Rastreio e intervenção breve para mulheres que fazem uso de risco e nocivo de álcool atendidas em serviço de atenção primária à saúde
Screening and Brief Intervention for women who are on risk/harmful use of alcohol attended at Primary Health Care

Publication year: 2018

Introdução:

Parcela significativa de mulheres atendidas em serviços de Atenção Primária á Saúde (APS) faz uso de risco e nocivo de álcool, e a prevalência desse padrão de consumo vem aumentando nessa população nos últimos anos, gerando incontáveis prejuízos sociais e de saúde. Estratégias de enfrentamento e prevenção no contexto da APS vem sendo sugeridas, dentre elas, destaca-se se a Intervenção Breve (IB), que tem demonstrado resultados satisfatórios quando realizada com mulheres.

Objetivo:

Verificar a efetividade da IB no padrão de consumo de álcool e na motivação para mudança de comportamento em mulheres que fazem uso de risco ou nocivo de álcool atendidas em um serviço de APS.

Método:

Ensaio clínico randomizado em que 20 mulheres atendidas em um serviço de APS que faziam um consumo de risco ou nocivo de álcool foram rastreadas utilizando-se o instrumento Alcohol Use Disorder Identification Test (AUDIT), e divididas aleatoriamente entre dois grupos; o Grupo Intervenção (GI) que participou da IB (sessão individual de 20 a 30 minutos, utilizando-se de técnicas motivacionais) o Grupo Controle (GC) que recebeu o Aconselhamento Breve (AB) (feedback sobre o padrão de consumo de álcool). Os desfechos foram avaliados na linha de base, no primeiro e no terceiro mês de seguimento, sendo eles: padrão de consumo de álcool, prontidão para mudança de comportamento, frequência e quantidade de álcool consumido no último mês. Para a análise intragrupo e intergrupo foi utilizado o modelo linear generalizado e para todos os testes foi considerado como significativo um valor de p 0,05.

Resultados:

Houve diminuição no escore AUDIT em ambos os grupos nos dois seguimentos, na linha de base (GI 12,89; GC 10,64), no 1º mês (GI 12,78 p=0,9; GC 7,9 p=0,01) e no 3º mês (GI 10,11 p=0,13; GC 7,09 p<0,00). Embora o GI tenha mantido o padrão de uso de risco de álcool após a IB, houve redução do número de doses ingeridas em relação a avaliação inicial (p<0,00) e menor quando comparado ao número de doses ingeridas pelo GC no mesmo período (p=0,07). Os resultados também sugerem a efetividade da IB nos estágios de prontidão para mudança do padrão do uso de álcool em mulheres que fazem uso de risco e nocivo de álcool, (antes da IB 4,89; após 1ºmês de IB 6,67, p=0,12).

Conclusão:

A Intervenção Breve aplicada no contexto da APS é efetiva na diminuição do consumo de álcool em mulheres que fazem uso de risco ou nocivo desta substância, e tem potencial para influenciar positivamente nos estágios de prontidão para mudança do hábito de beber.

Introduction:

A significant number of women attended at Primary Health Care (PHC) services is on risk/harmful use of alcohol, and the prevalence of consumption pattern has been increasing in this population recently, with countless social and health losses. Coping strategies and prevention in PHC settings have been suggested, highlighting the Brief Intervention (BI), which has shown satisfactory results when performed with women.

Objective:

To verify the IB effectiveness in the pattern of alcohol consumption and in the motivation to change women behavior who are on risk/harmful use of alcohol attended in an PHC service.

Methods:

Randomized clinical trial in which 20 women attended at a PHC service who are on risk/harmful alcohol intake were screened using the Alcohol Use Disorder Identification Test (AUDIT) and randomly divided into two groups; the Intervention Group (IG) who participated in the IB (20 to 30 minutes individual session, by motivational techniques), the Control Group (CG) who received the Brief Advice (BA) (feedback on the pattern of alcohol consumption). Outcomes were assessed at the baseline, in the first and third month of follow-up, being: pattern of alcohol consumption, readiness to change behavior, frequency and amount of alcohol consumed in the last month. For the intragroup and intergroup analysis, the generalized linear model was used and for all tests, a p0.05 value was considered significant.

Results:

There was a decrease in the AUDIT score in both groups in two segments: the first month (IG 12.78 p=0.9, CG 7.9 p=0.01) and in the third month (IG 10.11 p=0.13, CG 7.09, p<0.00). Although IG maintained the alcohol risk pattern after IB, the number of doses ingested was lower than the baseline (p<0.00) and lower when compared to the number of doses ingested by CG during the same period (p=0.07). The data suggest the effectiveness of IB in the stages of readiness to change the alcohol ingestion pattern (before BI 4.89, after 1st BI 6.67, p=0.12).

Conclusions:

Brief Intervention applied in PHC setting is effective in reducing alcohol consumption in women who are on risk/harmful use of this substance which has the potential to influence positively in the stages of readiness to change drinking habits.