Publication year: 2022
Contexto e Objetivo:
A incontinência urinária tem uma grande prevalência em utentes com AVC, principalmente em idades superiores aos 50 anos (Cândido et al., 2017). A persistência desta disfunção, afeta de forma significativa a autoestima e qualidade de vida dos utentes (Thomé et al., 2021; Farrés-Godayol et al., 2022). Desta forma, compreende-se que o enfermeiro especialista em reabilitação, identifica diagnostica, concebe, implementa e avalia, programas de reabilitação (Ordem dos Enfermeiros, 2019). Assim, a intervenção deste profissional é imprescindível para minimizar o impacto da incontinência urinária na pessoa com AVC. O presente estudo tem como finalidade contribuir para a visibilidade da intervenção do enfermeiro especialista em reabilitação, na gestão da incontinência urinária e tem como objetivo principal: Avaliar o efeito de um Programa de Reabilitação na Gestão da Incontinência Urinária na mulher após a ocorrência do AVC. Método:
Estudo de Casos Múltiplos, método quantitativo (Yin, 2018). A amostra foi constituída por (n=5) com idade compreendida entre os 53 e os 87 anos, com diagnóstico de incontinência urinária após a ocorrência de AVC. Foi aplicado um programa de reabilitação para a gestão da incontinência urinária desde a deteção da incontinência urinária, até ao momento da alta clínica. A avaliação foi realizada através da Escala de Autoeficácia de Broome e de Diário Miccional. Resultados:
Os resultados do estudo foram de encontro aos objetivos permitindo concluir que relativamente à urgência urinária das 5 (100%) utentes em estudo, 4 (80%) apresentavam urgência urinária no início do estudo e nenhuma apresentava no final. O mesmo aconteceu com as perdas de urina em que 5 (100%) apresentava perdas de urina e no final nenhuma apresentou perdas de urina. A variável frequência urinária mostrou ao longo do estudo um comportamento condicionado pela orientação das utentes em ir à casa de banho 10 vezes por dia. Foi possível estabelecer uma correlação Spearman mostrando haver relações entre as diferentes variáveis T-test para amostras emparelhadas, de forma a comparar os valores antes e depois da intervenção, foi possível constatar que há diferenças estatisticamente significativas antes e depois do programa relativamente à urgência urinária [t(4)= 3,50; p=0,025; d=1,57] e às perdas de urina [t(4)= 4,47; p=0,011; d=2,00], compreendendo-se que em ambos os casos há melhorias. Na aplicação da escala de autoeficácia de Broome, verificou-se que antes do programa de reabilitação tanto na parte A como na B todas as participantes apresentaram baixa autoeficácia na confiança de contração dos músculos pélvicos, exceto no Caso 8 que apresentou autoeficácia moderada na avaliação da parte B. Na segunda avaliação todas as utentes apresentaram elevada autoeficácia na confiança de contração dos músculos do pavimento pélvico. Conclusão:
O programa de reabilitação para a gestão da incontinência urinária, composto por alterações comportamentais e sessões de exercícios de reabilitação específicos da musculatura do pavimento pélvico, teve um efeito positivo na diminuição da urgência urinária e quantidade de urina perdida, bem como no nível de confiança na realização das contrações dos músculos pélvicos, sem que ocorram perdas de urina e no nível de confiança nas contrações dos músculos pélvicos como prevenção de perdas involuntárias de urina. É imprescindível a produção de investigação nesta área, no intuito de comprovar a importância dos programas de enfermagem de reabilitação na resolução da incontinência urinária após o AVC.
Context and Objective:
Urinary incontinence has a high prevalence in patients who have experienced a stroke, especially those aged over 50 years (Cândido et al., 2017). The persistence of this dysfunction significantly affects the self-esteem and quality of life of the patients (Thomé et al., 2021; Farrés-Godayol et al., 2022). As such, it is understood that the nurse specialist in rehabilitation, identifies, diagnoses, designs, implements and evaluates rehabilitation programs (Ordem dos Enfermeiros, 2019). Thus, the intervention of this professional is essential to minimize the impact of urinary incontinence in people who have experienced a stroke. The present study aims to contribute to outlining the importance of the role a rehabilitation nurse in the management of urinary incontinence and its main objective is to:
Evaluate the effect of a Rehabilitation Program in the Management of Urinary Incontinence in women after the occurrence of a stroke. Method:
Multiple Case Study, quantitative method. The sample consisted of (n=5) aged between 53 and 87 years, diagnosed with urinary incontinence after a stroke. A rehabilitation program was applied for the management of urinary incontinence from the detection of urinary incontinence until the moment of clinical discharge. The evaluation was performed using the Broome Pelvic Muscle Excercise Self-Efficacy Scale and the Voiding Diary. Results:
The results of the study were in line with the objectives, allowing us to conclude that in relation to urinary urgency of the 5 (100%) users in the study, 4 (80%) had urinary urgency at the beginning of the study and none at the end. The same happened with urine leakage in which 5 (100%) had urine leakage and in the end none had urine leakage. Throughout the study, the urinary frequency variable was influenced by a behavior encouraged by the rehabilitation nurse to condition the users to go to the bathroom 10 times a day. It was possible to establish a Spearman correlation showing that there are relationships between the different T-test variables for paired samples. In order to compare the values before and after the intervention, it was possible to verify that there are statistically significant differences before and after the program regarding urinary urgency [ t(4)=3.50; p=0.025; d=1.57] and urine leakage [t(4)= 4.47; p=0.011; d=2.00], concluding that in both cases there are improvements. In the application of the Broome Pelvic Muscle Excercise Self-Efficacy Scale, it was found that before the rehabilitation program, both in part A and B, all participants showed low self-efficacy in the confidence of the contraction of the pelvic muscles, except in Case 8, which showed moderate self-efficacy in the evaluation of part B. In the second evaluation, all users showed high self-efficacy in the confidence of contraction of the pelvic floor muscles. Conclusion:
The rehabilitation program for the management of urinary incontinence, consisting of behavioral changes and sessions of specific rehabilitation exercises for the pelvic floor muscles had a positive effect on decreasing urinary urgency and the amount of urine lost.In addition to this, there was also a positive effect on the level of confidence in the performance of pelvic muscle contractions without leakage of urine and the level of confidence in pelvic muscle contractions to prevent involuntary leakage of urine. It is essential to produce research in this area, in order to prove the importance of rehabilitation nursing programs in the resolution of urinary incontinence after a stroke.