Publication year: 2018
Introdução:
A classificação de risco tem importância comprovada na organização dos serviços de emergência, mas algumas questões acerca de sua utilização ainda são apontadas. É comum pacientes chegarem ao serviço de emergência em situações críticas de ameaça à vida e necessitarem de avaliação profissional rápida (neste estudo denominada triagem rápida) ainda na porta de emergência do hospital. Assim, pode-se detectar com rapidez a gravidade do caso, bem como realizar o encaminhamento imediato para o atendimento médico. Objetivo:
Analisar aspectos da triagem rápida realizada pelos enfermeiros na identificação de pacientes graves na porta de emergência, provenientes de demanda espontânea. Método:
Estudo transversal, prospectivo, desenvolvido no Hospital Universitário da Universidade de São Paulo, entre maio e novembro de 2017. Foi realizada observação direta da triagem rápida. O grau de prioridade estabelecido pelo enfermeiro triador foi categorizado como alta prioridade (pacientes graves direcionados imediatamente à sala de emergência) e baixa prioridade (pacientes não graves encaminhados ao fluxo habitual de classificação de risco). Simultaneamente, os pacientes foram avaliados pela pesquisadora com aplicação do Sistema Manchester de Classificação de Risco (SMCR), dicotomizado em alta prioridade (vermelhos e laranjas) e baixa prioridade (amarelos, verdes e azuis). Sensibilidade, especificidade, acurácia, valores preditivos positivo e negativo, e razão de verossimilhança positiva e negativa foram calculados para avaliar o desempenho dos índices na predição de diferentes variáveis. O teste Mann-Whitney e a regressão logística múltipla foram aplicados, com nível de significância de 5%. Resultados:
No total, 173 pacientes (52,0% mulheres; idade média 60,4±21,2 anos) foram avaliados e triados por enfermeiras na emergência. Nove pacientes foram avaliados em duas ocasiões diferentes, caracterizando 182 atendimentos (avaliações). Destes, 56,0% permaneceram em observação no pronto-socorro, 11,0% foram internados em enfermaria, e 5,0% em unidade de terapia intensiva. A taxa de mortalidade foi de 13,2%. A triagem rápida foi mais inclusiva para alta prioridade (n=154; 84,6%) do que o SMCR (n=132; 72,5%). Os sinais e sintomas mais frequentes no grupo da alta prioridade pela triagem rápida foram alterações do nível de consciência (34,6%) e da pele relacionadas ao choque (25,3%). A triagem rápida apresentou melhor sensibilidade e pior especificidade do que o SMCR na análise de quase a totalidade das variáveis (exceto para internação em enfermaria). Ainda, a probabilidade de pacientes não graves serem admitidos na observação do pronto-socorro (variável considerada padrão-ouro no estudo) foi menor pela triagem rápida do que pelo SMCR. Houve diferença significativa (p<0,001) entre os grupos (alta e baixa prioridade atribuída pela triagem rápida) em relação ao número de procedimentos/recursos utilizados. Os fatores associados à classificação de pacientes de alta prioridade pela triagem rápida foram alterações na ventilação (OR de 6,09), disfunção neurológica (OR de 44,96) e presença de dor (OR de 5,80). Conclusão:
A triagem rápida obteve melhor desempenho que o SMCR na predição de admissão dos pacientes na observação do pronto-socorro. Os enfermeiros devem valorizar as alterações neurológicas e de ventilação, além da dor dos pacientes durante a triagem rápida, uma vez que estes sinais e sintomas estão associados à gravidade e à alta prioridade de atendimento.
Introduction:
Triage plays an important role in the organization of emergency services, but questions about its use are still raised. It is common for patients to get at emergency services in critical life-threatening situations, demanding a fast professional evaluation (in this study, we called fast triage). Thus, we can quickly detect the severity of the case and immediately refer the patient to the medical care. Objective:
To analyze aspects of fast triage performed by nurses to identify severe patients from spontaneous demand at the emergency door. Methods:
A prospective, cross-sectional study was carried out at the University Hospital of the University of São Paulo, from May 2017 to November 2017. We performed direct observation of the fast triage. The triage nurse established the degree of priority as high priority (severe patients immediately directed to the emergency room) and low priority (non-severe patients referred to the usual triage flow). At the same time, a researcher evaluated the patients considering the Manchester Triage System (MTS), dichotomized in high priority (reds and oranges) and low priority (yellow, green and blue). Sensitivity, specificity, accuracy, positive and negative predictive values and positive and negative likelihood ratio were calculated to evaluate the performance of indices in the prediction of different variables. The Mann-Whitney test and the multiple logistic regression were applied, with a significance level of 5%. Results:
A total of 173 patients (52.0% women; mean age 60.4±21.2 years) were evaluated and triaged by nurses in the emergency door. Nine patients were evaluated on two different occasions, characterizing 182 visits (evaluations). Among them, 56.0% were in observation in the emergency department, 11.0% were admitted to the ward, and 5.0% were in the intensive care unit. The mortality rate was 13.2%. The fast triage was more inclusive for high priority (n=154; 84.6%) than MTS (n=132; 72.5%). The most frequent signs and symptoms in the high priority group for fast triage were disorders in the level of consciousness (34.6%) and in the skin related to the shock (25.3%). Fast triage showed better sensitivity and worse specificity than MTS in the analysis of almost all variables (except for admission to the ward). In addition, the probability of non-severe patients being admitted to observation in the emergency department (variable considered standard gold in the study) was lower by fast triage than MTS. There was a significant difference (p<0.001) between the groups (high and low priority by fast triage) in relation to the number of procedures/ resources used. The factors associated with the classification of high priority patients by fast triage were alterations in ventilation (OR 6.09), neurological dysfunction (OR 44.96) and presence of pain (OR 5.80). Conclusion:
The fast triage performed better than MTS in prediction of admission of patients in observation in the emergency department. Nurses should value neurological and ventilation disorders, as well as patients pain during fast triage, since these signs and symptoms are associated with the severity and high priority of care.