Lideranças da enfermagem e as lutas políticas contra precarização das condições de trabalho
Publication year: 2018
O objetivo deste estudo são as percepções das lideranças da categoria de enfermagem sobre as lutas políticas empreendidas contra a precarização das condições de trabalho dos enfermeiros. Para tanto, traçaram-se os seguintes objetivos: i) identificar o ponto de vista das lideranças da enfermagem sobre a precarização das condições e vínculos de trabalho da enfermagem; si) descrever as reivindicações da profissão por melhores condições e vínculos laborais; iii) analisar as barreiras e os desafios das lideranças de enfermagem para atendimento das demandas por melhores condições e vínculos de trabalho; e iv) discutir as ações, as estratégias e as intervenções das lideranças da enfermagem por melhores condições de trabalho. Neste estudo, tomam-se como lideranças de enfermagem as seguintes entidades: o Sindicato dos enfermeiros do Rio de Janeiro (SindEnfRJ), a Associação Brasileira de Enfermagem seção Rio de Janeiro (ABEn-RJ) e o Conselho Regional de Enfermagem (Coren-RJ). O desenho metodológico é de uma pesquisa qualitativa, descritiva e exploratória. O cenário do estudo são às sedes das lideranças de enfermagem selecionadas. Os participantes são 17 enfermeiros integrantes, atuais ou de gestões anteriores, das diretorias dessas entidades. A coleta de dados ocorreu por meio de entrevista e análise documental. O tratamento dos dados foi realizado com a aplicação da técnica de Análise de Conteúdo. Os resultados demonstram que, na visão dos participantes, a enfermagem envolve-se pouco nas lutas políticas por ser uma profissão predominantemente feminina, com jornada múltipla de trabalho doméstico e profissional e com trabalhadores oriundos de classes econômicas mais baixas e pouco envolvidos com questões políticas. Capta-se também que o cenário político atual vem fortalecendo a precarização do trabalho de enfermagem, porém os participantes entendem que as lideranças prosseguem desenvolvendo ações e estratégias para minimizar tal precarização; no entanto enfatizam a pouca mobilização da categoria. Outro resultado que emerge são os conflitos e tensões entre as entidades de classe, as quais não querem dividir espaços políticos e de poder, fragilizando ainda mais as lutas da profissão por melhores condições de trabalho. A conclusão é que a enfermagem avançou no seu processo histórico de formação profissional, porém ainda há muitas barreiras a serem vencidas. A formação crítica é a principal estratégia para garantir envolvimento com as lutas políticas e fortalecer as entidades de classe para atuarem em favor das melhores condições laborais.
The objective of this study are the perceptions of the leaders of the nursing category on the political struggles undertaken against the precariousness of nurses' working conditions. To do so, the following objectives were drawn: i) to identify the nursing leaders' point of view on the precariousness of nursing work conditions and professional ties; ii) to describe the demands of the profession for better working conditions and professional ties; iii) analyze the barriers and challenges of nursing leaderships on meeting the demands for better working conditions and professional ties; and iv) discuss the actions, strategies and interventions of nursing leaderships for better working conditions. In this study, the following entities are taken as nursing leaders: the Nurses' Union of Rio de Janeiro (SindEnfRJ), the Brazilian Nursing Association section of Rio de Janeiro (ABEn-RJ) and the Regional Nursing Council (Coren-RJ). The methodological design is a qualitative research of descriptive and exploratory type. The scenario of the study is the headquarters of the selected nursing leaders. The participants are 17 nurses, current or former members of the boards of these entities. Data collection took place through interviews and documental analysis. The data treatment was performed using the Content Analysis technique. The results show that, in the view of the participants, nursing is little involved in the political struggles because it is a predominantly female profession, with multiple work hours - domestic and professional - and with workers from lower economic classes with little involvement with political issues. It is also noted that the current political scenario has strengthened the precariousness of nursing work, but the interviewed understand that the leaderships continue to develop actions and strategies to minimize such precariousness; however they emphasize the low mobilization of the category. Another result that emerges are the conflicts and tensions between class entities, which do not want to divide political spaces and power, further weakening the struggles of the profession for better working conditions. The conclusion is that nursing has advanced in its historical process of professional training, but there are still many barriers to overcome. Training with critical reflexion is the main strategy to ensure engagement with political struggles and to strengthen class entities to act in favor of better working conditions.