A Enfermagem de Reabilitação e o planeamento da alta hospitalar

Publication year: 2021

O internamento hospitalar interfere na forma como a pessoa desempenha as suas atividades de vida diária (AVD), sendo frequentemente associado a alterações da funcionalidade, qualidade de vida, interação familiar, aumento da prevalência de complicações, além do impacto económico no Serviço Nacional de Saúde (SNS). A alta precipitada está associada a transtornos graves na dinâmica familiar e qualidade de vida do doente, pelo que é imprescindível o início precoce do planeamento de alta. O enfermeiro de reabilitação dirige os seus cuidados à pessoa com necessidades especiais, nomeadamente na preparação do regresso a casa, na continuidade de cuidados e na reintegração na comunidade, promovendo a mobilidade, a acessibilidade e a participação social. As intervenções dirigidas ao planeamento da alta, nem sempre estão bem aferidas entre os enfermeiros de cuidados gerais e os enfermeiros de reabilitação, sendo notória a falta de coordenação das equipas. Com base nestes pressupostos, desenvolvemos um estudo qualitativo, constituindo-se uma amostra intencional de enfermeiros, com o critério de inclusão de exercer funções em serviços de internamento de um hospital central do norte do país, tendo como objetivos compreender o processo de planeamento de alta na perspetiva dos enfermeiros e, analisar as diferenças de planeamento de cuidados, de acordo com a formação académica e especialidade. Foi utilizado um instrumento de recolha de dados, com recurso a uma entrevista semi-estruturada, tendo sido elaborado um guião, suportado pelo modelo teórico de enfermagem de Nancy Roper, Winifred Logan e Alison Tierney. Após a recolha de dados, foi aplicado o método de análise de conteúdos com a sustentação teórica de Bardin, através do recurso ao software Atlas.ti para o tratamento de dados.

Da análise emergiram as seguintes áreas temáticas:

o processo de planeamento de alta, a continuidade de cuidados, os instrumentos de apoio ao planeamento de alta, as boas práticas e o modelo em uso. Face aos resultados obtidos, concluímos que os enfermeiros desenvolvem o planeamento de alta de forma pouco organizada e sistematizada, desprovida de instrumentos de medição, e sem fundamentação teórica na sua tomada de decisão. Não há uma articulação sustentada ao longo do processo de planeamento de alta, entre o momento em que é iniciado e a alta efetiva do doente. Os enfermeiros que manifestaram maior envolvimento no processo e utilização de recursos, como os instrumentos de medida, embora restritos ao seu âmbito profissional, foram os enfermeiros especialistas de reabilitação.
Hospitalization interferes with the way a person performs daily living activities, being frequently associated to functionality changes, decrease of quality of life, family interaction dysfunction, increased prevalence of complications, in addition to the economic impact on the National Health Service. The unbalanced discharge can cause severe disorders in the patient's family dynamics and quality of life, which is why an early start of discharge planning is urgent. The rehabilitation nurse promotes healthcare to a person with special needs, including the preparation of the home return, the continuity of care and the community reintegration, encouraging mobility, accessibility and social participation. The discharge planning interventions aren’t always well measured between general nurses and rehabilitation nurses, showing a gap in team coordination. Based on these facts, we developed a qualitative study, under an intentional sample of nurses, who had to work in services of a central hospital of the north in the country, aiming to understand the process of discharge planning from the perspective of nurses and, analyze the differences in care planning, according to academic training and specialty. Our instrument used was a half-structured interview, and a script was developed, supported by the theoretical nursing model of Nancy Roper, Winifred Logan and Alison Tierney. After data collection, the content analysis method was applied with the theoretical support of Bardin, using the Atlas.ti software for data processing.

The following thematic areas emerged from the analysis:

the discharge planning process, continuity of care, support instruments for discharge planning, good practices and the model in use. The results highlight that nurses develop discharge planning in an unorganized and systematic way, without using instruments of measure, and without theoretical basis in their decision making. There is no sustained articulation throughout the discharge planning process, between the moment it is initiated and the patient's actual discharge. The nurses who showed greater involvement in the pro