Os modelos de cuidados, em obstetrícia, liderados por enfermeiros em alternativa aos modelos convencionais
Publication year: 2021
Este relatório de estágio de natureza profissional constitui uma exigência do segundo ciclo de estudos, do Mestrado em Enfermagem de Saúde Materna e Obstétrica da Escola Superior de Enfermagem do Porto, para a obtenção do grau de Mestre. Pretende fazer uma descrição e análise crítica das atividades desenvolvidas, ao longo do processo de aquisição de competências em cuidados especializados, em congruência com o Regulamento das Competências da Ordem dos Enfermeiros. Ao longo do deste percurso de estágio, ao nortear o desenvolvimento da nossa aprendizagem, optámos por problematizar um assunto que nos suscitou interesse, sobre as implicações da prática intervencionista, na prestação de cuidados na área da saúde materna e obstétrica e em como, através da implementação de um modelo de cuidados liderado pelo enfermeiro especialista em saúde materna e obstétrica, se poderia promover o parto normal como uma experiência empoderadora para as mulheres/famílias, bem como garantir a autonomia do enfermeiro para prestar cuidados de qualidade, adaptados às necessidades das famílias contemporâneas, tal como preconiza a Organização Mundial de Saúde. A opção metodológica foi a revisão da literatura, com o objetivo de conhecer as vantagens e constrangimentos associados ao recurso a modelos de cuidados liderados por enfermeiros especialistas de Enfermagem de Saúde Materna e Obstétrica, comparativamente aos modelos de cuidados convencionais, no cuidado à mulher durante a gravidez e trabalho de parto e parto. As principais conclusões, do estudo realizado, indicam maior satisfação das mulheres, menos intervenções indesejadas e mais partos fisiológicos. Contudo, não aparecem associados a menor número de cesarianas comparativamente aos modelos convencionados. Referem, ainda, a autonomia do enfermeiro como o pilar da filosofia destes modelos de cuidados e que o mesmo precisa de ter a coragem de assumir a responsabilidade da sua tomada de decisão quando cuida com o suporte destes modelos de cuidados. Devem mostrar iniciativa e proatividade e pugnarem por readquirir a sua identidade, já que, segundo Carlson et al. (2017), o seu conformismo face ao domínio por parte de outras equipas profissionais, pode interferir na sua tomada de decisão autónoma perante os diferentes casos. Os objetivos definidos e as competências exigidas foram atingidos, de acordo com a exigência preconizada pelo projeto curricular do estagio e a Ordem dos Enfermeiros.
This report regarding the experiences from the professional placement, integrates the
second year of studies for the Masters in Midwifery, from the Nursing School in Porto. The
report will describe and analyse the process of acquiring the fundamental and specialised
competencies in order to be able to provide care in midwifery, which are outlined in the
Regulation of Skills in Specialised Care for Midwifery from the Portuguese Order of Nurses
(Order of Nurses, 2011). Considering our experiences throughout the placement, we chose
to problematise a phenomenon of our interest, related to the implications of an
interventionist practice in maternal care and how, by implementing another model of care,
we could promote normal birth as an empowering experience for women and promote the
nurse’s autonomy and quality of care, adapted to the real needs of today’s families, as
recommended by WHO (2018). Therefore, we are going to address the implications of the
implementation of midwife-led models of care as an alternative to the traditional and
interventionists models of care, in the assistance provided to women in pregnancy and
childbirth.
We selected the integrative review as the methodology for this investigation, establishing
the following objective: identify the advantages and constraints associated to the
implementation of midwife-led models of care for the care of women in pregnancy and
labour, when compared to the conventional models of care. The main conclusions point to
better levels of maternal satisfaction, less unwanted and unnecessary interventions and
more physiological labours. In terms of the number of caesarean sections, there were no
significant statistic differences, between the midwife-led care models and the conventional
models of care.
The midwives’ autonomy is the structure of this model’s philosophy, where they need to
take responsibility for the decision-making process. They need to show initiative, be
proactive and fight to get back their professional identity, since the passiveness with the
domain of other healthcare professionals over their area of expertise, may interfere with
the decision-making process in the different cases.