Publication year: 2019
Introdução:
O planejamento da anestesia inclui a avaliação dos suprimentos necessários, as condições clínicas do paciente e as potenciais dificuldades para execução do procedimento. Desta forma, o uso de protocolos assistenciais em anestesia pode organizar e uniformizar o trabalho do enfermeiro de centro cirúrgico, melhorar a troca de informações e evidenciar a importância do profissional em sala de cirurgia. Objetivo geral:
Analisar o clima de segurança e o clima de trabalho em equipe dos profissionais envolvidos no procedimento anestésico, antes e após a implementação de um protocolo assistencial de enfermagem em anestesia. Método:
Estudo quase-experimental com desenho pré-teste/pós-teste, desenvolvido em três etapas no centro cirúrgico de um hospital privado paulista, envolvendo médicos anestesiologistas e enfermeiros assistenciais. Na primeira e terceira etapas foram aplicados o questionário de Atitudes de Segurança/ Versão Centro Cirúrgico (SAQ/VCC) e o instrumento \"Escala de clima na equipe (ECE)\" a todos os profissionais incluídos no estudo. Na segunda etapa, a pesquisadora fez uma intervenção educativa com os enfermeiros sobre anestesia para orientar o preenchimento do protocolo, definido como checklist de segurança do paciente: enfermagem no procedimento anestésico (CSP/EPA). Os enfermeiros implementaram o checklist por seis meses, em cirurgias de pacientes adultos submetidos a anestesia geral. Os dados foram analisados por meio de estatística descritiva e modelo de regressão linear de efeitos mistos. Resultados:
Participaram do estudo 19 (30,1%) enfermeiros e 44 (69,8%) anestesiologistas, com a implementação do protocolo em 282 procedimentos anestésicos. A implementação do protocolo apresentou diferenças estatisticamente significativas entre os períodos antes da indução (p=0,0001) e reversão da anestesia (p=0,0006), com a maior quantidade de itens executados durante a indução anestésica. Dentre as justificativas dos enfermeiros para não execução do checklist destacaram-se o chamado em outra sala, com interrupção do atendimento, e dificuldade para continuidade da assistência com a mudança de plantões. Diferenças na percepção de clima de segurança foram observadas entre os profissionais, com variação de pontuação média no SAQ/VCC de 62,5 a 69,2 e mudança significativa (p=0,02) entre os anestesiologistas no domínio percepção de gerência. Como efeito da implementação do protocolo observou-se aumento da pontuação no SAQ/VCC, em média de 4,12 pontos, relacionado aos fatores cargo de enfermeiro (= 2,11), idade (= 0,26), sexo masculino (= 3,62) e experiência profissional (= 0,22). Enfermeiros e anestesiologistas apresentaram aumento significativo de pontuação média no instrumento ECE (p=0,01) após a intervenção, com destaque nos domínios Participação na equipe (p=0,004) e Orientação para as tarefas (p=0,04), o que gerou como efeito um aumento de 60,09 pontos e foi relacionado ao fator experiência profissional (= 0,12). Conclusões:
Os enfermeiros aplicaram o checklist principalmente nos períodos antes da indução e indução anestésica, tendo como limitantes a interrupção da assistência e falta de continuidade dos cuidados entre plantões. Evidências de mudanças na percepção de clima de segurança e trabalho em equipe de enfermeiros e anestesiologistas foram observadas após a implementação do protocolo. Implicações para prática:
a aplicação do protocolo colabora para a promoção de cuidados com melhor qualidade, uniformidade de condutas e fundamentação científica, além de favorecer a comunicação e o trabalho em equipe.
Introduction:
Anesthesia planning includes the assessment of necessary supplies, patient\'s clinical condition and potential difficulties in performing the procedure. Thus, using anesthesia care protocols can organize and standardize operating room nurses work, improve the exchange of information and highlight the importance of the operating room professional. General objective:
To analyze the safety and teamwork climate of professionals involved in the anesthetic procedure before and after the implementation of an anesthesia nursing care protocol. Method:
A quasiexperimental study with a pretest-posttest design, developed in three stages in the operating room of a private hospital in São Paulo, involving anesthesiologists and assistants nurses. In the first and third stages, the Safety Attitudes/Operating Room Version (SAQ/OR) and the Team Climate Scale (TCS) questionnaires were applied to all professionals included in the study. In the second stage, the researcher made an educational intervention with nurses about anesthesia to guide filling out the protocol, defined as a Patient Safety Checklist: Nursing in Anesthetic Procedure (PSC/NAP). The nurses implemented the checklist for six months in surgeries of adult patients undergoing general anesthesia. Data were analyzed using descriptive statistics and linear mixed effects regression model. Results:
Nineteen (30.1%) nurses and 44 (69.8%) anesthesiologists participated in the study, with the implementation of the protocol in 282 anesthetic procedures. The implementation of the protocol showed statistically significant differences between the periods before induction (p=0.0001) and anesthesia reversal (p=0.0006), with the largest number of items performed during anesthetic induction. Among the nurses\' justifications for not executing the checklist, the call in another room, with interruption of care, and difficulty in continuing assistance with changing shifts, stood out. Differences in safety climate perception were observed among professionals, with mean SAQ/OR score variation from 62.5 to 69.2 and significant change (p=0.02) among anesthesiologists in the management perception domain. As an effect of the implementation of the protocol, there was an increase in the SAQ/OR score, on average 4.12 points, related to the factors nurse position ( = 2.11), age ( = 0.26), gender male (=3,62) and work experience (= 0,22). Nurses and anesthesiologists showed a significant increase in the mean score on the TCS questionnaire (p=0.01) after the intervention, with emphasis on the Team Participation (p=0.004) and Task Orientation (p=0.04) domains, which generated an increase of 60.09 points and was related to the professional experience factor (= 0.12). Conclusions:
The nurses applied the checklist mainly in the periods before induction and anesthetic induction, limiting the interruption of care and lack of continuity of care between shifts. Evidence of changes in the perception of safety and teamwork climate of nurses and anesthesiologists was observed after the implementation of the protocol. Implications for practice:
the application of the protocol contributes to the promotion of better quality care, uniformity of conduct and scientific basis, as well as favoring communication and teamwork.