Eventos adversos associados ao uso de cateteres venosos periféricos: estudo longitudinal prospectivo
Publication year: 2020
Introdução:
A temática do estudo é segurança na terapia infusional, tendo como foco os eventos adversos locais associados ao manejo de cateteres venosos periféricos pela equipe de enfermagem. A equipe de enfermagem é uma das principais responsáveis pela prática da terapia infusional, compreendendo os cuidados pertinentes à prática de inserção e manutenção dos cateteres venosos periféricos, tendo também papel diferenciador no processo de prevenção e mitigação da ocorrência de incidentes e erros provenientes dessa assistência.Problema do estudo:
existe relação entre a ocorrência de eventos adversos locais e o manejo dos cateteres venosos periféricos? Objetivo geral: Analisar a ocorrência de eventos adversos e a associação com o manejo dos cateteres venosos periféricos conforme recomenda às melhores evidências científicas; Objetivos específicos: descrever o manejo dos cateteres venosos periféricos em uma unidade de internação cirúrgica; identificar a ocorrência de eventos adversos associados ao uso dos cateteres venosos periféricos; e verificar a associação entre a ocorrência de eventos adversos com o manejo dos cateteres venosos periféricos.Metodologia:
Estudo observacional, quantitativo, longitudinal, prospectivo e analítico. Local da pesquisa foi um Hospital Universitário Federal localizado no município do Rio de Janeiro. A população foram os pacientes internados em uma unidade de internação cirúrgica em uso de cateter venoso periférico, selecionados a partir dos critérios de inclusão e exclusão estabelecidos. Instrumento de coleta de dados foi um formulário do tipo Checklist como roteiro de observação sistematizada e estruturada, com variáveis que contemplam o manejo do cateter venoso periférico, conforme orienta as melhores evidências científicas. Foram observados diariamente o manejo de 114 cateteres inseridos em 58 pacientes. Os dados foram analisados por meio de estatística descritiva e inferencial, com a utilização do software Statistical Package for the Social Science®, e discutidos com base nas melhores evidências científicas. Os resultados evidenciados mostraram que a incidência acumulada global de evento adverso foi de 61,4%. Ocorrem no período médio de 15,4 até 70,6 horas após a inserção do cateter. A média global do tempo de sobrevivência do CVP até a ocorrência dos EA, estimadas pelo método de Kaplan-Meier, foi de 64,1 horas, ou seja, estima-se que o paciente permaneça esse tempo em média, sem apresentar qualquer EA. O principal motivo para a remoção dos cateteres foi eletivo (27,2%), seguido de eventos adversos. Obstrução do cateter e flebite são os eventos adversos mais incidentes, sendo a incidência acumulada global de obstrução do cateter de 26,3%; a de flebite, de 26,3%; e infiltração foi verificada em 16,7%. Dentre os fatores de risco identificados neste estudo que predizem o desfecho dos EA locais, destacaram-se flebite associada com o ato de tocar o local da punção após realizar a antissepsia (p-valor=0,009 do teste χ2; OR 3,5 IC 1,3- 9,1); não aspirar o cateter (p-valor=0,004 do teste χ2; OR 7,0 IC 1,6-31,5); não utilizar máscara na manutenção (p-valor=0,003 do teste χ2), dentre as manutenções que tiveram o uso de máscara em todas as manutenções a incidência de flebite foi 0,0%; e não realizar pressão positiva na lavagem do cateter (p-valor=0,002 do teste χ2; OR 4,2 IC 1,6-10,8). Obstrução se mostrou mais incidente em cateteres inseridos em veias no dorso da mão, com 35,3% dos CVP. A infiltração tem mais chances de ocorrer quando administrado o antimicrobiano Cefazolina (p-valor=0,029 do teste exato de Fisher; OR 4,4 IC 1,2-15,9) e quando o flushing foi forçado (quando havia resistência na permeabilidade do CVP) (p-valor<0,001 do teste χ2; OR 7,4 IC 2,4-22,5). Conclui-se que a prática assistencial dos profissionais de enfermagem no manejo dos cateteres venosos periféricos está fortemente associada com a ocorrência de eventos adversos, que são considerados fatores modificáveis e preveníveis com boas práticas de manejo.Introduction:
The theme of the study is safety in infusional therapy, focusing on local adverse events associated with the practice of handling peripheral venous catheters by the nursing team. The nursing team is one of the main responsible for the practice of infusional therapy, comprising the care pertinent to the practice of insertion and maintenance of peripheral venous catheters, also having a differentiating role in the process of preventing and mitigating the occurrence of incidents and errors arising from this assistance.Study problem:
Is there an association between the occurrence of local adverse events and the handling of peripheral venous catheters? General objective: To analyze the occurrence of adverse events and the association with the management of peripheral venous catheters as recommended by the best scientific evidence; Specific objectives: to describe the handling of peripheral venous catheters in a surgical hospitalization unit; to identify the occurrence of adverse events associated with the use of peripheral venous catheters; and to verify the association between the occurrence of adverse events and the practice of handling peripheral venous catheters.Method:
Observational, quantitative, longitudinal, prospective, and analytical study. The research site was a Federal University Hospital located in the city of Rio de Janeiro. The population consisted of patients admitted to a surgical inpatient unit using a peripheral venous catheter, selected from the established inclusion and exclusion criteria. Data collection instrument was a Checklist type form as a systematic and structured observation script, with variables that contemplate the practice of handling the peripheral venous catheter, as guided by the best scientific evidence. The handling of 114 catheters inserted in 58 patients was observed daily. The handling of 114 catheters inserted in 58 patients was observed daily. The data were analyzed using descriptive and inferential statistics through the Statistical Package for the Social Science® software and discussed based on the best scientific evidence. The evidenced results showed that the general accumulated incidence of adverse event was 61.4%. They occur in the average period of 15.4 to 70.6 hours after insertion of the catheter. The global average of the PVC survival time until the occurrence of the AE, estimated by the Kaplan-Meier method, was 64.1 hours. Then, it is estimated that the patient remains for this time without presenting any AE. The main reason for removing the catheters was elective (27.2%), followed by adverse events. Catheter obstruction and phlebitis are the most incident adverse events, with the general cumulative incidence of catheter obstruction being 26.3%; of phlebitis, it was 26.3%; and the infiltration was observed in 16.7%. Among the risk factors identified in this study that predict the outcome of local AE, the following stand out: phlebitis associated with the act of touching the puncture site after performing antisepsis (p-value = 0.009 of the test χ2; OR 3.5 IC 1 , 3- 9,1); not performing catheter aspiration (p-value = 0.004 of the test χ2; OR 7.0 CI 1.6-31.5); not using a mask for maintenance (p-value = 0.003 of the test χ2), among the maintenance that had the use of a mask in all of them, the incidence of phlebitis was 0.0%; and when the positive pressure technique is not performed when washing the catheter (p-value = 0.002 of the test χ2; OR 4.2 CI 1.6-10.8). The obstruction was more prevalent in catheters inserted in veins on the back of the hand, with 35.3% of PVC. Infiltration is more likely to occur when the antimicrobial Cefazolin is administered (p-value = 0.029 of Fisher’s exact test; OR 4.4 IC 1.2-15.9) and when flushing was forced (when there was resistance in the permeability of the PVC) (p-value <0.001 of the χ2 test; OR 7.4 CI 2.4-22.5). We conclude that the care practice of nursing professionals in the handling of peripheral venous catheters is strongly associated with the occurrence of adverse events, which are considered modifiable and preventable factors through good handling practices.Introducción:
El tema del estudio es la seguridad en la terapia de infusión, enfocándose en los eventos adversos locales asociados al manejo de catéteres venosos periféricos por parte del equipo de enfermería. El equipo de enfermería es uno de los principales responsables de la práctica de la terapia infusional, comprendiendo los cuidados pertinentes a la práctica de inserción y mantenimiento de catéteres venosos periféricos, teniendo además un papel diferenciador en el proceso de prevención y mitigación de la ocurrencia de incidencias y errores derivados de esta asistencia.Problema de estudio:
¿existe relación entre la aparición de eventos adversos locales y el manejo de catéteres venosos periféricos? Objetivo general: Analizar la ocurrencia de eventos adversos y la asociación con el manejo de catéteres venosos periféricos según lo recomendado por la mejor evidencia científica; Objetivos específicos: describir el manejo de catéteres venosos periféricos en una unidad de hospitalización quirúrgica; identificar la ocurrencia de eventos adversos asociados con el uso de catéteres venosos periféricos; y verificar la asociación entre la ocurrencia de eventos adversos y el manejo de catéteres venosos periféricos.Metodología:
Estudio observacional, cuantitativo, longitudinal, prospectivo y analítico. El sitio de investigación fue un Hospital Universitario Federal ubicado en la ciudad de Río de Janeiro. La población estuvo constituida por pacientes ingresados en una unidad de internación quirúrgica mediante catéter venoso periférico, seleccionados a partir de los criterios de inclusión y exclusión establecidos. El instrumento de recolección de datos fue un formulario tipo Lista de verificación como un guión de observación sistemático y estructurado, con variables que contemplan el manejo del catéter venoso periférico, guiado por la mejor evidencia científica. Se observó diariamente el manejo de 114 catéteres insertados en 58 pacientes. Los datos fueron analizados usando estadística descriptiva e inferencial, usando el software Statistical Package for the Social Science®, y discutidos con base en la mejor evidencia científica. Los resultados evidenciados mostraron que la incidencia global acumulada de eventos adversos fue del 61,4%. Ocurren en el período promedio de 15,4 a 70,6 horas después de la inserción del catéter. La media global del tiempo de supervivencia de la PVC hasta la ocurrencia del EA, estimado por el método de Kaplan-Meier, fue de 64,1 horas, es decir, se estima que el paciente permanece en promedio, sin presentar ningún EA. La principal razón para retirar los catéteres fue electiva (27,2%), seguida de los eventos adversos. La obstrucción del catéter y la flebitis son los eventos adversos más incidentes, con una incidencia acumulada global de obstrucción del catéter del 26,3%; el de flebitis, 26,3%; y se observó infiltración en el 16,7%. Entre los factores de riesgo identificados en este estudio que predicen el resultado de EA local, la flebitis asociada al acto de tocar el sitio de punción después de realizar la antisepsia (valor de p = 0,009 de la prueba de χ²; OR 3,5 IC 1 , 3-9,1); no aspirar el catéter (valor p = 0,004 de la prueba de χ²; OR 7,0 IC 1,6-31,5); no usar mascarilla para mantenimiento (valor p = 0,003 de la prueba de χ²), entre los mantenimientos que tuvieron el uso de mascarilla en todo mantenimiento, la incidencia de flebitis fue de 0,0%; y no realizar presión positiva al lavar el catéter (valor p = 0,002 de la prueba de χ²; OR 4,2 IC 1,6-10,8). La obstrucción fue más prevalente en los catéteres insertados en las venas del dorso de la mano, con un 35,3% de PVC. Es más probable que se produzca infiltración cuando se administra el antimicrobiano cefazolina (valor de p = 0,029 de la prueba exacta de Fisher; OR 4,4 IC 1,2-15,9) y cuando el enjuague fue forzado (cuando hubo resistencia en la permeabilidad del CVP) (valor de p <0,001 de la prueba de χ²; OR 7,4 IC 2,4-22,5). Se concluye que la práctica asistencial de los profesionales de enfermería en el manejo de catéteres venosos periféricos está fuertemente asociada a la ocurrencia de eventos adversos, los cuales son considerados factores modificables y prevenibles con buenas prácticas de manejo.
Cateterismo Periférico/efectos adversos, Unidades de Internación, Infusiones Intravenosas/efectos adversos, Estudios Longitudinales, Estudios Prospectivos, Cateterismo Periférico/enfermería, Seguridad del Paciente, Factores de Riesgo, Desinfección de las Manos, Flebitis/complicaciones, Obstrucción del Catéter/efectos adversos, Estimación de Kaplan-Meier, Enfermeras Practicantes/psicología