Recursos utilizados pelas famílias que integram pessoas dependentes no autocuidado: Contributo para a intervenção do enfermeiro de reabilitação
Publication year: 2022
A evolução demográfica de Portugal das últimas décadas é caracterizada por um envelhecimento populacional bastante marcado, provocado pela diminuição das taxas de natalidade, aumento de esperança média de vida à nascença e um cada vez maior número de pessoas de faixas etárias mais elevadas. Estas profundas alterações estruturais refletem-se em elevados índices de dependência no autocuidado e representam um enorme desafio para as famílias que integram estas pessoas no seu contexto domiciliário. Este estudo tem como principais objetivos conhecer a prevalência destas famílias no universo das famílias clássicas da União de Freguesias de São Martinho do Bispo e Ribeira de Frades e identificar quais os recursos necessários, os utilizados e as razões da utilização por parte destas famílias. Foi concebido um desenho de investigação quantitativo, descrito e de cariz transversal. A amostra é probabilística, aleatória e estratificada. O instrumento de recolha de dados utilizado foi o formulário ?Famílias que integram dependentes no autocuidado? numa abordagem porta-a-porta. Foram entrevistadas 387 famílias, das quais 43 albergavam pessoas dependentes no autocuidado nas suas residências (11,1%). Destas 43 famílias, 35 aceitaram participar no estudo. O total de pessoas dependentes foi de 37, uma vez que 2 familias integravam 2 pessoas dependentes. Estas são maioritariamente do sexo feminino, viúvas e com uma média de idade de 83,1 anos. A dependência foi de instalação gradual devido ao envelhecimento e às doenças crónicas e durava, em média, há 4,2 anos. Os familiares prestadores de cuidados são maioritariamente do sexo feminino, casados, filhos da pessoa dependente e com uma idade média de 65,6 anos.
A taxa de utilização de recursos necessários foi de 50,4%, sendo que os autocuidados mais associados à sobrevivência e a aspectos vitais são os que têm uma maior taxa de utilização: tomar medicação, andar e uso do sanitário. Por outro lado, os autocuidados mais associados à mobilidade e independência são os que têm menor taxa de utilização de recursos: elevar-se, virar-se e transferir-se.
Os resultados observados, confirmam a necessidade de uma maior capacitação do familiar cuidador na utilização e seleção dos recursos, assim como, um acompanhamento mais profissionalizado por parte dos enfermeiros de reabilitação, maximizando a independência da pessoa dependente.