Publication year: 2019
Introdução:
As condições de trabalho que concedem relações pautadas em desrespeito recorrem-se da relação com o capital suas contradições. A violência no trabalho é ocultada pelos modos de organiza-lo; das condições laborais estabelecidas e vetores psicossociais assumidos; da cultura organizacional que induz a reproduzir ações não éticas, contando com total tolerância dos gestores a essa perniciosa cultura da resiliência. Objetivos:
Discutir a violência no ambiente de trabalho da enfermagem; identificar os atos negativos que ocorrem na enfermagem e caracterizar a equipe de com relação às variáveis biosociodemográficas. Método:
Estudo transversal de caráter exploratório com abordagem quantitativa. A população alvo deste estudo foi constituída por auxiliares, técnicos e enfermeiros ativos na profissão, do Estado de São Paulo, com inscrição ativa no Conselho Regional de Enfermagem do Estado de São Paulo, e e-mail válido. Foi estimada uma amostra aleatória estratificada, e cada subseção foi considerada como um estrato. Dentro de cada estrato foram sorteadas amostras casuais simples com subsequente partilha proporcional segundo categoria profissional. Os formulários para coleta de dados contemplavam dados sobre características sócio demográficas e histórico funcional e o questionário de atos negativos revisado QAN-R. Os itens do QAN-R são descrições de comportamentos negativos diretos como agressão verbal, observações ofensivas, intimidação e indiretos como, isolamento social, difamação, pressão. Resultados:
A taxa de participação foi de 16,4% correspondente a 2.136 profissionais. A desqualificação pessoal e profissional foram as dimensões que apresentaram a maior média de pontuação seguida respectivamente pelo assédio relacionado ao trabalho, assédio pessoal e intimidação física. Os atos negativos mais citados foram:
a exposição a uma carga de trabalho excessiva; opiniões e pontos de vista ignorados; gritos ou agressividade gratuita; supervisão excessiva do trabalho; humilhação ou ridicularização em relação ao trabalho; boatos ou rumores sobre o trabalhador, pressão para não reclamar um direito e ser obrigado a executar trabalho abaixo do nível de competência; e a intimidação física. Houve predominância dos trabalhadores do sexo feminino, com média de idade de 38,1 anos, casados, com 1 ou 2 filhos. Ao histórico funcional a maioria eram enfermeiros, ativos na profissão em tempo médio de trabalho de 11,7 anos. A percepção da violência no trabalho foi evidenciada em 96,8% quando utilizados os critérios de Leymann (1996); 59,1% com relação aos critérios de Notelaers e Einarsen (2012) e, 59,1% aos critérios de Nielsen et al., (2012). Conclusão:
Para lançar luz à violência no trabalho, é necessário que as instituições de saúde tomem consciência de suas responsabilidades quanto a avaliação dos riscos e fatores psicossociais. As formas de gestão devem ser praticadas por meio do diálogo; na exigência do respeito e reconhecimento ao outro. É imperioso que as organizações oportunizem maiores espaços de discussão, escuta e atenção no que refere aos fenômenos violentos sejam eles explícitos ou sutis.
Introduction:
The working conditions that grant relationships based on disrespect are resorted from the relation with the capital and its contradictions. Violence at work is concealed by the ways of organizing it; of established working conditions and assumed psychosocial vectors; of the organizational culture that induces one to reproduce unethical actions, counting on total tolerance of the managers to this pernicious culture of the resilience. Objectives:
To discuss violence in the nursing work environment; identify the negative acts which occur in nursing and characterize the team in relation to bio-sociodemographic variables. Method:
Estudo transversal de caráter exploratório com abordagem quantitativa. Exploratory cross-sectional study with a quantitative approach. The target population of this study was made up of assistants, technicians and nurses active in the profession, from the State of São Paulo, with active enrollment in the Regional Nursing Council of the State of São Paulo, and valid emails. A stratified random sample was estimated, each subsection being considered as a stratum. Within each stratum were drawn random simple samples with subsequent proportional sharing according to professional category. The data collection forms included data on socio-demographic characteristics and functional history and the revised QAN-R negative acts questionnaire. The QAN-R items are descriptions of direct negative behaviors such as verbal aggression, offensive remarks, intimidation and indirect such as social isolation, defamation, pressure. Results:
The participation rate was 16.4% corresponding to 2,136 professionals. Personal and professional disqualification were the dimensions that presented the highest average scores followed respectively by work-related harassment, personal harassment and physical intimidation. The most frequently mentioned negative acts were:
exposure to an excessive workload; opinions and points of view ignored; shouting or gratuitous aggression; excessive supervision of work; humiliation or ridicule in relation to work; gossip or rumors about the worker, pressure not to claim a right and be forced to perform work below the level of competence; and physical intimidation. There was a predominance of female workers, with a mean age of 38.1 years, married, with 1 or 2 children. Regareding the functional history the majority were nurses, active in the profession with average work time of 11.7 years. The perception of violence at work was evidenced in 96.8% when using the Leymanns criteria (1996); 59.1% in relation to the criteria of Notelaers & Einarsen (2012) and 59.1% according to the Nielsens criteria et al., (2012). Conclusion:
To shed light on workplace violence, health institutions need to be aware of their responsibilities for risk assessment and psychosocial factors. The forms of management must be practiced through dialogue; in the requirement of respect and recognition to the other. It is imperative that organizations provide more spaces for discussion, listening and attention in regard to violent phenomena whether they are explicit or subtle.