Publication year: 2019
Introdução:
Metástases ósseas são prevalentes em pacientes com câncer avançado e podem causar prejuízos significativos na qualidade de vida do doente. O tratamento consiste no controle da dor e na prevenção de Eventos Relacionados ao Esqueleto (ERE), complicações altamente limitantes e de impacto multidimensional. Na prevenção de ERE são utilizados bisfosfonatos e denosumabe, medicamentos de uso crônico e de alto custo, os quais requerem avaliações de custo-efetividade, sobretudo para auxiliar decisões que envolvem alocação de recursos públicos. Objetivo:
Realizar análise econômica de medicamentos alvo-específicos usados no tratamento de pacientes com metástases ósseas. Método:
Trata-se de uma Avaliação de Tecnologias em Saúde (ATS) em que se realizou Análise de Custo-Efetividade (ACE) e de impacto orçamentário (AIO), sob a perspectiva do Sistema Único de Saúde, com horizonte temporal de dois anos. Os dados relativos a custos foram provenientes de bases de dados nacionais. Informações relativas à efetividade, medida pela proporção de pacientes livres de ERE derivou-se de revisões sistemáticas. Na ACE, desenvolveram-se dois modelos de Markov, a saber: pacientes com câncer de mama, cujo tratamento foi baseado no uso de denosumabe, ácido zoledrônico ou pamidronato; e para Outros Tumores Sólidos (OTS), baseado no uso de denosumabe ou ácido zoledrônico. Nestes modelos, considerou-se quatro estados de saúde (com/sem ERE, novo ERE e morte). Resultados foram expressos em Razão de Custo- Efetividade Incremental (RCEI) e as incertezas foram testadas em análise de sensibilidade determinística e probabilística. Realizou-se AIO em cinco anos, considerando-se diferentes cenários de uso das terapias. Resultados:
Na modelagem de Markov para mama, evidenciou-se que o pamidronato foi o tratamento mais custo-efetivo. As RCEI do ácido zoledrônico e do denosumabe em relação ao pamidronato foram, respectivamente, de R$ 5.935,60 e R$ 17.929,09 por ERE evitado. No modelo para OTS, a estratégia custo-efetiva foi o ácido zoledrônico. A RCEI do denosumabe em relação ao ácido zoledrônico foi de R$ 26.061,90 por ERE evitada. Em análise de sensibilidade, os resultados inicialmente encontrados foram mantidos, o que indica a robustez das análises. Na AIO, independentemente do tipo de tumor, o uso do ácido zoledrônico representou o cenário menos oneroso, em cinco anos. Conclusões:
Para o Brasil, as ACE apontaram que o medicamento custo- efetivo para o tratamento de metástases ósseas no câncer de mama foi o pamidronato e para OTS foi o ácido zoledrônico. A incorporação do denosumabe resultaria em aumento substancial nos custos do tratamento, especialmente em longo prazo. Entretanto, para a tomada de decisão, devem-se considerar fatores para além de efetividade, segurança e custos, como aceitabilidade, valores e preferências dos pacientes, viabilidade e equidade.
Introduction:
Bone metastases are prevalent among patients with advanced cancer and may result in significant decrease in quality of life. Its treatment consists of pain alleviation and prevention of Skeletal Related Events (SRE), highly debilitating complications with multidimensional impact. Bisphosphonates and denosumab are the treatment of choice to prevent SRE. Both are high cost medications of chronic use, which requires cost effectiveness analyses to support decision making in resource allocation. Objectives:
To conduct an economic analysis of bone-targeted agents for the treatment of bone metastases secondary to solid tumors. Methods:
A Health Technology Assessment (HTA) with Cost-Effectiveness Analysis (CEA) and Budget Impact Analysis (BIA) was performed from the Brazilian Unified Healthcare System, over a 2-year time horizon. Data were collected from different sources and included national databases for different categories of costs, and scientific articles for effectiveness, measured by the proportion of SRE-free patients. The CEA was based on two Markov models:
For patients with breast cancer, in which the treatment was based on denosumab, zoledronic acid or pamidronate; and for Other Solid Tumors (OST), based on the use of denosumab and zoledronic acid. In these models, four health states (with/without SRE, new SRE, and death), and their transition probabilities were considered. Results were expressed by means of Incremental Cost-Effectiveness Ratios (ICER), and the uncertainties were tested in deterministic and probabilistic sensitivity analyses. A BIA in five years was conducted considering different scenarios. Results:
In the Markov model for breast cancer, pamidronate was the cost-effective strategy. In the zoledronic acid/pamidronate and denosumab/pamidronate comparisons, ICERs of R$ 5,935.70 and R$ 17,929.09 per SRE avoided were observed. In the OST model, zoledronic acid was the cost-effective strategy, and the ICER of denosumab compared with zoledronic acid was R$ 26,061.44 per SRE avoided. Sensitivity analysis confirmed the robustness of the model, as results remained unchanged. In the BIA, regardless of tumor type, the least costly scenario in five years was the one in which all patients received zoledronic acid. Conclusion:
Considering the Brazilian healthcare setting, the CEA showed that pamidronate for breast cancer and zoledronic acid for OST were the cost-effective strategies. Denosumab coverage would result in substantial increase in treatment costs. However, in the decision-making process, factors beyond effectiveness, safety and costs should be considered, for example, acceptability, patients values and preferences, feasibility and equity.