Sistematização da assistência de enfermagem na atenção primária em saúde: diagnóstico situacional na perspectiva de profissionais de enfermagem
Systematization of nursing care in primary health care: situational diagnosis from the perspective of nursing professionals

Publication year: 2020

Introdução:

A Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) é compreendida como uma ferramenta que organiza o trabalho profissional de enfermagem de forma pessoal, metodológica e instrumental, tornando possível a aplicação do Processo de Enfermagem (PE) na prática. O PE é uma ferramenta orientadora e metodológica do cuidado profissional de enfermagem e da documentação da prática de enfermagem. O PE é constituído por cinco etapas interdependentes. Porém, somente após sua normatização pelo conselho de classe no Brasil, a SAE/PE passou a ser exigida nas instituições de saúde. Contudo, há ainda fatores limitantes que impedem a plena implantação da SAE/PE, particularmente no âmbito da Atenção Primária em Saúde (APS).

Objetivo:

Realizar um diagnóstico situacional da SAE, na perspectiva dos profissionais da APS, em Jundiaí-SP.

Método:

Trata-se de um estudo exploratório, descritivo, de corte transversal, com abordagem quantitativa. O estudo foi desenvolvido no município de Jundiaí. Foi aplicado questionário com escala de tipo Likert, previamente validado. A população do estudo foi composta por enfermeiros e técnicos/auxiliares de enfermagem, que trabalham na APS do referido município.

Resultados:

Participaram do estudo 130 profissionais de enfermagem (45 enfermeiros e 85 técnicos e auxiliares de enfermagem), atuantes em 24 UBS. Os participantes apresentaram em média 18 anos de atuação profissional (DP=11). Dentre os participantes, cinco enfermeiros e 31 técnicos/auxiliares relataram nunca ter participado de aulas sobre SAE/PE durante o curso de formação profissional. Os participantes apontaram não ter dificuldade para entender o que é SAE e PE. Contudo, as respostas obtidas demonstraram que ainda há dúvidas sobre os conceitos relativos a SAE e PE. De maneira geral, observou-se que os técnicos/auxiliares de enfermagem tiveram mais dúvidas que os enfermeiros nas questões. Os participantes apontaram que há lacunas na formação acadêmica relativa a SAE/PE. Enfermeiros e técnicos/auxiliares de enfermagem reconheceram que existem dificuldades de implantação da SAE na APS. A falta de linguagem padronizada para enfermagem para uso na APS também foi apontada como um obstáculo, bem como o pouco incentivo das instituições de saúde na consolidação dessa metodologia de trabalho. Questões operacionais como interrupções frequentes e falta de consultórios foram indicadas como barreiras para a plena execução da SAE/PE.

Conclusão:

A SAE ainda é pouco aplicada no processo de trabalho da APS no cenário do estudo. Existem lacunas na formação profissional sobre SAE e PE, e a educação permanente nas instituições de saúde é apontada como uma forma de preencher esta lacuna.

Introduction:

The Nursing Care Systematization (NCS) is understood as a tool that organizes professional nursing work in a personal, methodological and instrumental way, making it possible to apply the Nursing Process (NP) in practice. The NP is a guiding and methodological tool for professional nursing care and documentation of nursing practice. NP consists of five interdependent stages. However, only after its standardization by the class council in Brazil, NCS/NP started to be demanded in healthcare institutions. Nevertheless, there are still limiting factors that impede the full implementation of NCS/NP, particularly in the context of Primary Health Care (PHC).

Aim:

To perform a situational diagnosis of NCS, from the perspective of PHC professionals, in Jundiai-SP.

Method:

This is an exploratory, descriptive, cross-sectional study with a quantitative approach. The study was carried out in the municipality of Jundiai. A previously validated Likert scale questionnaire was applied. The study population included nurses and nursing technicians/assistants, who work in the PHC of that municipality.

Results:

The study included 130 nursing professionals (45 nurses and 85 nursing technicians and assistants) working in 24 basic health units. The participants had an average of 18 years of professional experience (SD = 11). Among the participants, five nurses and 31 technicians/assistants reported never having participated in classes on NCS/NP during the professional training course. The participants pointed out that they have no difficulty in understanding what NCS and NP are. However, the responses obtained showed that there are still doubts about the concepts related to NCS and NP. In general, it was observed that nursing technicians/assistants had more doubts than nurses on several issues. Participants pointed out that there are gaps in academic training related to NCS/NP. Nurses and nursing technicians/assistants recognized that there are difficulties in implementing NCS in PHC. The lack of standardized language for nursing use in PHC was also pointed out as an obstacle, further the limited incentive of healthcare institutions to consolidate this work methodology. Operational issues such as frequent interruptions and a lack of consulting rooms were indicated as barriers to full NCS/NP execution.

Conclusion:

NCS is still rarely applied in the PHC work process in the study scenario. There are gaps in professional training on NCS and NP, and continuing education in healthcare institutions is pointed out as a way to fill this gap.