Publication year: 2019
Introdução:
o uso de cocaína e/ou crack durante o período gestacional implica em alterações orgânicas e variabilidade nos dados antropométricos da criança. Ainda são escassos estudos sobre a relação entre o uso de cocaína e/ou crack durante a gestação e o crescimento infantil. Objetivos:
sintetizar estudos sobre crescimento pôndero- estatural e descrever o diagnóstico nutricional de lactentes (crianças de 0 a 1 ano), filhos de mulheres que usaram cocaína e/ou crack durante o período gestacional. Método:
foram realizados revisão integrativa e estudo epidemiológico observacional descritivo de abordagem quantitativa, apresentados em dois artigos. A revisão buscou estudos com medidas de peso, estatura e/ou perímetro cefálico, até o primeiro ano de vida, nas bases Scopus, Cinahl, Embase, Web of Science e PsycNET e nos portais Pubmed e BVS, que respondessem à pergunta: Como ocorre o crescimento pôndero-estatural de lactentes cujas mães fizeram uso de cocaína e/ou crack durante o período gestacional?. O estudo de campo usou dados de prontuários, do período de 2013 a 2017, em um ambulatório de seguimento neonatal e infantil em Curitiba (PR), sendo variáveis dependentes peso, comprimento e perímetro cefálico, e variáveis independentes dados do pré-natal, do parto, do nascimento e do período pós-natal. A análise dos dados utilizou os programas Antrho®, para crianças a termo, e Intergrowth-21®, para prematuros, construindo os diagnósticos nutricionais de peso para idade, comprimento para idade, perímetro cefálico para idade e peso por comprimento. O projeto teve aprovação dos Comitês de Ética em Pesquisa (CAEE 99594818.7.0000. 5392 e CAEE 99594818.7.3001.0096). Resultados:
o estudo de revisão incluiu 7 estudos, publicados entre 1992 e 2011, nos EUA. Os lactentes expostos apresentaram valores menores nas medidas de crescimento, quando comparados aos de grupo controle. As diferenças foram mais expressivas ao nascimento, tendendo à aproximação com o passar dos meses. No estudo de campo, a amostra foi composta por 94 crianças, com dados do nascimento, decrescendo nas mensurações seguintes, havendo apenas 17 com dados no final do primeiro ano. Eram filhas de mulheres brancas (48,9%), com baixa escolaridade (34,0% fundamental incompleto; 11,7% fundamental completo; 15,9% ensino médio incompleto); maioria com uso de crack (68,0%) e cocaína (39,4%). O número médio de consultas de pré-natal foi de 5,6, idade gestacional média de 37,65 semanas, peso de 2.724 g, comprimento de 46,74 cm e perímetro cefálico de 32,84 cm. Quanto ao diagnóstico nutricional, no grupo avaliado pelo Intergrowth-21®, uma parcela dos lactentes apresentou perímetro cefálico elevado nas primeiras medições, com aumento na última medida e demais parâmetros com diagnósticos adequados no nascimento e fim do primeiro ano. No grupo avaliado pelo Anthro®, a maior parte da amostra apresentou valores adequados de perímetro cefálico, comprimento e peso conforme a idade, no nascimento e na última medida. O total de perdas de seguimento nos dois grupos foi de 34 lactentes. Conclusão:
segundo a literatura, o uso de cocaína/crack durante o período gestacional proporciona desfechos de crescimento pôndero-estatural diferentes, quando comparado a não expostos, ocorrendo catch-up entre o sexto e o décimo segundo meses de vida. No estudo epidemiológico, houve grande número de perdas de seguimento, demandando estudos mais robustos para a compreensão do fenômeno.
Introduction:
The use of cocaine and / or crack during the gestational period implies organic alterations and variability in the anthropometric data of the child. There are still few studies on the relationship between cocaine use and/or crack during pregnancy and child growth. Objectives:
To synthesize studies on weight and height growth and to describe the nutritional diagnosis of infants (children 0 to 1 year old), children of women who used cocaine and/or crack during the gestational period. Method:
an integrative review and descriptive observational epidemiological study of quantitative approach were performed, presented in two articles. The review sought studies with measures of weight, height and / or head circumference, up to the first year of life, in the Scopus, Cinahl, Embase, Web of Science and PsycNET databases, and in the Pubmed and BVS portals, which answered the question: How is there weight and height growth in infants whose mothers used cocaine and / or crack during pregnancy? . The field study used data from medical records, from 2013 to 2017, in a neonatal and child follow-up outpatient clinic in Curitiba (PR), with dependent variables weight, length and head circumference, and independent variables data from prenatal care. childbirth, birth and the postnatal period. Data analysis used Antrho® for term infants and Intergrowth-21® programs for preterm infants, building the nutritional diagnoses of weight for age, length for age, head circumference for age and weight for length. The project was approved by the Research Ethics Committees (CAEE 99594818.7.0000. 5392 and CAEE 99594818.7.3001.0096). Results:
The review study included 7 studies, published between 1992 and 2011, in the USA. The exposed infants had lower values in the growth measures when compared to the control group. The differences were more expressive at birth, tending to approach over the months. In the field study, the sample consisted of 94 children with birth data, decreasing in the following measurements, with only 17 with data at the end of the first year. They were daughters of white women (48.9%), with low education (34.0% incomplete elementary school; 11.7% complete elementary school; 15.9% incomplete high school); most with crack (68.0%) and cocaine (39.4%). The average number of prenatal visits was 5.6, average gestational age 37.65 weeks, weight 2,724 g, length 46.74 cm and head circumference 32.84 cm. Regarding nutritional diagnosis, in the group assessed by Intergrowth-21®, a portion of infants had a high head circumference at the first measurements, with an increase in the last measurement and other parameters with adequate diagnoses at birth and at the end of the first year. In the group evaluated by Anthro®, most of the sample had adequate values of head circumference, length and weight according to age, birth and last measurement. Total follow-up losses in both groups were 34 infants. Conclusion:
According to the literature, the use of cocaine/crack during gestational period provides different height and height when compared to not exposed, with catch-up occurring between the sixth and twelfth months of life. In the epidemiological study, there was a large number of follow-up losses, requiring more robust studies to understand the phenomenon.