Ambulatório para cuidadores de idosos: ações para a qualidade de vida de cuidadores senescentes
Ambulatory for Elderly Caregivers: Actions for the quality of life of senescent caregivers
Publication year: 2021
A figura do cuidador senescente é cada vez mais frequente em nossa realidade e os serviços de saúde voltados para manutenção de uma boa qualidade de vida a eles, embora essenciais, são escassos.
Foram objetivos do estudo:
avaliar a Qualidade de Vida e a percepção de sobrecarga de cuidadores senescente que frequentam um Ambulatório para Cuidadores de Idosos. Estudo de natureza quantitativa, transversal, prospectivo, descritivo e exploratório. A coleta de dados ocorreu entre janeiro e março de 2020 num ambulatório de Cuidadores de idosos no Município de São Paulo, com 33 cuidadores senescentes. Para entender a dinâmica do cuidado, foi importante caracterizar também, os idosos cuidados. Foram utilizados, além de instrumentos com dados de caracterização dos cuidadores e dos idosos cuidados, as escalas de Katz, Zarit Burden Interview e SF-36. Para análise dos dados foi utilizado o programa SPSS versão 20. Foi aplicado o coeficiente de correlação de Spearman e adotado um nível de significância de 5% (p valor < 0,05). Os resultados mostram que 72,7% dos idosos cuidados tem mais de 80 anos, 63,6% são do sexo feminino, 57,6% viúvos, 69,7% possuíam algum tipo de doença neurológica, 93,9% tinham pelo menos um filho, 90,9% eram aposentados, 84,8% viviam em casa própria, sendo que 93,9% tinham dois ou mais moradores. Nesta população o maior índice de dependência foi o controle da continência (72,7%) e o menor para alimentação (39,4%). Quanto ao cuidador senescente 75,7% tinham entre 60 e 69 anos e todos eram escolarizados. A figura feminina (esposa e filha) foi a mais prevalente (87,9%); 78,8% eram aposentados, 90,9% prestavam cuidados 24hs e 97% sete dias por semana; 36,4% se dedicavam ao cuidado há mais de 10 anos e 63,6% frequentavam o ambulatório há mais de um ano, sendo que para 97% ele proporcionou muita ajuda em seu cotidiano e para 87,9% contribuiu para o manejo dos problemas de saúde. Quanto a qualidade de vida evidenciamos os melhores escores nas dimensões de saúde mental (64,38) e estado geral de saúde (62,09), os piores nos aspectos físicos (34,09) e emocionais (38,33). Encontramos correlação inversamente proporcional entre a sobrecarga referida e a qualidade de vida do cuidador senescente, sendo os aspectos físicos, dor e emocional apresentaram r>-0,5. Evidenciamos correlação proporcional entre a qualidade de vida do cuidador senescente na dimensão de aspecto físico com a dependência do idoso cuidado nos itens banhar-se, vestir-se e alimentar-se (r>0,4); entre a dimensão de aspecto emocional com banhar-se (r0,409) e entre a dimensão dor com a continência (r 0,417). Não encontramos correlações entre o tempo de inclusão no ambulatório com a sensação de sobrecarga e com os domínios do SF 36. Dos que frequentam o ambulatório há mais de um ano 76% não apresentaram piora na autopercepção de saúde comparada ao ano anterior e todos os que referiram melhora, pertenciam ao grupo que está em acompanhamento há mais tempo. Esperamos que esta experiência do Ambulatório de Cuidadores possa inspirar iniciativas para criação de outros serviços, buscando atender as necessidades do cuidador senescente, principalmente no autocuidado.
The figure of the senescent caregiver is more and more frequent in our reality and health services aimed at maintaining a good quality of life for them, although essential, are scarce.