Cuidado centrado na família: elaboração e implementação de consenso das melhores práticas em unidades neonatais e pediátricas
Family-Centered Care: development and implementing of consensus of best practices in neonatal and pediatric units

Publication year: 2019

Introdução:

O Cuidado Centrado na Família surgiu do entendimento de que a família é fundamental no cuidado dos seus integrantes, assim a família deve ser considerada objeto do cuidado. A inexistência de consenso sobre a forma de envolvê-las no cuidado permite diferentes abordagens dos profissionais frente à participação da família, contribuindo para o aumento da angústia, medo e insegurança, possibilitando a ocorrência de experiência traumática para a criança e sua família.

Objetivos:

Analisar a percepção da equipe de enfermagem e da família acerca do Cuidado Centrado na Família (CCF), antes e após a implementação de um consenso para sistematizar a participação da família na assistência.

Métodos:

Estudo quase-experimental, realizado em 4 etapas metodológicas: Construção do consenso; Avaliação diagnóstica; Implementação do consenso e Avaliação final. O estudo foi realizado no Hospital Universitário da USP (HU-USP). A população consistiu em 79 profissionais da equipe de enfermagem e residentes de enfermagem e 122 familiares presentes na Clínica Pediátrica e Terapia Intensiva Pediátrica e Neonatal. Os dados foram coletados mediante a aplicação dos instrumentos Percepção do Cuidado Centrado na Família-Pais Versão Brasileira; Percepção do Cuidado Centrado na Família-Equipe - Versão Brasileira e do Guia para Atendimento das Famílias na Prática Clínica de Enfermagem. O consenso das especialistas sobre as práticas foi obtido pela Técnica de Grupo Nominal. As variáveis foram analisadas por frequência absoluta e relativa, associação estatística e aplicação dos testes: t pareado e teste t de Welch.

Resultados:

A percepção dos profissionais e da família respondeu positivamente na maioria das perguntas, apresentando discreto aumento da média dos escores na etapa pós-intervenção, com as médias dos profissionais de 1,86 pré- intervenção x 1,91 pós-intervenção e as médias das famílias de 2,26 pré-intervenção x 2,28 pós-intervenção. As famílias apresentaram maior percepção positiva sobre o CCF do que a equipe de enfermagem; houve aumento significativo da presença da família nos procedimentos invasivos após a implementação do consenso; as famílias participaram com maior frequência na realização dos cuidados de alimentação, higiene, conforto, oferecendo carinho e apoio à criança, inclusive em procedimentos invasivos; as famílias consideraram receber colaboração, apoio e suporte da equipe para a participação.

Conclusão:

A construção de um consenso fundamentado nas melhores evidências do CCF e o treinamento reflexivo para despertar a consciência da necessidade de avanços, foram fundamentais para os resultados deste estudo. Concluiu-se ser possível o envolvimento e participação das famílias nos ambientes de Clínica Pediátrica e Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica e Neonatal. As recomendações enfatizaram a maneira da enfermeira relacionar-se com a família, compreender suas necessidades, estabelecer parcerias e dar autonomia para que a família decida, como e quando deseja participar da assistência, possibilitando que a mesma se torne mais segura e forte, minimizando o seu sofrimento e o da criança.

Introduction:

Family-Centered Care emerged from the understanding that the family is fundamental in the care of its members, therefore the family should be considered the object of care, especially in neonatal and pediatric units. The lack of consensus on how to involve families in care, allows different approaches of professionals regarding family participation, contributing to the increase of distress, fear and insecurity, enabling the occurrence of traumatic experience for the child and his family.

Objectives:

The aim of this study is analyze the perception of nursing staff and family about family-centered care, before and after the implementation of a consensus to systematize family involvement in care.

Methods:

almost- experimental, carried out in 4 methodological steps: Consensus elaboration; Diagnostic evaluation; Consensus Implementation and Final Evaluation. The study was conducted at the University Hospital of USP (HU USP). The population consisted of 79 nursing staff professionals and nursing residents and 122 family members present at the Pediatric Clinic and Pediatric and Neonatal Intensive Care. The data were collected through the application of the instruments Perception of Family-Centered Care Parents - Brazilian Version; Perception of Family-Centered Care Staff - Brazilian Version of the Family Care Guide in Clinical Nursing Practice. The experts consensus on the practices was obtained by the Nominal Group Technique. The variables were analyzed by absolute and relative frequency, statistical association and tests application: paired t and Welch t test.

Results:

The perception of professionals and family answered positively on most questions, showed a slight increase in the mean scores in the post-intervention stage 1.86 pre-intervention x 1.91 post- intervention and the average of families 2.26 pre-intervention x 2.28 post-intervention. The data showed that the families had a higher perception of CCF than the nursing staff, and had a significant increase in the presence of family in invasive procedures after consensus implementation, and that families participated more frequently in the provision of food, hygiene, comfort care, providing high care and support to the child even in invasive procedures; families reported having obtained collaboration and support from professional team.

Conclusion:

The elaboration of consensus based on the best evidence of CCF and reflective training to raise awareness about the need to progress, were fundamental to the results of this study. It is concluded that it is possible for families to be involved in the pediatric clinic and neonatal and pediatric intensive care settings. The recommendations emphasized the nurse\'s way of relating to the family, understanding their needs, establishing partnerships and give autonomy for the family to decide how and when they want to participate in the care, enabling them to become safer and stronger, minimizing your suffering and the child.