Publication year: 2019
Introdução:
A política de saúde no Brasil adotou a Estratégia Saúde da Família (ESF), no âmbito da atenção básica, com o intuito de facilitar o acesso ao sistema de saúde, mudar o modelo assistencial tradicional, racionalizar o uso dos demais âmbitos de atenção à saúde e estender a cobertura assistencial em áreas de maior risco social. São insuficientes os documentos governamentais que contribuem com a discussão sobre a complexidade do perfil atual das famílias brasileiras, o conceito de família, instrumentos para a avaliação e intervenção em famílias e evidências quanto à efetividade de intervenções, como a ESF, para atender necessidades em saúde de famílias. Considerações teóricas:
a partir do campo da saúde coletiva, compreende-se que, no contexto neoliberal, a família, lócus de reprodução social, tem sido responsabilizada por atender as necessidades em saúde de seus membros, com o Estado cada vez mais ausente da proteção social. Objetivo geral:
Sintetizar as melhores evidências para políticas de saúde orientadas para a família, no âmbito da Atenção Primária à Saúde (APS). A expressão APS foi adotada por ser de uso internacional. Procedimentos metodológicos:
estudo de síntese de evidências para políticas, que utilizou a ferramenta SUPPORT, criada pela OMS. Foram etapas do estudo:
1) Definição do problema, por meio de reuniões com estudantes e orientadoras do Programa de Mestrado Profissional em Enfermagem da Atenção Primária à Saúde no SUS da Escola de Enfermagem da USP, e pesquisadoras do Instituto de Saúde do Estado de São Paulo; 2) Levantamento e seleção de evidências voltadas a famílias, no âmbito da APS, realizadas por duas pesquisadoras independentes nas fontes de dados: PubMed, Scopus, Applied Social Sciences Index and Abstrats (ASSIA, ERIC e Sociological Abstracts); Health Systems Evidence (HSE); JBI DataBase of Systematic Review and Implementation Reports; Cochrane Library; Campbell Collaboration; Google Acadêmico e portal BVS, a partir dos descritores Atenção Primária à Saúde e Família, usando variações e booleanos, de acordo com as várias bases pesquisadas; Extração de dados relevantes das revisões sistemáticas selecionadas e avaliação da qualidade metodológica, com a aplicação do instrumento AMSTAR; Seleção e descrição das opções com as informações mais relevantes para abordar a família, com prioridade para estratégias, programas e políticas; 5) Considerações sobre implementação e equidade das opções encontradas. Resultados:
Foram identificados 2.131 estudos; a seleção realizada após leitura de títulos e resumos reduziu esse total para 84; após leitura na íntegra, foram incluídas 27 revisões sistemáticas. Este relatório trata das seguintes opções:
Programas e estratégias para a juventude, e Estratégias centradas no cuidado à família, elaboradas a partir de 17 revisões incluídas. A primeira opção baseia-se em intervenções com famílias que têm membros jovens usuários de drogas ou famílias com crianças, adolescentes e jovens com outros problemas nas relações sociais, envolvendo comprometimento das dimensões emocional e comportamental. A segunda opção está ancorada em intervenções baseadas em abordagens para melhorar a qualidade de vida e o bem- estar de pacientes e seus familiares, bem como a relação com os profissionais de saúde. Conclusões:
As intervenções que compõem essas opções apresentam limitações para atender necessidades em saúde das famílias, no âmbito da APS, com a responsabilização das famílias pelo cuidado de saúde de seus membros; as intervenções grupais com várias famílias são criticadas em favor de terapias destinadas a cada família individualmente. As potencialidades estão associadas àquelas intervenções que propõem terapêuticas com as famílias, em relacionamento cooperativo com os profissionais de saúde, o que estabelece novas formas de interação e aprendizado e potencializa mudanças, como é o caso da intervenção centrada na família com sessões educativas e de aconselhamento. Produto:
Opções para a implementação de políticas em resposta às necessidades em saúde de famílias, no âmbito da APS.
Introduction:
Health policy in Brazil has adopted the Family Health Strategy (FHS) in Basic Health Attention, with the purpose of facilitating access to the health system, changing the traditional care model, rationalizing the use of other health care services and extending health care coverage in areas of higher social risk. To date, governmental documents have given little input on the complexity of Brazilian families profiles, the concept of family and the definition of instruments for evaluation and intervention in families, like FHS, to meet families health care needs. Theoretical considerations:
From the field of collective health, it is understood that, in the neoliberal context, the family, the locus of social reproduction, has been held responsible for meeting the health needs of its members, with the State increasingly absent from social protection. Objective:
to synthesize the best evidence for family-oriented health policies, in the context of PHC. The expression APS was adopted due to its international use. Methodological procedures:
Evidence synthesis study for policies using the SUPPORT tool created by the World Health Organization (WHO). The study stages were:
1) Definition of the problem through meetings with students and advisors of the Professional Master\'s Program in Primary Health Nursing at SUS at the School of Nursing at USP, and researchers from the Institute of Health of the State of São Paulo; 2) Survey and selection of family-oriented evidence, within PHCs scope, conducted by two independent researchers, in the data sources: PubMed, Scopus, Applied Social Sciences Index and Abstracts (ASSIA, ERIC and Sociological Abstracts); Health Systems Evidence (HSE); JBI DataBase of Systematic Review and Implementation Reports; Cochrane Library; Campbell Collaboration; Google Scholar and VHL portal, from the descriptors Primary Health Care and Family, utilizing variations and booleans, according to the various bases searched; 3) Extraction of relevant data from selected systematic reviews and assessment of methodological quality, with the application of the AMSTAR instrument; 4) Selection and description of options with the most relevant information to address the family, with priority for strategies, programs and policies; 5) Implementation and equity considerations of the options found. Results:
2,131 studies were identified; the selection after reading titles and abstracts reduced this total to 84; After full reading, 27 systematic reviews were included. This report addresses the following options:
Programs and strategies for youth, and Strategies focused on family care, drawn from 17 included reviews. The first option is based on interventions with families that have young drug users or families with children, adolescents and young people with other social relations problems, involving impairment of the emotional and behavioral dimensions. The second option is anchored in approach- based interventions to improve the quality of life and well-being of patients and their families, as well as the relationship with health professionals. Conclusions:
The interventions that make up these options have limitations to meet families health needs, within PHC, with families being responsible for the health care of their members; group interventions with several families are criticized in favor of therapies for each family individually. The potentialities are associated with those interventions that propose therapies with families, in cooperative relationship with health professionals, which establishes new forms of interaction and learning and allow for stronger changes, such as family- centered intervention with educational and counseling sessions. Output:
Options for implementing policies in response to family health needs under PHC.