Publication year: 2022
Enquadramento:
A segurança do doente conquistou um lugar de destaque no setor da saúde. É reconhecida como um tema fundamental na prestação de cuidados de saúde de qualidade. O erro de medicação é um dos temas prioritários e o enfermeiro gestor tem um papel importante na sua redução.
Objetivos:
Definiu-se como objetivo geral identificar quais as estratégias que poderão ser implementadas pelo enfermeiro gestor para diminuir a ocorrência de erros de medicação, percecionados pelos enfermeiros de um SU português. Como objetivos específicos definiram-se: caracterizar os erros associados à gestão de medicação; identificar a incidência de erro nas diferentes fases do processo de gestão de medicação; identificar as causas precipitantes do erro na gestão de medicação; identificar as medidas de mitigação de dano realizadas pelos profissionais; identificar se ocorreu a notificação do erro; identificar as medidas preventivas propostas pelos profissionais; perceber a importância do papel do enfermeiro gestor na garantia das melhores práticas profissionais de forma a reduzir a ocorrência de erros de medicação; e analisar a influência das variáveis sociodemográficas e profissionais na perceção dos enfermeiros, sobre o papel do enfermeiro gestor na implementação de estratégias para diminuir a ocorrência de erros de medicação.
Metodologia:
Desenvolveu-se um estudo transversal, quantitativo, descritivo-correlacional tratando-se de uma investigação por questionário. A amostra é constituída por 63 enfermeiros. O estudo decorreu num Hospital Público da região Norte de Portugal. Os dados foram analisados no IBM SPSS Statistics versão 28.
Resultados:
A formação em serviço e a implementação de políticas, diretrizes e protocolos clínicos são as estratégias que poderão ser implementadas pelo enfermeiro gestor de forma a diminuir a ocorrência de erros de medicação no SU. O incidente sem dano foi o erro de medicação mais reportado (68%) seguido do near miss (24%). A fase do processo de gestão de medicação mais referenciada foi a fase de administração (49%), seguida da fase de preparação (33%). O ambiente de trabalho (59%) seguido dos fatores individuais (43%) foram as causas precipitantes do erro na gestão de medicação mais reportadas. Quanto às medidas de mitigação de dano realizadas pelos profissionais quando confrontados com um erro de medicação, 86% vivenciaram e aprenderam com o erro individualmente, 54% aumentou a vigilância do doente e 35% notificou o enfermeiro responsável. Apenas 14% notificou o erro na plataforma da DGS Notific@. A identificação inequívoca do doente (65%) seguida da preparação de terapêutica antes da sua administração (56%) foram as medidas preventivas propostas pelos profissionais. Quando analisamos a influência das variáveis sociodemográficas e profissionais na perceção dos enfermeiros, sobre o papel do enfermeiro gestor na implementação de estratégias para diminuir a ocorrência de erros de medicação, verificamos através dos dados que apenas a hipótese relacionada com a idade dos enfermeiros foi confirmada, apesar de ser uma correlação fraca e negativa.
Conclusão:
Uma boa gestão dos erros é tão importante como reduzi-los. A experiência do erro pode desenvolver as capacidades adaptativas dos enfermeiros às diversas situações e, também, pode constituir uma forma de aprendizagem, com valor pedagógico e um marco para o desenvolvimento do conhecimento. Assim, conclui-se que é importante a implementação de estratégias pelo enfermeiro gestor de forma a diminuir a sua ocorrência.