Artroplastia total de quadril em idosos: dificuldades relacionadas ao pós-operatório

Publication year: 2017

Introdução:

Artroplastia Total de Quadril é a substituição da articulação do quadril por prótese, sendo indicada para o tratamento de comprometimentos importantes na articulação coxofemoral.

Objetivos:

identificar as informações para o pós-operatório e reabilitação de idosos submetidos à Artroplastia Total de Quadril e apontar as dificuldades para implementá-las após a alta hospitalar.

Metodologia:

estudo observacional, transversal, de abordagem quantitativa. Os dados foram coletados com 159 participantes com idade igual ou superior a 60 anos, durante a primeira consulta pós-operatória, 14 a 21 dias após a alta, no Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia Jamil Haddad, localizado no município do Rio de Janeiro. Realizada entre fevereiro de 2016 e fevereiro de 2017, através da aplicação de um checklist elaborado a partir de revisão integrativa de literatura. Foi realizada uma busca em bases de dados e foram encontrados 101 artigos que continham informações sobre a temática.

Resultados:

foi possível concluir que a faixa etária predominante em ambos os gêneros foi de 60 a 69 anos, 94 participantes são do gênero feminino, 63.29% são casados e 50.31% não possuem ensino fundamental. A maior frequência para a indicação de Artroplastia Total de Quadril é a coxartrose seguida de fratura de colo de fêmur. O maior período de tempo de cirurgia é compreendido entre 3 horas e 4 horas e 59 minutos, o tempo de internação pré-operatória para a maioria está entre 1 a 5 dias, e após a cirurgia é de 5 dias. A comorbidade de maior incidência é a hipertensão arterial sistêmica.

Intercorrências e complicações:

transfusão sanguínea, dor aguda, desorientação, sinais flogísticos em ferida operatória, dismetria, infecção em ferida operatória e hiperemia em região glútea.

No check list foram analisadas as dificuldades em relação a locomoção com a andador e muletas:

não adaptação, dificuldades para deambular, medo de queda, déficit no treinamento e incômodo ou dor nos braços.

Uso de triângulo abdutor ou travesseiro:

irritação na pele, incômodo para dormir e não adaptação.

Sentar em local rígido e não se sentar em locais baixo:

dores na coluna, a preferência por permanecerem sentados, dificuldades em elevar a altura do vaso sanitário, necessidade de elevação da altura da cama e uma parte dos participantes não se recordam desta informação.

Curativo de ferida:

o auxílio para a manutenção do curativo para a grande maioria dos participantes, o medo em participar do cuidado, a utilização somente de água e sabão de coco, e alguns não compreenderam as orientações.

Retorno ao trabalho ou atividades:

medo e insegurança. Não girar o corpo, não fazer rotação com o membro operado e não cruzar as pernas: dificuldades para dormir em posição dorsal ou ventral, dores na coluna devido posição e alguns se esqueceram, não compreendem ou não se recordam de terem recebido estas informações.

Sinais de trombose venosa profunda:

dificuldades em realizar os exercícios de prevenção e alguns não compreenderam esta informação durante o período de internação.

Exercícios orientados pela Fisioterapia:

dificuldades na realização ou dor limitante durante os exercícios, alguns se esqueceram da necessidade.

Administração de medicamentos:

dependência de auxílio da família para seguirem os horários e a medicação correta. Ressaltaram também que algumas orientações foram fornecidas somente aos acompanhantes e não direcionadas também aos pacientes.

Retorno a unidade diante de qualquer complicação:

dificuldades no transporte de urgência até a unidade e relataram também que não foram esclarecidas em quais circunstâncias eles deveriam retornar a unidade.

Necessidade de adaptação da casa após a cirurgia:

alterações de móveis, mudança de residência por presença de animais domésticos, difícil localização ou por residirem sozinhos, troca de pisos para antiderrapante, alteração na limpeza na residência, retirada de tapetes e colocação de barras de segurança no banheiro e alteração no vaso sanitário.

Conclusão:

as dificuldades apresentadas neste estudo devem ser valorizadas por toda a equipe assistencial interdisciplinar, para que assim a assistência ao paciente idosos submetido a Artroplastia Total de Quadril e o reforço das informações, sejam direcionados para as dificuldades relatadas pelos próprios pacientes. Mesmo tento sido acompanhado e devidamente informados, apresentam grandes limitações para a execução dos cuidados propostos para o domicílio, ou por não terem sido devidamente compreendidos, treinados ou adequados à sua realidade. E que a assistência ao paciente idoso submetido à cirurgia ortopédica seja da maior qualidade e segurança possível, reduzindo morbidade e mortalidade nesse grupo.

Introduction:

Total Hip Arthroplasty is the replacement of the hip joint by prosthesis, being indicated for the treatment of important compromises in the hip joint.

Objectives:

To identify the information for the post- operative and rehabilitation of elderly patients submitted to Total Hip Arthroplasty and to point out the difficulties to implement them after hospital discharge.

Methodology:

observational, transversal study, with a quantitative approach. Data were collected with 159 participants aged 60 years or older, during the first postoperative visit, 14 to 21 days after discharge, at the Jamil Haddad National Institute of Traumatology and Orthopedics, located in the city of Rio de Janeiro. Held between February 2016 and February 2017, through the application of a checklist elaborated from an integrative literature review. A database search was carried out and 101 articles containing information on the subject were found.

Results:

it was possible to conclude that the predominant age group in both genders was from 60 to 69 years, 94 participants are female, 63.29% are married and 50.31% do not have elementary education. The highest frequency for the indication of Total Hip Arthroplasty is coxarthrosis followed by a femoral neck fracture. The longest surgery time is between 3 hours and 4 hours and 59 minutes, the preoperative time for most is between 1 to 5 days, and after surgery is 5 days. The most frequent comorbidity is systemic arterial hypertension.

Intercurrences and complications:

blood transfusion, acute pain, disorientation, phlogistic signs in operative wound, dysmetria, infection in operative wound and hyperemia in the gluteal region.

In the checklist we analyzed the difficulties in relation to the locomotion with the walker and crutches:

no adaptation, difficulties to walk, fear of falling, lack of training and discomfort or pain in the arms.

Use of abductor triangle or pillow:

irritation in the skin, uncomfortable to sleep and no adaptation.

Sit in a hard place and do not sit in low places:

pains in the spine, preference to remain seated, difficulties in raising the height of the toilet, need to raise the height of the bed and some of the participants do not remember this information.

Beware of wound:

the aid to maintain the dressing for the great majority of the participants, the fear of participating in the care, the use of only coconut soap and water, and some did not understand the guidelines.

Return to work or activities:

fear and insecurity. Do not rotate the body, do not rotate with the limb operated and do not cross the legs: difficulty sleeping in the back or ventral, pain in the spine due position and some have forgotten, do not understand or can not remember receiving this information.

Signs of deep venous thrombosis:

difficulties in performing the prevention exercises and some did not understand this information during the period of hospitalization. Physiotherapy-oriented exercises: difficulties in achieving or limiting pain during the exercises, some have forgotten the need.

Medication administration:

dependence on the family’s help to follow the schedule and the correct medication. They also emphasized that some guidelines were given only to the companions and not directed also to the patients.

Return to the unit in the face of any complication:

difficulties in the transportation of urgency to the unit and also reported that they were not clarified under what circumstances they should return the unit.

Need to adapt the house after surgery:

changes of furniture, relocation due to the presence of domestic animals, difficult location or by residing alone, changing floors to anti-slip, alteration in cleaning at home, removal of carpets and placement of bars security in the bathroom and change in the toilet.

Conclusion:

The difficulties presented in this study should be valued by the entire interdisciplinary care team, so that the assistance to the elderly patient submitted to Total Hip Arthroplasty and the reinforcement of the information, are directed to the difficulties reported by the patients themselves. Even if I have been accompanied and properly informed, they present great limitations for the execution of the proposed care for the home, or because they were not properly understood, trained or adequate to their reality. And that assistance to the elderly patient submitted to orthopedic surgery is of the highest quality and possible safety, reducing morbidity and mortality in this group.