez anos (p<0,05). Verificou-se ainda uma associação nos atletas que ingerem entre três a quatro cafés diariamente.

Conclusões:

Observamos que aproximadamente metade da amostra sofreu lesão. O número de lesões relacionou-se com o sexo masculino, com o escalão sénior, com os atletas mais altos, os que praticam as duas modalidades e há mais tempo, em competição e na classe profissional, ainda nos atletas que ingerem entre três a quatro cafés diariamente. Assim, sugerimos uma monitorização clínica mais frequente dos atletas, essencialmente nos grupos identificados e acompanhamento dos mesmos durante o treino e competição. A inclusão do Enfermeiro Especialista em Médico-Cirúrgica na equipa multidisciplinar de assistência aos atletas, em contexto competitivo para o acompanhamento do atleta no local aquando da ocorrência de lesões e planeamento do seu encaminhamento. Sugerimos também a promoção de campanhas para uma melhoria dos hábitos de vida, relacionadas com a diminuição da ingestão de cafeína, bem como, a realização de outros estudos com amostras maiores, com a inclusão de outras variáveis e metodologias diferentes.
Kickboxing e o Muaythai, due to their individual technique, require the implementation of wide movements to maintain balance, agility and muscular endurance. The frequency and intensity required by the practice of these modalities can predispose the athlete to possible musculoskeletal injuries, as well as postural changes and the occurrence of trauma.

Aim:

Analyse the injuries that occurred during the practice of combat sports and the factors associated with them.

Method:

We carried out na analytical cross-sectional study, in a population of 400 athletes who practice kicboxing, muaythai or both, obtaining a sample of 128 athletes of both sexes, aged between 15 and 45 years and residing in Mainland Portugal and Islands, who volunteered to participate in the estudy. As a data collection instrument, a closed questionnaire was prepared for the sociodemographic characterization, life habits, sports context and history of sports injuries. The questionnaire was inserted into the Google Forms computer platform, where an invitation link was generated, provided to the President of the Portuguese Kickboxing and Muaythai Federation, who, after contacting the coaches belonging to the kickboxing and muaythai clubs, sent the questionnaire link by email to fill in your athletes. These, after consenting to participate in the study, accessed the questionnaire. The study obtained favorable opinion nº 66/2021 from the Ethics Committee of the Polytechnic Institute of Bragança, as well as from the Portuguese Kickboxing and Muaythai Federation. For all variables, the absolute and relative frequencies were determinated, as well as the mean and standard deviation for continuous variables. The ANOVA and Tukey tests were used for the multiple comparison of variables, the significance value was 5%.

Results:

The study sample is mostly male (84; 65,6%), with a higher prevalence of single marital status (79; 61,7%) and Portuguese nationality (124; 96,8%), with na average age 28,23 years old for females and 30,13 years old for males. Weight was significantly higher in men as was height. The mean BMI was 24 kg/m2 . The prevalence of injuries was 49,2%. There was a statistically significant association between the number of injuries with males, the athlete's height, with the practice of both modalities simultaneously, in athletes who perform a greater number of training sessions per week, with the senior level in competition and in the professional class and also in athletes who have been practicing the modality for more than ten years (p<0.05). There was also an association in athletes who ingest between three to four coffees daily.

Conclusion:

We observed that approximately half of the sample suffered injury. The number of injuries was related to males, to the senior level, to the highest athletes, those who practice both modalities and for a longer time, in competition and in the professional class, even in athletes who ingest between three to four coffees daily. Thus, we suggest a more frequent clinical monitoring of athletes, essentially in the identified groups and monitoring them during training and competition. The inclusion of the Specialist Medical-Surgical Nurse in the multidisciplinary team to assist athletes, in a competitive context, to monitor the athlete on the spot when injuries occur and plan their referral. We also suggest promoting campaigns to improve lifestyle habits, related to reducing caffeine intake, as well as carrying out other studies with larger samples, with the inclusion of other variables and different methodologies.