Publication year: 2020
Introdução:
O autocuidado (AC) é fundamental para o manejo e tratamento da doença arterial coronariana (DAC). Na Teoria de Enfermagem do Déficit de AC (TEDAC) de Orem, o conhecimento é um dos componentes de poder que influencia a operacionalização do AC. O avanço do entendimento sobre a relação entre conhecimento e comportamento faz acreditar que o alfabetismo em saúde (AS) e não apenas o conhecimento tem influência direta na capacidade de AC. Objetivo:
O objetivo geral foi analisar a associação entre capacidade de AC, AS e conhecimento sobre a doença em pacientes com DAC. Método:
Estudo transversal, no qual foram incluídos pacientes com DAC, idade igual ou superior a 18 anos, que sabiam ler e tinham capacidade cognitiva preservada, cadastrados no ambulatório de hospital especializado em cardiologia. Foram excluídos aqueles com capacidade visual, auditiva e/ou de comunicação comprometidas. A coleta de dados foi realizada entre agosto e outubro de 2019. Foram coletados dados de caracterização sociodemográficas e clínica. ASAS-R, S-TOFHLA e CADE-Q SV foram utilizados para avaliação da capacidade de AC, AS e conhecimento sobre a DAC. Variáveis numéricas foram descritas por medidas de tendência central e dispersão e variáveis categóricas por meio de frequências. Testes inferenciais foram utilizados para determinar associações entre as variáveis; o modelo de equações estruturais foi utilizado para verificar se o conhecimento sobre a DAC era mediador da relação entre AC e AS. O nível de significância adotado foi de 5%. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa. Resultados:
Foram incluídos 122 pacientes (60,7% sexo masculino, idade 62,07+8,8 anos). Os escores médios do ASAS-R, S- TOFHLA e CADE-Q SV foram, respectivamente, 52,7±7,5, 60,5±23,1 e 12,3±2,5 pontos; na análise bivariada esses escores se associaram com idade, anos de ensino formal, renda per capta, tempo de diagnóstico da DAC, cor da pele, situação trabalhista, sedentarismo e orientações em saúde. Houve correlação entre os escores do ASAS-R e S-TOFLHA (r=0,341; p<0,001) e do ASAS-R e CADE-Q SV (r=0,179; p<0,048). No modelo de equações estruturais, verificou-se que tanto a contribuição direta (B=0,363; p=0,170) quanto indireta (B=0,112; p=0,117) do CADE- Q SV no ASAS-R foram pequenas, mas o CADE-Q SV influenciou o S-TOFHLA (B=1,610; p=0,05) e este, por sua vez, o ASAS-R, de modo que o escore do ASAS- R aumentou 0,070 pontos para cada ponto adicional no escore do S-TOFLHA. Conclusão:
A capacidade de AC apresentou associação com AS e tempo de educação formal. Não houve associação direta ou indireta do conhecimento com a capacidade de AC, mas o conhecimento teve associação com o AS. Implicações e impacto para prática:
O AS parece ser um dos componentes de poder da TEDAC. Estratégias que visem melhorar o AC devem ser individualizadas de acordo com o AS e nível de educação formal.
Introduction:
Self-care (SC) is essential for the management and treatment of coronary artery disease (CAD). In Orem's SC Deficit Nursing Theory, knowledge is one of the power components that influence SC operationalization. As the understanding about the relationship between knowledge and behavior advances, it is believed that health literacy (HL), not knowledge, has a direct influence on SC agency. Objective:
The general objective was to analyze the association between SC capacity, HL and knowledge regarding the disease in patients with CAD. Method:
Cross-sectional study that included patients with CAD attended in the outpatient clinic of a cardiology hospital, who were 18 years or older, were able to read, and had preserved cognitive function. Those with impaired visual, auditory and/or communication functions were excluded. Data collection was carried out between August and October 2019. Sociodemographic and clinical variables were collected. ASAS-R, S-TOFHLA and CADE-Q SV were used to assess the SC capacity, HL and CAD knowledge. Quantitative variables were described by means of central tendency and dispersion measurements and categorical variables by means of frequencies. Inferential tests were used to determine associations between variables; the structural equation model was used in order to verify whether CAD knowledge was a mediator of the relation between SC and HL. The level of significance adopted was 5%. The study was approved by the Research Ethics Committee. Results:
122 patients were included (60,7% male, aged 62,07 ± 8,8 years) in the study. The mean scores of ASAS-R, S-TOFHLA, and CADE-Q SV were respectively 52,7±7,5, 60,5±23,1 and 12,3±2,5 points; in the bivariate analysis, these scores were associated with age, years of formal education, income per capita, time since CAD diagnosis, skin color, work situation, sedentarism and health education. There was a correlation between the scores of ASAS-R and S-TOFLHA (r=0,341; p<0,001) and ASAS-R and CADE-Q SV (r=0,179; p<0,048). In the structural equation model, it was found that both the direct (B=0,363; p=0,170) and indirect (B=0,112; p=0,117) contributions of CADE-Q SV to ASAS-R were small, but CADE-Q SV influenced S- TOFHLA (B=1,610; p=0,05); in turn, S-TOFHLA influenced ASAS-R, so that ASAS-R score increased 0,070 points for each additional point in the score S-TOFLHA. Conclusion:
SC capacity was associated with HL and time spent for formal education. There was no direct or indirect association of knowledge with SC capacity, but knowledge was associated with HL. Implications and impact for practice:
HL seems to be one of SCDNT power components. Strategies that aim to improve SC should be tailored according to the HL and level of formal education.