Intervenções não farmacológicas na gestão de fenómenos sensoriais: Experiência da pessoa amputada
Publication year: 2022
A dor é uma das principais causas de sofrimento humano, comprometendo a qualidade de vida das pessoas, interferindo no seu bem-estar físico e psicossocial. Estudos realizados indicam que os fenómenos sensoriais experienciados no membro fantasma são sentidos de forma diferente de pessoa para pessoa, constituindo um desafio na abordagem clínica e terapêutica. Torna-se pertinente estudar a experiência da pessoa amputada em relação à gestão dos fenómenos sensoriais dolorosos, com recurso a medidas não farmacológicas.
Realizou-se um estudo fenomenológico, descritivo, transversal de abordagem qualitativa, cujo objetivo geral foi conhecer a experiência da pessoa amputada na gestão dos fenómenos sensoriais dolorosos no membro amputado, recorrendo a intervenções não farmacológicas. O instrumento de colheita de dados foi a entrevista semiestruturada. A amostra foi não probabilística, do tipo acidental, ficando constituída por 16 participantes.
Da análise de conteúdo, realizada segunda a metodologia de Laurence Bardin, surgiram quatro categorias temáticas: fenómenos sensoriais experienciados no membro amputado, intervenções não farmacológicas utilizadas na gestão dos fenómenos sensoriais dolorosos, fonte de conhecimento das intervenções não farmacológicas e influência dos fenómenos sensoriais dolorosos no quotidiano. Os resultados obtidos revelam que as pessoas amputadas sentem dificuldades em conceitualizar os diferentes fenómenos sensoriais, procurando de forma autodidata, as intervenções não farmacológicas mais eficazes no alívio da dor, nomeadamente a massagem, as técnicas de distração, o posicionamento, a gestão do ambiente, entre outras. O impacto destes fenómenos sensoriais é percecionado no estado emocional e no padrão/qualidade do sono e repouso da pessoa amputada. Foi ainda visível que esta área de conhecimento carece de maior investimento e sensibilização com a formação dos profissionais de saúde e eventuais programas de melhoria contínua de qualidade para com a pessoa sujeita a amputação, de forma a muni-la de conhecimento relativamente à gestão dos fenómenos sensoriais através de medidas não farmacológicas e consequentemente para uma melhor qualidade de vida.