Publication year: 2019
Introdução:
Conhecer quais as crenças dos enfermeiros que podem influenciar seu cuidado aos recém-nascidos que morrem na UTI Neonatal e suas famílias, adicionando evidencias para discussões sobre os aspectos culturais e pessoais dos enfermeiros no cuidado de fim de vida neonatal. O avanço da tecnologia estendeu a vida de muitos recém-nascidos prematuros e de alto risco na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal. A UTI Neonatal é caracterizada por recursos tecnológicos sofisticados, que permitem oferecer suporte para manutenção da vida, mesmo que em condições de extrema gravidade. Atualmente a morte não é mais parte da vida e sim algo a ser escondido e desconfortável. Os profissionais envolvidos no cuidado seguem a dinâmica da luta incessante pela vida e pela cura e não se permitem questionar, conversar e pensar na morte. Acompanhar pacientes na morte ou em processo de morte gera, no profissional, inúmeros sentimentos. A morte é um tabu social, não sendo tarefa fácil discuti-la, tornando-se um tema ainda mais difícil quando está diretamente relacionado com recém-nascidos. Entender as crenças são uma forma de entender verdades sobre aquilo que as pessoas acreditam, movendo-se a partir disso para determinar seus comportamentos. Objetivo:
Conhecer as crenças dos enfermeiros relacionadas ao cuidado durante a morte em UTI Neonatal e reconhecer crenças facilitadoras e limitantes para a prática de enfermagem no atendimento de recém nascidos que morrem em UTI Neonatal. Método:
Trata-se de um estudo qualitativo que utilizou o Modelo de Crenças, como referencial teórico, e a Análise Temática, como referencial metodológico, para a análise das entrevistas dos enfermeiros. A coleta dos dados foi realizada pela pesquisadora no período de julho a novembro de 2018. Participaram do estudo 9 enfermeiros, que tinham idade entre 25 e 48 anos. O tempo de formação e o período de atuação em UTI Neonatal de 2 a 21 anos. Resultados:
A análise possibilitou a revelação de onze categorias: 1. Os enfermeiros podem prever a morte 2. O cuidado envolve empatia à família 3. A morte intimida 4. A morte envolve rituais 5. A morte comove 6. Recém-nascidos não deveriam morrer 7. A morte como falha 8. O recém-nascido pode ser salvo 9. A morte como solução 10. O cuidado envolve respeito ao recém-nascido 11. A morte acontece na UTI. Conclusões:
O interesse em se pesquisar sobre morte e luto no período neonatal está em expansão, mas, mais do que pesquisar as reflexões após a prática, devemos entender o porquê fazemos o que fazemos e como podemos ajudar os enfermeiros a lidarem de forma mais adequada com um tema tão complexo entendendo sua ótica e suas verdades. Conhecer quais possíveis crenças movem os comportamentos e as decisões de cuidados dos enfermeiros durante a morte de recém-nascidos pode auxiliar as buscas de formas para sensibilizar e orientar esses profissionais. Não há crenças certas ou erradas, há somente crenças que facilitam ou limitam nossas práticas de cuidado. Entender os comportamentos que são reflexos das crenças dos profissionais auxilia e abre espaço para o acolhimento e a discussão por todos os membros da equipe.
Background:
Knowing nurses beliefs might influence their care to newborns who die at the Neonatal Intensive Care Unit (NICU) and their families, which adds evidences to discussions on nurses cultural and personal aspects onto the neonatal end of life. Technology improvement has enhanced many premature and high-risk neonates lives at the NICU. The Neonatal ICU has been characterized by sophisticated technological sources which grant to offer support to the maintenance of life, even under the very utmost gravity. Currently, death is no longer part of life, but something to be hidden and totally unpleasant. Professionals involved in the process of care follow the dynamics of the endless struggle for life and for cure and they do not dare to question themselves, to talk about or think about death. Monitoring patients already in death or in death process generates several feelings in the professional involved in such process. Death is a social taboo, not being easy to discuss on it and becoming even more difficult when it is directly related to the neonates. Understanding beliefs is a way to understand truths about what people believe, moving from this point in order to determine their behaviour. Objective:
To know nurses beliefs related to the patients care during death in the Neonatal ICU and to recognize facilitating and limiting beliefs to the practice of nursing on the care of newborns who die in the Neonatal ICU. Methods:
This is a qualitative study which used the Belief Model, as theoretical reference, and the Thematic Analysis, as methodological reference, to analyse the nurses interviews. Data collecting has been held by the researcher from July to December 2018. Nine nurses aged 25 to 48 have taken part in the study. Their qualification time and also their practice time in Neonatal ICU have ranged from 2 to 21 years. Results:
The analysis has enabled the disclosure of eleven categories: 1. Nurses can predict death. 2. Care involves empathy towards the patients family. 3. Death intimidates. 4. Death involves rituals. 5. Death touches. 6. Newborns should not die. 7. Death as a failure. 8. A newborn can be saved. 9. Death as a solution. 10. Care involves respect to the newborn. 11. Death takes place in the NICU. Conclusion:
The interest in searching about death and mourning in the neonatal period has been expanding, however, more than searching on reflexions after practicing, we should understand why we do what we do and how we can help nurses to deal with such a complex subject in a proper way by understanding their viewpoints and their truths. Knowing which possible beliefs move nurses behaviours and decisions in the caring practice during a newborn death might assist the search for ways to sensitize and guide such professionals. There are no right or wrong beliefs, there are only beliefs which facilitate or limit our practices of care. Understanding behaviours which are reflections of the professionals beliefs assists and makes space for foster (care) and discussion among all members of the team.