Os sangradores no Portugal medievo até ao seu lento desaparecimento, em momento de forte afirmação da enfermagem, no final do século XIX
Publication year: 2022
Considerando o tema ?Os sangradores no Portugal Medievo até ao seu lento desaparecimento em momento de forte afirmação da enfermagem, no final do século XIX?, esta dissertação de mestrado pretendeu estudar o ofício dos sangradores, compreender como este surgiu e porque surgiu, analisar a sua evolução e as suas causas, bem como as relações com os demais ofícios, dando especial enfoque ao relacionamento com os enfermeiros e ao legado que os sangradores deixaram como contributo para o desenvolvimento desta profissão.
A abordagem metodológica consagrou uma inferência historiográfica com base na diversa literatura disponível, focando o tempo longo estrutural desde o surgimento oficial dos sangradores em Portugal em 1504 (por decreto) até ao fim da monarquia, em 1910 (embora extintos por decreto em 1870). As fontes de informação foram essencialmente primárias, dando-se também atenção a fontes secundárias ou a alguma matéria cinzenta.
Pretendeu-se estudar como, após cerca de quatro séculos de preponderância nos cuidados de saúde, o ?ofício dos sangradores? entrou em declínio, como resultado dos avanços científicos do século XVII e do progressivo abandono de dogmas baseados na teoria hipocrática-galénica. Pretendeu-se, também, compreender as interações entre este ofício em declínio e o dos enfermeiros, que começa a afirmar-se como preponderante na prestação de cuidados de saúde à população. Como tal, assistiu-se a um processo evolutivo próprio, de mudança e, ao mesmo tempo, de plasticidade, que permitiu o crescimento e desenvolvimento da atividade dos enfermeiros, que evoluiu de ofício para profissão e, mais tardiamente, para ciência, produzindo, como tal, o seu conhecimento científico próprio.