Publication year: 2018
Introdução:
A obesidade é um problema de saúde pública, por isso requer que o sistema se organize para atender as pessoas que vivenciam esta situação. Ao buscar pela Cirurgia Bariátrica no Serviço Público de Saúde, a pessoa se depara com diversas escolhas que constituem a malha de itinerações do vivido. Objetivo:
Compreender o itinerário terapêutico vivido no Serviço Público de Saúde pela pessoa com obesidade em busca da Cirurgia Bariátrica. Método:
Pesquisa qualitativa de abordagem fenomenológica, realizada em um Hospital Público de São Paulo. Participaram deste estudo 17 pessoas com obesidade que buscaram pela Cirurgia Bariátrica no Sistema Único de Saúde, internados na clínica médico-cirúrgica, com data agendada para o procedimento. A condução das entrevistas deu-se pelas questões norteadoras: Como foi a sua procura em busca da Cirurgia Bariátrica? Quais caminhos percorreu? Como foi vivenciar esses caminhos? Durante o tempo em busca do tratamento, como foi o atendimento recebido? Como espera continuar sendo atendido? Qual é a sua expectativa para depois da cirurgia? Resultados: O típico da ação vivida no itinerário terapêutico percorrido pela pessoa com obesidade, em busca da Cirurgia Bariátrica, mostrou-se como aquela que procurou e trilhou diversos caminhos nos serviços públicos de saúde; vivenciou a morosidade do tempo de espera na fila aguardando pela cirurgia, o que contribuiu tanto para o amadurecimento e reflexão sobre a situação vivida quanto para a manutenção e/ou aumento de peso, desencadeando problemas biopsicossociais e limitações no seu cotidiano; conviveu com a ansiedade, a dor, a incerteza do futuro e até mesmo com o medo da morte; sentiu-se descuidada durante o itinerário percorrido devido à lacuna existente entre o atendimento recebido e o preconizado pelas políticas, programas e diretrizes; considerou a ajuda dos profissionais de saúde imprescindível para que conseguisse percorrer o caminho e chegar até a aprovação para a Cirurgia Bariátrica; espera melhor estrutura nas redes de atendimento, práticas de cuidado realizadas por equipe multidisciplinar capacitada e diminuição da lacuna entre o atendimento ofertado pelo Serviço Público e a situação vivida no itinerário terapêutico. Para além da Cirurgia Bariátrica almeja a possibilidade de retomar a realização de atividades simples e rotineiras, ser inserida na sociedade e poder empreender na carreira profissional. Conclusão:
Ao percorrer o caminho em busca da Cirurgia Bariátrica, a pessoa com obesidade experimenta dificuldades e barreiras, que a leva a buscar e utilizar recursos que nem sempre estão disponíveis no Sistema de Saúde, mas fazem parte do itinerário percorrido. O acesso e o acolhimento das necessidades e expectativas de cuidado das pessoas com obesidade podem favorecer o aprimoramento e o incremento da qualidade dos Serviços de Saúde oferecidos. Salienta-se a necessidade de a equipe multidisciplinar compreender as especificidades da pessoa com obesidade, de modo a estabelecer e compartilhar um plano de cuidados fundamentado nos aspectos sociais e individuais e da comunidade, valorizando as circunstâncias e contextos que possam interferir no itinerário terapêutico. Capacitar a pessoa para lidar com esta doença crônica de modo responsável exige que as intervenções sejam direcionadas para a compreensão da subjetividade, com propostas voltadas para os aspectos biopsicossociais.
Introduction:
Obesity is a public health problem that requires the system to organize itself so as to assist people experiencing this situation. When reaching out for bariatric surgery through the public health system, people come to face several choices that make up the set of paths taken. Objective:
To understand the therapeutic itinerary taken in the Public Health Service by the person with obesity in search of Bariatric Surgery. Method:
This qualitative study, using a phenomenological approach, was conducted in a public hospital in São Paulo. Study participants were 17 obese people who were candidates for a bariatric surgery through the Brazilian unified health system, and who were hospitalized in the medical-surgical clinic of the studied hospital, with a date scheduled for the procedure. Interviews were conducted following the guiding questions:
How was your search for Bariatric Surgery? Which paths did you take? What was it like to experience these paths? During the time you searched for treatment, what was the service you received like? How do you expect to be served from now on? What are your expectations after the surgery? Results: The usual experience lived in the therapeutic path taken by obese people who search for a bariatric surgery was that of a person who searched and took several paths in public health services; experienced a slow waiting list for the surgery, which contributed significantly for them to become more mature and reflect on the situation experienced as regards the weight maintenance and/or gain, triggering biopsychosocial problems and limitations in their daily living; experienced anxiety, pain, uncertainty regarding the future and even fear of death; felt neglected during the path taken due to the gaps existing between the service received and that recommended in policies, programs, and guidelines; considered the help of health professionals essential to be able to take the necessary path to get to the approval of a bariatric surgery; hopes for a better structure in service networks, care practices performed by a qualified multiprofessional team and the reduction of gaps between the service offered by the public system and the situation experienced in the therapeutic path. After the bariatric surgery, these individuals expect the possibility to resume performing simple and routine activities, be inserted in society and be able to undertake in a professional career. Conclusion:
When walking the path in search of Bariatric Surgery, the person with obesity experience difficulties and barriers, which lead them to search and use resources that are not always available in the Health System, but which are part of the path taken. Access and embracement of the care needs and expectations of obese people can favor an improvement and an increase in the quality of the Health Services offered. It is worth noting the need for the multiprofessional team to understand the specificities the person with obesity, so as to establish and share a care plan grounded on community, social and individual aspects, valuing the circumstances and contexts that may interfere in the therapeutic path. Interventions must be directed towards the understanding of subjectivity, with proposals considering biopsychosocial aspects, in order to qualify people to deal with this chronic disease with responsibility.