Controle da hipertensão arterial em um ambulatório especializado de alta complexidade
Control of hypertension in a specialized outpatient clinic of high complexity

Publication year: 2019

Introdução:

A hipertensão arterial é a principal causa de morbimortalidade cardiovascular e o controle da hipertensão arterial é a forma mais eficaz de evitar as complicações cardiovasculares e diminuir a morbimortalidade. Porém, as taxas de controle em nosso meio ainda são insatisfatórias e os dados disponíveis são na maioria de estudos realizados na atenção básica.

Objetivo:

Avaliar o controle da hipertensão arterial em um grupo de hipertensos acompanhados em um serviço ambulatorial especializado.

Método:

Estudo exploratório, prospectivo, transversal, desenvolvido na Unidade de Hipertensão de um hospital de ensino da cidade de São Paulo.

Os critérios de inclusão foram:

idade 18 anos, em acompanhamento no ambulatório há pelo menos seis meses e que aceitaram participar voluntariamente do estudo, assinando o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Foram excluídos pacientes com hipertensão secundária, gestantes e aqueles que apresentaram comprometimento que impedia a realização da entrevista. O cálculo estatístico da amostra foi baseado na taxa de controle de 60% para um poder de teste de 80% e nível de significância de 5%, resultando em 253 participantes. Foram realizadas entrevistas para coleta de dados biossociais, etilismo, tabagismo, atividade física, comorbidades, medicamentos em uso e avaliação da adesão ao tratamento pela Escala de Adesão Terapêutica de Oito Itens de Morisky. Também foram feitas medidas antropométricas, avaliação de bioimpedância e de exames laboratoriais. O controle da pressão arterial pela medida realizada por enfermeira foi para valores <140 mmHg para pressão sistólica e <90 mmHg para a pressão diastólica. O nível de significância utilizado foi de p<0,05.

Resultados:

A prevalência de controle da pressão arterial foi de 69,2% e 82,2% apresentaram alta adesão ao tratamento farmacológico. A amostra foi constituída de 61,7% mulheres, 63,2% brancos, 52,8% casados, idade de 65,0 (13,3) anos, 47% do estrato socioeconômico C2, 44,3% com ensino médio completo e renda mensal de 2.302,00 (1.781,00) reais. Observou-se que 7,5% eram tabagistas, 40,3% faziam uso de bebida alcoólica e 38,3% sedentários. O índice de massa corporal foi de 29,5 (5,3) Kg/m2 e 81,4% apresentaram sobrepeso ou obesidade. Dentre as comorbidades avaliadas, 75,0% tinham histórico de dislipidemia, 40,7% diabetes, 19,0% doença renal crônica, 13,4% insuficiência cardíaca, 8,7% acidente vascular encefálico e 8,3% infarto agudo do miocárdio. Os hipertensos controlados foram estatisticamente diferentes dos não controlados (p<0,05), respectivamente, em relação a: estado civil casado (58,9% vs 39,0%); índice de massa corporal [29,0 (5,4) vs 30,6 (4,9) Kg/m2 ]; circunferência da cintura [101,6 (13,7) vs 101,7 (10,4) cm]; gordura corporal [36,1 (10,5) vs 38,1 (9,3)]; percentual de gordura corporal classificada como normal (26,9% vs 9,0%); idade corporal [64,9 (12,0) vs 68,1 (11,1)]; número de medicamentos [7,6 (3,8) vs 9,1 (4,1)]; e número de anti- hipertensivos [3,4 (1,7) vs 4,5 (2,1)]. Os hipertensos controlados utilizavam em menor frequência os anti-hipertensivos: bloqueadores dos canais de cálcio (61,7% vs 84,6%), inibidores adrenérgicos betabloqueador (44,0% vs 64,1%), agentes de ação central (12,6% vs 23,1%), vasodilatadores (5,7% vs 19,2%). A análise de regressão logística indicou associação independente do controle dos hipertensos com as seguintes variáveis (OR , odds ratio; IC, intervalo de confiança de 95%): estado civil casado (OR 2,3; IC 1,34 4,28), uso de bloqueadores dos canais de cálcio (OR 0,4; IC 0,19 - 0,92) e número de anti-hipertensivo prescritos (OR 0,78; IC 0,66 0,92 ).

Conclusão:

Apesar da presença de importantes fatores de risco nos hipertensos avaliados, o controle e a adesão ao tratamento farmacológico apresentaram-se otimizados.

Introduction:

Hypertension is the leading cause of cardiovascular morbidity and mortality, and controlling hypertension is a more effective way to prevent cardiovascular complications and decreased morbidity and mortality. However, as control rates in our country are still unsatisfactory and available data are in most studies conducted in primary care.

Objective:

To evaluate the control of hypertension in a group of hypertensive patients followed up in a specialized outpatient clinic.

Method:

Exploratory, prospective, cross-sectional study, developed at the Hypertension Unit of a teaching hospital in the city of São Paulo.

Inclusion criteria were:

age 18 years, followed at the outpatient clinic for at least six months and who agreed to participate voluntarily in the study, signing the Informed Consent Form. Patients with secondary hypertension, pregnant women and those who presented impairment that prevented the interview were excluded. Statistical calculation of the sample was based on the 60% control rate for 80% test power and 5% significance level, resulting in 253 participants. Interviews were conducted to collect biosocial data, alcohol use, smoking, physical activity, comorbidities, medications in use, and treatment adherence assessment by the Morisky Eight-Item Therapeutic Adherence Scale. Anthropometric measurements, bioimpedance assessment and laboratory tests were also performed. Blood pressure control by the nurse measurement was <140 mmHg for systolic pressure and <90 mmHg for diastolic pressure. The significance level used was p <0.05.

Results:

The prevalence of control was 69.2% and 82.2% showed high adherence to pharmacological treatment. The sample consisted of 61.7% women, 63.2% whites, 52.8% married, age 65.0 (13.3) years, 47% belonging to C2 socioeconomic status, 44.3% had completed high school and monthly income of R$2.302.00 (1.781.00). Regarding risk factors / lifestyle, 7.5% reported being smoker, 40.3% used alcohol and 38.3% were sedentary. The body mass index was 29.5 (5.3) kg / m2. It was also found that 81.4% of hypertensive patients were overweight or obese. Among the comorbidities evaluated, 75.0% had a history of dyslipidemia, 40.7% diabetes, 19.0% chronic kidney disease, 13.4% heart failure, 8.7% stroke and 8.3% acute myocardial infarction. The controlled and uncontrolled hypertensive patients were distinct (p <0.05) in relation to: married marital status (58.9% vs 39.0%); body mass index [29.0 (5.4) vs 30.6 (4.9) kg / m2]; waist circumference [101.6 (13.7) vs 101.7 (10.4) cm]; body fat [36.1 (10.5) vs 38.1 (9.3)]; body fat percentage classified as normal (26.9% vs. 9.0%); body age [64.9 (12.0) vs 68.1 (11.1)]; number of medicines [7.6 (3.8) vs 9.1 (4.1)]; and number of antihypertensive drugs [3.4 (1.7) vs 4.5 (2.1)].

The controlled hypertensives used antihypertensives less frequently:

calcium channel blockers (61.7% vs 84.6%), beta- blocker adrenergic inhibitors (44.0% vs 64.1%), centrally acting agents (12 , 6% vs 23.1%), vasodilators (5.7% vs 19.2%). Logistic regression analysis indicated independent control association with the following variables (OR, odds ratio; CI, 95% confidence interval): married marital status (OR 2.3; CI 1.34 - 4.28), blockers calcium channels (OR 0.4; CI 0.19 - 0.92) and number of antihypertensive drugs in use (OR 0.78; CI 0.66 - 0.92).

Conclusion:

Despite the presence of important risk factors in the hypertensive patients evaluated, the control and adherence to pharmacological treatment were optimized.