Publication year: 2018
Introdução:
A violência entre parceiros íntimos (VPI) adolescentes é compreendida como manifestação de relações de dominação fundadas em iniquidades de gênero e geração. É um fenômeno de prevalência internacional que permeia a expressão e a vivência da sexualidade. Objetivo:
Conhecer, analisar e compreender as percepções e as práticas de profissionais da saúde e áreas afins, e propor intervenção para o enfrentamento do fenômeno da VPI na adolescência, à luz das categorias gênero e geração. Método:
Estudo exploratório e descritivo, de abordagem qualitativa. A compreensão do objeto baseou-se na Teoria da Intervenção Práxica da Enfermagem em Saúde Coletiva (TIPESC). Foi realizado em serviços de saúde da Atenção Primária à Saúde (APS) e instituições do Terceiro Setor dos municípios de Curitiba e São Paulo. Os dados foram coletados em duas sessões de uma Oficina de Trabalho Crítico- emancipatória. Em Curitiba, participaram 25 profissionais da APS e nove vinculados a uma instituição do Terceiro Setor. Em São Paulo, participaram 10 profissionais da APS e 11 do Terceiro Setor. Os dados foram gravados, transcritos na íntegra e submetidos à análise de discurso com apoio do Software WebQDA. As categorias analíticas foram gênero e geração. Resultados:
As práticas profissionais são forjadas a partir de percepções que subjazem ao senso comum, reiteram a marginalização social do grupo adolescente e a subalternidade de gênero. A VPI adolescente aparece como fenômeno grave, perene e pouco visível. Nos serviços de saúde, persistem práticas biologicistas e fragmentadas acompanhadas do não reconhecimento da responsabilidade da área para seu enfrentamento. A escassez de vínculo entre a saúde e o Terceiro Setor restringe a atuação diante da VPI adolescente. Foi possível identificar potencialidades para operar frente ao fenômeno em ambos os setores investigados. No âmbito da literatura internacional, realizou-se uma revisão sistemática de escopo que permitiu conhecer as intervenções exitosas voltadas ao enfrentamento da VPI adolescente. As bases de dados pesquisadas foram MEDLINE, EMBASE, CINAHL, SCOPUS e PSYCINFO. A partir dos resultados da pesquisa e dos apurados na revisão, foi feita uma proposta de intervenção para qualificar os profissionais de saúde e de áreas afins para o enfrentamento do fenômeno. Conclusões:
O enfrentamento da VPI adolescente demanda o seu reconhecimento pela saúde e áreas afins, e requer a superação de práticas fragmentadas e que desconsideram o protagonismo deste grupo social. A educação emancipatória desponta como possibilidade do desenvolvimento de estratégias de enfrentamento intersetorial, a partir da construção coletiva do conhecimento e de intervenções pautadas na equidade de gênero e geração para as transformações da realidade objetiva.
Introduction:
Intimate partner violence (IPV) among adolescents is understood as a manifestation of domination relationships based on gender and generation inequities. It is an international range phenomenon that permeates sexualitys expression and experience. Objective:
To know, analyze and understand perceptions and practices of health professionals and related-areas, and to propose intervention to confront the phenomenon of IPV in adolescence, in the light of gender and generation categories. Method:
Exploratory and descriptive study, with a qualitative approach. The understanding of the object was based on the Theory of Praxis Intervention in Collective Health Nursing (TIPESC). It has been carried out in Primary Health Care (PHC) health services and third-sector sector institutions in the municipalities of Curitiba and São Paulo. Data were collected in two sessions of a Critical-emancipatory Workshop. In Curitiba, 25 PHC professionals participated, and nine were linked to a third-sector institution. In São Paulo, 10 professionals from PHC and 11 from the third sector participated. The data were recorded, transcribed in full and submitted to speech analysis with the support of WebQDA Software. The analytical categories were gender and generation. Results:
Professional practices are forged from perceptions that underlie common sense, reiterate the social marginalization of the adolescent group and the subalternity of gender. The IPV among adolescents appears as a serious, perennial and barely visible phenomenon. In health services, biological and fragmented practices persist, followed by the non-recognition of the responsibility of the area for its confrontation. The lack of link between health and the third sector restricts the performance of the IPV among adolescents. It was possible to identify potentialities to deal with the phenomenon in both sectors investigated. Within the international literature, a systematic scoping review was carried out, which allowed to know the successful interventions aimed at confronting the IPV among adolescents. The searched databases were MEDLINE, EMBASE, CINAHL, SCOPUS and PSYCINFO. A proposal of intervention was made to qualify the health professionals and related-areas to face the phenomena from the results of the research and from those verified in the review. Conclusions:
Addressing IPV among adolescents demands its recognition for health and related-areas, and requires the overcoming of fragmented practices and that disregard the protagonism of this social group. Emancipatory education emerges as a possibility for intersectoral confront strategies development, starting from the collective construction of knowledge and interventions based on gender equity and generation for the objective reality transformations.