Infeção do trato urinário associada ao cateter vesical na pessoa com lesão medular: Conhecimento dos enfermeiros
Publication year: 2022
O doente com lesão medular manifesta, quer na fase aguda quer na fase crónica, comprometimento no autocuidado de eliminação vesical. O cateterismo vesical é a intervenção de enfermagem mais comum na satisfação do mesmo, verificando-se um aumento do risco de infeção do trato urinário (ITU) associada ao procedimento. Atendendo a que a infeção do trato urinário é uma das infeções relacionadas aos cuidados de saúde mais comum e que pode estar associada à técnica de cateterismo vesical utilizada, considera-se pertinente investigar o impacto do conhecimento dos enfermeiros na ocorrência desse evento.
Desenvolveu-se um estudo de abordagem descritiva-correlacional, baseado na questão: qual o impacto do conhecimento dos enfermeiros sobre prevenção e controlo de infeção do trato urinário associada ao cateterismo vesical (ITUACV) em doentes com lesão medular (LM)? Para responder à questão formulada, enunciaram-se os objetivos: Identificar e analisar o conhecimento dos enfermeiros sobre prevenção e controlo de infeção nos procedimentos de inserção e manutenção de sistema de drenagem; verificar se há relação entre a formação e o conhecimento dos enfermeiros sobre prevenção e controlo de ITUACV e verificar se o cateterismo vesical aumenta a incidência de ITU no doente com LM. Os dados foram recolhidos através de um questionário aplicado a 44 enfermeiros de um centro de reabilitação da região centro. Analisaram-se retrospetivamente 63 processos clínicos de doentes com LM entre 01 de janeiro de 2017 e 31 de dezembro de 2017.
Os resultados permitem afirmar que os enfermeiros apresentam um bom conhecimento sobre as principais medidas de prevenção e controlo de ITUACV. Da análise processual, identificam-se 158 uroculturas positivas das quais 123 (78%) diagnosticadas em doentes com padrão de eliminação por cateter vesical permanente. Verifica-se que as hipóteses colocadas relativas à frequência de ações de formação, idade e o tempo de experiência profissional não influenciam o conhecimento dos enfermeiros sobre prevenção e controlo de ITUACV.
Não obstante o bom conhecimento da amostra sobre as recomendações de prevenção e controlo de ITUACV onde se salientam a justificação clínica para inserção e manutenção de cateter vesical, conclui-se que, existe um elevado número de cateter vesical permanentes e de infeções do trato urinário associadas.
O estudo reforça a importância da formação contínua e da implementação de boas práticas na conduta dos enfermeiros